Política

Bolsonaro força gasolina mais barata para reduzir sua rejeição

Mesmo que negue, o governo Bolsonaro só age de olho nas pesquisas, que, para os seguidores, contesta como faz com as urnas eletrônicas e a justiça eleitoral. Por isso, faz de tudo para baixar os preços, especialmente dos combustíveis para marcar ponto a seu favor e melhor a sensação diante da convicção de que a economia ruiu.

Como disse o novo presidente da Associação Mineira dos Municípios, prefeito Marcos Vinicius Bizarro, é desespero eleitoral, com risco de quebrar o país. Na mesma linha, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, comparou a medida a “extrema irresponsabilidade”.

Ao contrário dos prefeitos, que sofrerão com a mudança no ICMS dos combustíveis uma queda de receita de mais R$ 27 bilhões por ano. Os Estados perderão cerca de R$ 100 bilhões.

Bolsonaro quer, como propõe, zerar o ICMS do diesel e do gás de cozinha, além de reduzir o imposto da gasolina, álcool, energia elétrica, entre outros, para 17%. A discussão é importante e deveria ter sido feita durante todo o governo, mas Bolsonaro quer adotar essas medidas somente agora, com validade apenas para o período eleitoral.

Evitar risco de derrota

E as razões são conhecidas. De acordo com pesquisa do instituto mineiro Quaest, divulgada nesta quarta (8), em todo o país, a péssima percepção do eleitor sobre a situação econômica atual. Isso ajuda a entender porque Bolsonaro está perdendo para Lula. Ou seja, para 44% dos brasileiros, a economia é o principal problema enfrentado pelo país atualmente.

A inflação passou a ser o principal fator de preocupação do eleitor brasileiro. Em setembro do ano passado, só 6% diziam que a inflação era o principal problema do país. Hoje, são 23%. Para 57% dos brasileiros, está ficando mais difícil pagar as contas nos últimos meses.

E 63% dizem que a economia brasileira piorou no último ano. Tudo isso ajuda a explicar por que o governo está tentando de tudo para diminuir a pressão inflacionária criada pelo aumento dos combustíveis.

Transferir a responsabilidade

O que Bolsonaro quer com as medidas é tirar de seu colo a responsabilidade pelo problema e transferir para os senadores e govenadores. A mesma pesquisa aponta que, hoje, Bolsonaro é o principal responsável pelo aumento nos preços dos combustíveis (passou de 24% para 28% em dois meses).

De acordo com o placar geral da pesquisa, Lula subiu um ponto e foi a 47% e Bolsonaro caiu dois e está com 29% neste mês em relação ao mês passado. A sondagem foi realizada entre os dias 2 e 5 de junho, com 2.000 entrevistas presenciais domiciliares em 120 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais com 95% de nível de confiabilidade. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-03552/2022.

Dia triste para a Imprensa

A terça-feira (7) foi um dia triste quando deveria ser de comemoração pelo Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, que é, diariamente, atacada por muitos, especialmente por Bolsonaro. A tristeza não é apenas por conta dessa realidade que tenta afetar o direito constitucional e o dever de jornalistas exercerem com liberdade sua função. Além do direito de as pessoas se informarem corretamente, especialmente, quando a disseminação de fake News também ameaça esse direito.

A tragédia ficou por conta do desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Até agora, as autoridades pouco se movimentaram e não deram respostas adequadas, compatíveis com o risco. É mais um sinal de desrespeito à vida e à dignidade que se alastra por todo o país, como vimos na execução em Sergipe, onde um rapaz foi asfixiado dentro de um camburão. Logo da Rodoviária Federal, que não tinha histórico de agressão e repressão.

Escalada de violência

Como assistimos também na escalada de agressão às mulheres e às instituições democráticas. Tristemente, o Brasil ocupa uma posição ruim no ranking mundial de Liberdade de Imprensa. De acordo com a organização Repórteres sem Fronteiras, dos 180 países avaliados, o país está a 110ª posição, informa o site Migalhas.

A categoria também tem sido vítima de violência crescente. Em 2021, foram 145 casos de violência não letal contra jornalistas. Ao todo, 230 profissionais de imprensa e veículos de comunicação foram alvo de violência no ano passado – uma alta de 21,69% em relação a 2020.

LEIA MAIS: Veja como a polarização entre Lula e Bolsonaro ganhou caráter social

Orion Teixeira

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