Além de criar o auxílio emergencial para pobres na pandemia, a Assembleia Legislativa de Minas decidiu lançar campanha para defender a medida atacada de maneira preconceituosa por Zema. Após tentar chamar de seu, o governador fez uma manifestação sobre o assunto, marcada por ataques e contradições, na segunda (4), que foram da reprovação à celebração.
O que disse o governador perante a imprensa ao detalhar o pagamento do socorro de R$ 600,00? “Nós sabemos que, infelizmente, muitas pessoas ao receberem esse dinheiro não fazem uso adequado do mesmo, vão para o bar, para o boteco, e ali já deixam uma boa parte ou quase a totalidade do que receberam. Então, se ele [auxílio] fosse pago de forma parcelada, muito provavelmente a sua efetividade social teria sido maior”, reprovou Romeu Zema.
Já no site do governo, a fala foi censurada e a manifestação foi de celebração. “A Assembleia Legislativa foi muito feliz em aprovar esta lei que destina este auxílio emergencial mineiro e nós fomos muito austeros para conseguirmos pagar este valor. O que queremos e estamos trabalhando é para a solução definitiva, que se chama emprego”, pontou o neoliberal governador, transferindo a solução da pobreza ao liberalismo econômico e ao mercado.
Ao ser questionado sobre a bipolaridade de manifestações, o governo não quis comentar. Cerca de cinco meses atrás, um dia antes da votação da Assembleia que criava o benefício social, no dia 30 de abril, Zema pulou na frente e tentou se apropriar da iniciativa. Ele chegou a anunciar nas redes sociais que daria auxílio de R$ 500,00 a famílias de baixa renda na pandemia. “Apoiar as famílias que mais precisam é urgente. Por isso, vamos pagar um auxílio de R$ 500, em parcela única, para aqueles que estão em situação de extrema pobreza (renda per capita de R$ 89)”, disse o governador.
À época, a reação e crítica foram imediatas. “Ele se apropriou de um projeto da Assembleia. É um cara de pau, mentiroso, Zenóquio, Zemoleza”, xingou o deputado Ulysses Gomes (PT), líder da Minoria na Assembleia. Além das críticas, os deputados elevaram o valor do auxílio criado por eles a R$ 600,00.
Ao comentar a situação, o líder da oposição, deputado André Quintão (PT), elogiou a iniciativa da Assembleia, que aprovou o benefício, e, ao mesmo tempo, condenou as falas de Zema. “Cumprimento Agostinho Patrus (PV) e todos os parlamentares. Tivemos coragem de avançar para um programa de complementação de renda”. E ainda criticou: “Zema disse que a parcela ia ser usada para pessoas gastarem em botecos, revelando preconceito contra os pobres e desconhecimento de como os recursos são usados desde a instituição do Bolsa Família”.
Contra a ambiguidade oficial, a Assembleia Legislativa lançou, nesta quinta (7), campanha para divulgar e defender o socorro às famílias de baixa renda e a titularidade da iniciativa. A parcela única do auxílio será paga a partir do dia 14 de outubro, beneficiando mais de um milhão de famílias vulneráveis.
“Quando elaboramos o auxílio de R$ 600, tivemos a sensibilidade de considerar as necessidades mínimas de uma família cuja renda é de R$ 89, por mês, por pessoa. São pessoas dignas que, enquanto buscam oportunidades e emprego, precisam de comida no prato”, justificou o presidente da Assembleia, deputado Agostinho Patrus (PV).
“O Força-Família (nome do auxílio) foi criado exatamente a partir do entendimento unânime de deputadas e deputados de que precisamos amparar as famílias mineiras. É uma ação urgente. Muitos sofrem com a fome, o desemprego e a pobreza”, defendeu.
O auxílio emergencial Força-Família foi criado dentro de outro projeto da Assembleia, o Recomeça Minas, que focou outro impacto da pandemia em favor da retomada da economia.
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