Em Minas e no Brasil, houve muito barulho por nada, da direita à esquerda, após a eleição do empresário Donald Trump nos EUA. A euforia de alguns bolsonaristas, e do próprio Bolsonaro (PL), com essa vitória subiu ao pico do delírio. Um deputado disse, na Assembleia Legislativa de Minas, que o presidente norte-americano eleito irá mandar a CIA ao Brasil para provar a inocência de Bolsonaro. Assim, o mito dele poderia disputar as eleições presidenciais em 2026. A direita venceu, sim, mas lá no norte da América. Por aqui, ela fracassou nas eleições municipais do mês passado.
O delírio esbarrou na esquerda. O presidente Lula (PT) reagiu à repercussão dizendo que poderia disputar o 4º mandato caso seus aliados não tenham outro nome para enfrentar a extrema direita. Conversa de sapo pedindo para ser atirado na lagoa. Como Bolsonaro, e por razão oposta, Lula até deseja a recuperação da elegibilidade do rival. Na avaliação do petista, como previu em 2022, disputar contra Bolsonaro seria mais fácil vencer do que outro nome do centro ou da direita, como o governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo. Lula tem razão. Os extremos estão em xeque, como sinalizaram as eleições municipais deste ano, quando o centro político foi o mais vitorioso. Já na disputa polarizada, o petista calcula que disputar com o antecessor seria mais fácil vencer por conta do alto passivo de irregularidades, excessos, fragilidades e erros do rival. Delírios à parte, o fato é que Bolsonaro está inelegível até 2030. Não há CIA, Fake News ou cloroquina que possa alterar essa realidade incontestável.
Se a vitória renovou o ânimo, a direita brasileira precisa ficar atenta. Caso Trump não entregue o que prometeu, os democratas voltarão na oportunidade seguinte. A América que ele vendeu não existe mais. Nem irá adiantar fazer deportação em massa, porque faltará mão de obra.
O governador em exercício, Mateus Simões (Novo), subiu no mesmo palanque no qual Zema está há quase seis anos. No delírio pós-Trump, Simões vestiu o figurino da direita e disse que sua “grande preocupação hoje é tirar a esquerda de Brasília”. Já os vídeos de Zema perdem cliques por aqui e ganham terreno fora do estado, onde é pouco conhecido e a rejeição de 55% em BH (vide pesquisas eleitorais) ainda não chegou.
A municipalização do Anel Rodoviário deve ser uma das maiores conquistas políticas e administrativas de BH, na área federal, dos últimos 30 anos. É o 1º resultado prático do diálogo e da eleição municipal vencida pelo prefeito reeleito Fuad Noman (PSD). Animado com o anúncio da medida, que reuniu cinco ministros e o presidente Lula no mesmo dia, na quinta (7), Fuad decidiu criar, nesta semana, um núcleo para gerenciar exclusivamente a “nova avenida” da capital.
Após o fracasso de sua influência na eleição de presidente da Câmara de BH, em janeiro do ano passado, e seus efeitos desastrosos, Fuad quer a prefeitura longe dessa disputa próxima. A solução, de agora, já foi dada. Na condição de vereador que é até o final do ano, o vice-prefeito eleito Álvaro Damião (União) será uma espécie de ponte política entre a Câmara e a PBH.
Os 853 prefeitos mineiros, eleitos e reeleitos, participam, a partir de hoje, de evento no qual receberão um plano de voo para a nova administração que começa em janeiro próximo. A iniciativa é da Associação Mineira de Municípios (AMM), que promove o 7º Congresso Mineiro de Novos Gestores, no Expominas, em BH, até a próxima quarta (13). O foco do encontro é a transição de governo e os primeiros 100 dias que, tradicionalmente, definem os rumos de uma gestão.
A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL/MG) fez história na UFMG ao tornar-se a primeira mulher indígena a obter o título de doutora em Antropologia. Do povo Xakriabá (Norte de Minas), Célia explorou a potência dos saberes tradicionais e da ciência indígena. Na tese “Ancestraliterra – Sabedoria indígena na política e na universidade”, a deputada exibiu uma visão de território que transcende a geografia. “O corpo é território, e o território é corpo”. Para ela, a caneta, tanto na academia quanto na política, é uma ferramenta poderosa: pode “escrever livros e leis, mas também arrancar direitos e, ainda, virar arma de fogo que assina morte”.
Os quatro candidatos a procurador-geral de Justiça de Minas, na sucessão do atual, Jarbas Soares, têm confronto direto, nesta segunda (11), durante debate. A iniciativa do evento é da Associação Mineira do Ministério Público. Disputam o cargo os procuradores de Justiça Carlos Mariani Bittencourt, Geraldo Flávio Vasques, Marcos Tofani Bahia e o promotor de Justiça Paulo de Tarso Morais. Dos quatro, três serão eleitos, pelos membros do MP, no próximo dia 18, para a lista tríplice. Quinze dias depois, será a vez do governador escolher um deles.
(*) Publicado no Jornal Estado de Minas
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