Por alinhamento político, o governo Zema (Novo) convidou cerca de 40 deputados de sua base aliada para cobrar apoio e fidelidade nas votações e, principalmente, presença em plenário. A gota d’água aconteceu, na quinta (11), quando o governo contava com a presença da maioria para votar o projeto que extingue a Fucam (Fundação Educacional Caio Martins). Faltou quórum.
Agora, a situação foi agravada por quatro vetos do governador à reforma administrativa que entraram na faixa constitucional e vão travar a votação de projetos. Por força legal, os vetos têm prioridade na votação e deverão consumir mais duas ou três semanas de enfrentamento com a oposição. Daí, o puxão de orelhas dado cobrando mais apoio.
O encontro aconteceu, na manhã desta terça-feira (16), na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e foi conduzido pelo secretário Igor Eto, responsável pela articulação. É grande a preocupação do governo para manter sua base coesa no momento em que Zema pretende agilizar as privatizações de empresas estatais.
Há 30 dias, Zema não fala de outro assunto, quando discursa, quase sempre, para empresários. Ficou fora do país por 10 dias, nos Estados Unidos, onde convidou o capital estrangeiro a participar e investir nesse processo de desestatização de Minas.
Hoje, o governo faz contas matemáticas de que tem o apoio de 57 deputados, distribuídos em dois blocos governistas. A conta política, porém, tem mostrado que dois mais dois nem sempre são quatro. Às vezes, por exemplo, quando a base não está satisfeita, a ausência em plenário é o primeiro sinal. O governo deixou claro no encontro que quer o apoio de todos, especialmente em projetos tidos como impopulares. Esse é o caso da privatização de empresas caras aos mineiros, como a Cemig.
Para privatizar as estatais, Zema precisa reunir 48 votos e mudar a Constituição Mineira, retirando dela uma trava que dificulta a desestatização. De acordo com o dispositivo, o Estado tem que realizar um referendo antes de conseguir a aprovação legislativa. Essa proteção às estatais surgiu no governo Itamar Franco (1999/2002), que impediu a entrega da Cemig ao capital estrangeiro.
Alguns deputados reclamam desorganização do próprio governo, que não sabe lidar com a base e nem lhe dá subsídios para fazer a defesa em plenário. “O governo está cobrando apoio por amor”, criticou um deputado. Já o governo considera que tem deputado que gosta de emenda parlamentar, mas não dá presença. “Vamos começar a apertar”, adiantou um integrante do governo, avaliando que pautas ideológicas do PL, partido aliado, atrapalham as votações.
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