Ou o mosaico do Lula-3 rejuntado por Luiz Carlos Azedo, em tratado com pizza.
Acabo de reler uma das análises mais sensatas de bastidores da política nacional. Amarra acordos e contas em eleições. Mas tem o fundamental: demostra, com outro olhar, que São Paulo continua muito mais que a máquina do business do país. É a própria vida do país. Infelizmente, tocada por acordos e tratados de agentes da pior era de políticos do país.
Azedo joga tinta em tela branca para um jantar paulistano (sem inundação para os convidados), no 27 de janeiro passado. Em aquarela tropical, de cores bem definidas, mostra que a política não é “como ela é”. Mesmo se rendendo aos estigmatismos “esquerda” e “direita” (que nunca foram ideologias políticas), o recado foi meticulosamente fatiado.
Até o poste da Enel Distribuição São Paulo, em frente, entendeu o porquê da fatia menor. Não reclamou.
No fundo, as bandas dessa pobreza de bipolarização apenas dividem a turma da política atual do poder daquela quer retornar por cima. As duas jantaram juntas em escândalos passados. Se lambuzaram fartamente, mostrou a Operação Lava Jato.
Lula, propagado e dito de “esquerda”, é prisioneiro da dita “direita”. E sabe que não tem bala um grito de independência. Isso seria o mesmo que renunciar ao sonho de continuar segurando a lata marmelada. E disso, o PT não abre mão.
A pizza noturna do 27, foi avant première de beija-mão ao atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Com apagão da Enel ausente, Azedo avistou, no entorno daquela mesa, a nata da dita “direita”. Aquela que soube reescrever o tratado velho e calçar uma reta para 2026.
Motta não estava eleito de fato. Mesmo assim, distribuiu sorriso de um futuro poderoso desta República esplêndida. O político paraibano, entretanto, foi avisado que não seria a atração da noite. Apenas decorava. E, na raiz da “política como ela é”, não terá todos os holofotes do antecessor e padrinho Arthur Lira (PP-AL). No sábado (01/02), portanto, por conta das tramas, sentou-se em cadeira de porteiro (no sentido figurado; todo respeito à categoria).
O padrinho de Motta, entre garfadas e goles virtuais de uma 51 especial, respirava distante. Mordia a calabresa, mas sentia no beiço o gosto dos acordos de gaveta que obrigam Lula fazê-lo ministro. Antes do Carnaval chegar. Essa a compensação do velho tratado franciscano da política: “é dando que se recebe”.
Com cacos do mosaico Lula-3 quebrado, Azedo, nas entrelinhas, mostra o petista, cada vez mais, honorífico: no papel presidente de honra do PT. E só. Pois, perdeu bem mais que as eleições municipais de 2024. E foi lavada nacional, de cabo a rabo.
O PT, puxando candidato próprio, assumiu apenas uma Capital. Mas Natal (RN) não pintou no tempero da comilança da dita “direita”. Além disso, os aromatizantes da pizza saíram da horta de caciques do pedaço. Gilberto Kassab, presidente do PSD e secretário do Governo de São Paulo, e o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), os chefs. Ninguém duvidou.
A reeleição do prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MBD), brindou Kassab e Tarcísio com uma derrota que doeu profundamente na cabeça de Lula. O presidente apadrinhou Guilherme Boulos (PSOL), por conta de um acordo cego. Kassab emergiu dos boletins das urnas do TSE a namoradinha nacional.
Kassab, o novo senhor dos anéis; 2026 mais distante para Lula
“A conta da derrota de Boulos chegou para Lula”. Assim Azedo titulou, no Correio Braziliense, sua coluna, de 29/01. Surtiu com lapadas para o antes de 2024, o durante a campanha e o pós-outubro. Fato claro embasa a leitura: as urnas abandonaram Lula. Largaram o petista em escuridão brasiliense, numa encruzilhada oitavada e sem sinalização.
De saideira na pizza para o Motta, a pesquisa afundando a popularidade o chefe do Planalto. Os índices embaciaram a água da raia 13 para 2026. A “conta” vai além dos milhões que o PT perdeu (nem tudo do seu caixa) com as fichas em Boulos. O ônus político futuro, todavia, supera o custo per capita dos votos amealhados apontados.
Mas, política não é “como ela é”. Então, sem surpresas, um tratado fisiológico petista surgirá por cima da pizza paulistana.
Luiz Carlos Azedo ofereceu um olhar sereno. E fez bem, quando necessário, a linha machadiana. Soube colocar ponto final em meio de parágrafo e, ainda assim, seguir sem atrapalhar o princípio, o meio e fim para o entendimento do jogo político. Gostem ou não os petistas, resenhou uma pelada com bola de meia rota. Detalhe: lances de Lula e PT, por vezes, em lados opostos.
Com muitas cores partidárias, Motta recebeu 444 votos (contando o próprio). O acordo fisiológico assegurou 86,54% do apoio (entre aspas) dos 513 deputados. Não apoiaram o PSOL (do Boulos) e Novo.
O tratado da pizzaria paulistana será, portanto, rascunho para muita negociata até outubro de 2026. Logo ali…
Leia a íntegra de “A conta da derrota de Boulos chegou para Lula”.
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