A um dia da retomada dos trabalhos legislativos, nesta terça (1º), o secretário de Governo, Mateus Simões, pôs mais lenha na fogueira que afasta o governo Zema da Assembleia. Ao falar sobre o projeto de Zema, o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), Simões deu caneladas e cobrou aprovação, especialmente no presidente do Legislativo, Agostinho Patrus.
“Poderia ser um grande aliado do povo mineiro ao longo dos próximos meses, conduzindo a Assembleia, com responsabilidade, na aprovação do RRF”. Foi o que disse Simões sobre o presidente da Assembleia Legislativa, que, hoje, reabrirá os trabalhos deste ano. Além da canelada em Agostinho Patrus (PV), o secretário ainda criticou a demora da votação e advertiu para o risco de falência do Estado se, até maio próximo, o projeto não for aprovado.
De acordo com seus argumentos e pressão, apresentados sem ‘provas científicas’, o Supremo Tribunal Federal derrubaria liminares conquistadas pelo antecessor, Fernando Pimentel (PT). Essas decisões judiciais provisórias suspenderam o pagamento do serviço da dívida de Minas com a União, totalizando hoje, segundo ele, R$ 40 bilhões. Há dois meses, outro secretário dizia que eram R$ 20 bilhões, depois, R$ 30 bilhões.
Diante dessa possibilidade, apontada por ele, mas não confirmada pela Corte Superior, o governo teria que pagar essa dívida e deixaria de pagar o salário dos servidores. Ou ainda, deixaria de fornecer os serviços públicos mais básicos. Em outra análise, disse que, se aprovado, o RRF será bom para todos, até mesmo aos servidores, que teriam reajuste garantido. Em nenhum momento, o secretário tratou de outras imposições da adesão, como venda de empresas estatais e proibição de novos investimentos.
No Rio de Janeiro, onde o governo de lá está aderindo pela segunda vez ao RRF, já que a primeira não deu certo, o Ministério da Economia rejeitou o novo pedido por conta de reajustes. O governo do Rio concedeu reajustes, mas o colegiado, que decide sobre despesas do estado que adere, reprovou o plano. O colegiado é formado por um membro do Ministério da Economia, um do Tribunal de Contas da União e um do governo estadual.
Não há notícias de que o STF vá interferir no caso do Rio, sabidamente mais grave, a não ser que seja provocado por uma das partes. No caso de Minas, o governador Romeu Zema (Novo) nunca manifestou interesse em defender o Estado judicialmente nem de questionar uma dívida que nunca foi auditada e cujo valor ultrapassa os R$ 140 bilhões. Ao contrário, defende a adesão como única forma de encontrar a solução.
Simões reassumiu, ao que tudo indica, a condição de porta-voz político do governo após trombada com a Assembleia, que o silenciou por seis meses, quando discutiu-se o Acordo da Vale. De lá pra cá, ante o risco de ter a licença suspensa para continuar secretário (já que é funcionário da Assembleia), ele deixou a frente da batalha. Com a renovação da licença, voltou ao front com o mesmo modus operandi.
Pode até ser que a estratégia do governo seja outra, de não aprovar o projeto do RRF. Assim, marcaria posição para ter discurso eleitoral de reeleição, segundo o qual os deputados o impediram de recuperar as finanças do estado por meio de projeto pouco discutido.
Tudo somado, devem vir aí mais trombadas e trovoadas que poderão se materializar, hoje, na retomada dos trabalhos legislativos. Será interessante ouvir, na sessão, a mensagem do governador Romeu Zema, lida por ele ou por representante, seguida do discurso de Agostinho Patrus.
Já quanto ao reajuste das tarifas de ônibus, de 13%, na Região Metropolitana de BH, o governo não demonstrou tanta energia para briga. De acordo com o deputado Alencar Silveira (PDT), Zema teria deixado os empresários reajustarem sem discussão. De acordo com Mateus Simões, os contratos não podem ser alterados e o preço do diesel justificaria o aumento.
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