As atenções políticas estão todas voltadas para as articulações pelas eleições estaduais e presidenciais, mas uma dessas movimentações atingirá diretamente os belo-horizontinos. Eles vão mudar de prefeito a partir de abril. Ninguém mais alimenta dúvidas de que o atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD), não irá deixar a prefeitura até o dia 2 de abril. Essa é uma exigência da legislação eleitoral a quem ocupa cargo público e pretende disputar as eleições para outro posto, no caso de governador.
Sendo assim, a partir dessa data, o novo prefeito será o atual vice, Fuad Noman (PSD), um administrador e economista desconhecido da maioria dos moradores da capital. Como o atual prefeito, tem descendência síria. Fuad tem experiência administrativa na área pública, iniciada nos anos 90, quando os tucanos chegaram ao poder no Governo federal. Em Minas, foi secretário da Fazenda, depois dos Transportes, entre outros, no governo Aécio Neves e de Antonio Anastasia (2003/2010).
Em 2016, virou secretário da fazenda do primeiro mandato do prefeito Kalil e, em 2020, foi eleito vice-prefeito dele já com essa missão de tornar-se prefeito a partir da saída do titular. Após se reeleger, Kalil começou a planejar a disputa pelo cargo de governador.
Ao contrário da Kalil, o técnico Fuad tem até mais jeito para a política e nunca incorporou o estilo do atual prefeito de ‘apolítico’. É mais do diálogo, tem boa interlocução e é mais equilibrado e sensato politicamente do que o titular. Seu primeiro desafio será recompor a relação política com a Câmara de Vereadores.
Não deverá ter dificuldades, além das normais, nessa primeira missão de reconstruir uma linha de entendimento e convivência. Aliás, ele já tem feito esse trabalho, mas a presença de Kalil no cargo ainda traz instabilidade junto aos vereadores, incluindo a presidente da Câmara, Nely Aquino (Podemos).
Eles romperam com o prefeito e têm, com ele, um estresse de difícil pacificação. Se Kalil, por alguma razão, não sair, a radicalização dos confrontos seria inevitável. De acordo com o líder do governo na Câmara, Léo Burguês (União Brasil), a mudança vai ser benéfica na relação entre os Poderes. “O elemento político-eleitoral vai sair quando Kalil deixar a PBH”, observou.
Por isso, os vereadores ainda tentam emplacar mais duas CPIs para desgastar Kalil e deixar Fuad emparedado, buscando até mesmo mexer na futura composição de seu secretariado. Para apagar os incêndios com a Câmara, o futuro prefeito terá que buscar mais do que boa convivência, mas negociar a futura governabilidade.
Além de Kalil, pelo menos outros cinco prefeitos de capitais pretendem deixar os cargos para a disputa estadual. São eles os de Maceió, Aracaju, Florianópolis, Cuiabá e Campo Grande.
Junto da crise política local com os vereadores, a definição do prefeito de BH é uma das mais aguardadas pela situação e oposição. Porque a candidatura dele terá potencial parar mexer no quadro da eleição estadual e nacional.
Kalil é um dos poucos nomes competitivos da oposição em Minas, para enfrentar a candidatura de reeleição do governador Romeu Zema (Novo). E ainda, aglutinar partidos de centro e de esquerda e teria o provável apoio do presidenciável Lula (PT).
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