Já foi dito pelo brilhante jornalista Elio Gaspari (Folha de SP, 24/8/24) que o bolsonarismo não existe e que ele só ganha força onde há o PT. Trocando em miúdos, o que existe, de fato, é o petismo e o antipetismo. Tem sido assim há cerca de 35 anos, desde que Lula surgiu e se consolidou como a principal liderança política do país. Em 89, ele ficou em segundo lugar na primeira eleição presidencial após a ditadura; teve resultado semelhante nas duas eleições consecutivas, ficando atrás do tucano Fernando Henrique. Em 2002, venceu os mesmos tucanos e o PT ficou no poder até a presidente Dilma Rousseff (PT) ser derrubada por um golpe parlamentar.
Foram quatorze anos do petismo, colecionando seguidores de um lado e antipetistas do outro lado. Quando encarnou o antipetismo, o tucano Aécio Neves obteve mais de 50 milhões de votos, em 2014, contra Dilma, mas não foi suficiente. Hoje, ele se esforça para ter 90 mil votos e sobreviver como deputado federal. Os 51 milhões de votos não eram dele, mas do antipetismo.
Ao desembarcar em BH no próximo dia 5, o ex-presidente Bolsonaro vai se deparar com a situação atual do Rio de Janeiro. Mesmo sendo sua principal base eleitoral, o candidato dele, Alexandre Ramagem (PL), amarga um baixo desempenho diante do líder Eduardo Paes (MDB). Como lá, aqui, em BH, não há um petista competitivo, razão pela qual Bolsonaro não tem a quem atacar. Nem mesmo a Lula, que não está frequentando a capital mineira.
Já em São Paulo, Bolsonaro foi aconselhado pelo próprio filho, Carlos, a não brigar com o candidato do PRTB, Pablo Marçal, que encarna um bolsonarismo radical. O estilo de Marçal está ameaçando o candidato oficial do ex-presidente, Ricardo Nunes, atual prefeito e candidato à reeleição pelo MDB. Na capital paulista, o esquerdista e lulista, Guilherme Boulos (PSOL), que lidera as pesquisas, acende o eleitorado bolsonarista.
Em Belo Horizonte, o candidato bolsonarista Bruno Engler (PL) está posicionado na casa dos 10% em empate técnico generalizado no 2º lugar e se esforça para ir ao segundo turno. Está alguns pontos acima do candidato do PT, Rogério Correia, numa situação de empate técnico. Na campanha de TV, o candidato do PL e seu padrinho parecem desconectados. Bolsonaro chegou a mandar abraço para Minas Gerais em uma campanha que é BH.
Içado à liderança nas pesquisas por conta da TV, onde foi apresentador por 16 anos, o candidato a prefeito de BH, Mauro Tramonte (Republicanos), despreza a TV como recurso de campanha.
Talvez, pelo curto tempo, de apenas 29 segundos, Tramonte não aplicou o que aprendeu em seus programas de TV. Faz um programa de baixa qualidade e diz que seu trunfo é o corpo a corpo, o contato direto com o povo.
Suas redes sociais também não são ativas. Seu discurso como o de Bruno Engler (PL) soa velho quando dizem que vão “governar com o povo”. Duda Salabert (PDT) também esbarra em algo superado, quando nega a política, afirmando que não faz acordos políticos.
De todos, Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT) foram mais assertivos. Sem reinventar a roda, Rogério fez um programa para os petistas, vinculou-se ao presidente Lula e exibiu sua relação com a capital, onde nasceu. Sem o apoio do ex-prefeito Alexandre Kalil (ex-PSD), Fuad está focando apenas seus dois anos de gestão.
Gabriel Azevedo (MDB) tirou o foco de Fuad e o colocou no principal adversário de todos, que é Tramonte, com indiretas para o padrinho político dele (Kalil).
Tramonte se consolidou na liderança com o apoio de Kalil, especialmente na periferia. O governador Zema e seu partido não transferem votos. Os candidatos a vereador do Novo, por exemplo, só pedem votos para si, ignorando quaisquer ligações com o candidato de Kalil.
Nesta terça (3), candidatos e candidatas à Prefeitura de BH voltam a se enfrentar no segundo debate entre eles. Desta vez, às 22 horas desta terça (3) pela Rede Minas. Fuad Noman deverá ser a única ausência. Sua assessoria diz que há outro compromisso agendado. À TV Minas, alguém informou que Fuad teria ficado impactado com as agressões e ataques de rivais, em especial de Gabriel Azevedo, candidato do MDB, no debate da TV Band e que, por isso, iria se poupar. Não ficou claro se a decisão valerá para outros três debates agendados: Alterosa, Record e Globo. Na Rede Minas, haverá uma cadeira vazia com o nome dele, e os rivais deverão explorar e chamá-lo de ‘fujão’. A baixa audiência do horário e a participação dos outros nove candidatos e candidatas favoreceram a decisão do prefeito. Seja o que for, será também um tiro no pé ou loucura de alguém que reconhece que precisa ficar mais conhecido.
Zema superou as divergências e se uniu a Kalil na eleição de BH e, na gestão administrativa, se uniu a Lula e fez acordo pela dívida.
(*) Publicado no Jornal Estado de Minas
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