Há 60 dias, os contratos de exportações de café voavam em céu de brigadeiro. Perspectivas eram, no mínimo, de se repetir 2019 (ano civil): 40,6 milhões de sacas (de 60 kg). Era o ambiente no Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Todavia, nesta quarta (16/09), matéria da Agência Bloomberg, canal de elevada credibilidade em commodities agrícolas, deu outro panorama. Há um colapso na capacidade de armazenagem. E, portanto, prevalece apreensão entre as trading companies – exportadoras. Caminhões esperam até 15 dias para descarregar café em armazéns.
A projeção de chegar ao volume dos embarques em 2020 era do presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes, ao Valor Econômico, em 13/07. Isso apesar de, no 1osemestre, as remessas terem somado 19,6 milhões de sacas, portanto, uma queda de 3,8% sobre 1S19.
Mas, observava que dentro do ciclo da safra 2019/20, a commodity registrou retração, de 3,6%, com 39,9 milhões de sacas. Isso, porém, por conta da bienalidade de baixa na colheita do tipo arábica – produz bem uma safra a outra não.
Carvalhaes, contudo, não quis cravar projeção para safra 2020/21, que estava em 50% e exibia tendência de “ser farta e de alta qualidade”. Salientava, contudo, que não havia aposta unânime de recorde entre os cafeicultores.
A recessão mundial, causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), impôs retração no consumo de café em nichos importantes: hotéis, restaurantes e cafeterias. Mas, em contrapartida, teria havido incremento no consumo doméstico.
De qualquer forma, o presidente do Cecafé, traçava expectativa positiva com a “reabertura paulatina” da economia mundial. Portanto, um cenário nem tão desastroso.
Mas, hoje (16/09), o horizonte visto pelo presidente do Cecafé foi soterrado pela Bloomberg. O respeitado canal, tratou do esgotamento capacidade brasileira de armazenagem. Além disso, a coincidência com a queda no consumo, por conta da quarentena, e uma “boa safra”.
Em Franca (SP), importante centro de comércio do café, a Dínamo Inter-Agrícola (DAG-Dínamo) teria chegado no limite de estocagem. E, portanto, passou a conviver com fila de espera de até 90 caminhões para descarregar. O dobro de veículos parados em relação ao dia 14.
Luiz Alberto Azevedo Levy Junior, um dos diretores da Dínamo, disse à Bloomberg, diz que a espera pode ser três dias. Dinamo tem unidades também em Machado (MG) e no Porto de Santos (SP).
Essa situação em outros centros de armazenagem de café por São Paulo e Minas Gerais. Os principais fatores seriam:
Na corrida pela venda antecipada, os cafeicultores teriam negociado 60% da safra. A previsão da RR Consultoria Rural é de que serão colhidas 68,1 milhões de sacas. Então, em função desse conjunto de fatores, a Bloomberg prevê alta de 18% nos estoques mundiais na safra 2020/21.
Problemas de logística, de acordo com o presidente da Empresa Interagrícola S.A., Carlos Alberto Fernandes Santana, causam quedas nos embarques. Isso começou em julho.
O presidente a Cooperativa Minasul, José Marcos Magalhães, de Varginha (MG), admitia queda de 20% nos embarques programados para este mês.
A Minasul administrava atrasos de duas semanas na retirada do café estocado e vendido. Para agravar, recebe solicitação dos exportadores para dilatar o prazo semana para efetivar.
Isso, portanto, teria paralisado os novos contratos, exceto empresa que apresente “capacidade de estoque para mais de dez ou 12 dias”, diz o presidente da Minasul.
O cenário deverá ficará mais claro na terça (22/09). Naquele dia, a companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apresentará o 3oLevantamento da Safra do Café 2020. Na primeira semana de agosto, a Conab estimou em 13,1 milhões de sacas de café (87% do tipo arábica) estocadas pelo setor privado em diversas partes do país. A Conab é uma estatal do Ministério da Agricultura.
No 1oLevantamento, em janeiro, a previsão era para uma safra entre 57,2 milhões e 62 milhões de sacas de café. A “Safras & Colheitas”, estimava semanal, informava que, até 4 de agosto, as lavouras haviam colhido 84%, ou seja, acima de 57 milhões de sacas.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) explica como funciona, usando o ano de 2016: “Diferente de outras culturas, para o café a safra corresponde à safra comercial, não agrícola. Exemplo: Safra atual de café = safra 2016/17, ou seja, este café vai ser colhido em meados de 2016 e vai ser comercializado no segundo semestre de 2016 e o primeiro semestre de 2017″.
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