Tudo indica que Romeu Zema (Novo) está levando a sério o projeto presidencial, apesar do cenário adverso. Como já fez o raio cair duas vezes no mesmo lugar, ao se eleger e se reeleger governador, decidiu apostar. Pré-candidato a presidente, descartou disputar a vice, dizendo que não tem perfil para ser “rainha da inglaterra”, e não quer cargos no legislativo, como senador e de deputado federal. São manifestações de desejo que, às vezes, na política, precisam ser, mais tarde, alinhadas com a realidade.
O fato é que para você realizar um desejo na política, um projeto, é preciso se movimentar e agir. Foi o que fez o governador. Depois de sabatinar uns cinco marqueteiros de ponta e experiência nacional, ele contratou Renato Pereira, que nasceu na Suíça, mas cresceu no Rio, onde atuou na campanha do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), em 2006. O sucesso o levou a ser o marqueteiro de Aécio Neves (PSDB) em 2013, mas foi dispensado no início da campanha presidencial.
A primeira ação de Pereira foi a entrevista deste domingo (19) no jornal O Globo, que mostrou Zema sem preparo e propostas. Nela, reafirmou a bandeira de economizar, citando como exemplo não morar no Palácio das Mangabeiras (residência oficial) e cortar secretarias (tem 14). Tipo de eficiência contestada pelo jornal. Não abordou o aumento de 298% que deu ao próprio salário, dos secretários e adjuntos. Voltou a criticar Lula por ter quase 40 ministérios e de viajar pelo mundo.
No campo eleitoral, avaliou que a tentativa de Bolsonaro recuperar a elegibilidade está travando a direita. Admitiu até que poderia rifar a candidatura a governador de seu vice, Mateus Simões (Novo), para ter o apoio do bolsonarismo. “Na política tudo é possível. Tem hora que você tem que fazer coisas que te desagradam. Eu não anularia nenhuma possibilidade, nem confirmaria nenhuma”, respondeu ele, para insatisfação de Simões. Tudo somado, o novo marqueteiro deve ter anotado que precisa preparar melhor o assessorado para as entrevistas e a pré-campanha.
Nesse ponto, também trocou críticas com outro aliado e pré-candidato a governador, o senador Cleitinho (Republicanos), ao dizer que ele não teria perfil para o governo e que é mais talhado para o Legislativo. Cleitinho não gostou e disse que não precisa do apoio dele, apenas do povo.
A primeira pesquisa eleitoral para 2026, feita neste mês entre eleitores de BH, do instituto Viva Voz, acendeu alerta para Zema e aliados. O governador ficou em 3º lugar (11%) para presidente, atrás de Lula (30%) e Bolsonaro (25%). Na simulação para governador, o nome da preferência é o do senador Cleitinho (Republicanos), que, segundo Zema, não saberia governar. Nesse período eleitoral antecipado, todos acreditam que a internet irá se sobrepor ao mundo real, mas torcedores não representam todo o eleitorado. O insucesso de Mauro Tramonte é advertência para muita gente que acredita que a eleição está ganha.
Ao reagir contra Zema no caso da dívida de Minas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acabou por promovê-lo. Além da visibilidade, deu-lhe motivos para não aderir à nova opção de quitação da dívida. Oportunista, o governador aproveitou-se do momento de desgaste do governo e do próprio Haddad, para esquentar a pré-campanha presidencial.
Ajudado pelo PT, Zema rejeitou nova ajuda do PT e do presidente Lula. Dizem que foi eleito pelo bolsonarismo. Mais do que isso, o PT sempre foi cabo eleitoral dele às avessas. O Novo foi eleito pelo antipetismo e pela fadiga da polarização tucano-petista. O governador passou o primeiro mandato inteiro atacando o antecessor, Fernando Pimentel (PT), que lhe deu de presente uma liminar, junto ao STF, para não pagar a dívida com o governo federal. Passaram-se seis anos, o governo petista sanciona, agora, programa que ajuda Zema a colocar as contas em dia. Ainda assim, Zema foi novamente ao ataque impiedoso contra Lula e os petistas.
(*) Publicado no Jornal Estado de Minas
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