O presidente Jair Bolsonaro decidiu lançar uma campanha para que o eleitor não vote, nas eleições municipais deste ano, em candidato (prefeito ou vereador) que usar recursos do fundo eleitoral. Pode parecer contraditório, já que o fundo, de R$ 2 bilhões, para existir, precisa ser sancionado pelo presidente.
Boa parte dos recursos, entretanto, vai beneficiar alguns de seus principais adversários: candidatos do PT e também do PSL, partido pelo qual Bolsonaro foi eleito, mas abandou recentemente.
“Terei um momento difícil pela frente. A questão dos R$ 2 bilhões do fundão [fundo eleitoral]. Lanço a campanha aqui: não vote em parlamentar que recebe fundão”, afirmou o presidente durante inauguração do novo pronto socorro da Santa Casa de Misericórdia de Santos, no litoral paulista.
Bolsonaro, para não comprar mais briga com o Congresso Nacional, vai sancionar o fundo eleitoral de R$ 2 bilhões, Tem argumentado, entretanto, que precisa fazê-lo para não correr o risco de sofrer um processo de impeachment.
Quem entende do riscado alega que essa possibilidade não existe. Portanto, o presidente estaria simplesmente buscando um álibi para justificar a sanção, uma vez que uma parcela considerável do seu eleitorado critica o uso de recursos públicos para financiar campanhas eleitorais.
Acontece que os partidos que mais vão receber recursos do fundo eleitoral são o PT e o PSL, uma vez que elegeram as maiores bancadas de deputado federal, principal critério para a divisão do bolo desse fundão.
Vitória de petistas, especialmente se candidatos a prefeito, reforçará o capital político do PT para a eleição presidencial de 2022; e vitória de candidatos do PSL vai dar mais fôlego para o deputado federal Luciano Bivar (PE), o presidente nacional da legenda, que Bolsonaro não quer ver nem pintado a ouro.
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