Bolívia sempre atravessou o caminho do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desde a posse de Evo Morales, em janeiro de 2006. As revelações do ex-presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro, (ex-amigo de Lula), trazidas pela “Folha de S.Paulo”, nesta segunda (16/09), são apenas um episódio. Disse que teve de assumir obra deficitária, em solo boliviano, em 2007, por pressão de Lula. O empreiteiro revelou isso, conta o jornal, em delação dentro dos processos de casos de corrupção investigados na Operação Lava Jato.
Léo Pinheiro teria relatado que, em 2007, Lula o convencera a assumir uma obra da Queiroz Galvão, na qual Evo exigia reparos. O ex-presidente teria dito que o impasse poderia gerar “riscos diplomáticos” para o lado brasileiro. O empreiteiro informou ter ouvido do chefe do Planalto que a situação era emergencial, pois, a obra parada gerava protestos. Lula acenara, então, com uma compensação em outros projetos na Bolívia, onde o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fosse financiador.
Mas o relato do empreiteiro não é o mais simbólico dos episódios da era petista com Evo. Houve uma “traição” daquele bolivariano, como parte dos eventos que marcaram seu 100º dia de Governo. No 1º de maio de 2006, enquanto Lula rezava, na Missa do Trabalhador, em São Bernardo do Campo (SP), o boliviano, tocou seu Exército para dentro das duas refinarias da Petrobras. Confiscou campos e refinarias da estatal brasileira.
Dois anos antes, em 2004, pessoalmente, em La Paz, Lula perdoou dívida de US$ 52 milhões da Bolívia com o Brasil. Então, esse gesto, aliado ao apoio ao movimento dos ditos países “bolivarianos”, gerou nos petistas o sentimento da “traição” de Evo. Porém, ao assumir a Presidência, o líder cocaleiro acenou que levaria adiante a promessa de campanha, de nacionalizar os recursos naturais. A Petrobras era o maior empreendimento na Bolívia: US$ 1 bilhão investidos e responsável por 15% do PIB. Isso, contando com o gasoduto Gasbol, que despachava 74% do consumo de gás natural do mercado brasileiro.
Pois bem. Evo invadiu as instalações da Petrobras. E, de dentro do maior campo de gás do país, San Alberto, assinou o decreto de nacionalização de O&G. Assumiu o controle da Petrobras e deu prazo de 180 dias para todas empresas estrangeiras contrariadas abandonar o país. Na mesma canetada, elevou de 52% para 80% a taxação no gás exportado. Dois dias após o confisco, Lula reconheceu legitimidade no ato da Bolívia. “A decisão do governo boliviano de nacionalizar as riquezas de seu subsolo e controlar sua industrialização, transporte e comercialização, é reconhecida pelo Brasil como ato inerente à sua soberania”, atestou nota do Palácio do Planalto.
De início, a Bolívia nada pagaria. Pois, nas contas de Evo, a estatal teria lucrado US$ 320 milhões a mais que o previsto na legislação. O valor seria, ainda, bem superior ao pago pelas instalações – máximo de US$ 250 milhões. Depois concordou em desembolsar US$ 112 milhões em duas parcelas iguais.
O Brasil era dependente do gás da Bolívia. Evo, assessorado pelos irmãos Castro (Cuba) e o venezuelano Hugo Chávez, o guru bolivariano dos governos populista, nas Américas do Sul e Central, soube tirar partido da proximidade desejada por Lula com eles.
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Só por isso, esse vagabundo não deveria sair da cadeia antes dos próximos 30 anos.