O governador Romeu Zema (Novo) apanha, mas ganha repercussão nacional em mais uma manifestação polêmica. A estratégia de atrair os holofotes para si é semelhante à praticada por Bolsonaro para manter-se na mídia por meio da criação de polêmicas e declarações preconceituosas ou absurdas.
É claro que a tática impõe desgastes, mas é calculada, porque só fica mal com os opositores e, do outro lado, se identifica e recebe o apoio do campo bolsonarista. Desta vez, ele exagerou e foi criticado até mesmo por aliados, como o PSDB de Aécio Neves e lideranças do PSD, partido que hoje integra sua base parlamentar.
As falas dele criam fatos políticos, que geram interpretações e versões que alteram ou reforçam a intenção e a manifestação originais. Não tem do que reclamar. Assim, foi criticado pelo opositores, que se amparam na versão, e até por aliados, que enxergaram também equívoco na interpretação da fala e de suas consequências e repercussões. Além, é claro, do descuido de um governador de Minas com declarações absurdas.
Logo após a repercussão negativa, a reação tem sido padrão. Aliados dizem que ele foi mal interpretado ou que teve a fala distorcida. O argumento deles é que ele somente defendeu o fortalecimento do chamado consórcio sul-sudeste, que é a união dos estados dessas duas regiões. Quer fazer a defesa dos interesses do grupo no Congresso Nacional e que estaria se inspirando no exemplo dos estados do norte e nordeste que se organizam e atuam unidos no Parlamento.
A maneira apresentada pode deixar a impressão de uma bem intencionada ingenuidade, mas não é. Zema faz tudo de caso pensado com seu marqueteiro, para ganhar repercussão nacional. Ela é negativa, traz desgastes, no campo oposto ao pensamento político de Zema, mas é positiva e traz a defesa dele no campo aliado, o do centro-direita e direita política do país. Quer se firmar como alternativa após a sentença de inelegibilidade do líder desse segmento, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Hoje, Zema disputa com os governadores do sul-sudeste o posto de herdeiro do bolsonarismo, buscando feição menos radical e menos grosseira.
Zema disse o que disse sabendo o efeito que teria. Até porque o consórcio do qual participa é formado por governadores de oposição ao governo do presidente Lula (PT) e são estados onde o petista perdeu a eleição, à exceção de Minas. Por outro lado, foi no norte e nordeste onde Lula foi melhor votado.
Tudo somado, o jogo está sendo jogado. Sempre que pode Zema dá suas alfinetadas, mostrando quem é, o que pensa e o que pretende. A de agora, assemelha-se àquela manifestação de seu ideólogo direitista, o empresário Salim Matar. Em encontro empresarial, esse defendeu a união dos homens brancos contra as pautas em defesa de cotas para mulheres, negros e indígenas.
Zema já disse outra vez que o povo nordestino estaria levando vantagens sobre o do sul, que trabalharia menos e ganharia mais benefícios sociais.
No início do ano, também se posicionou, quando disse que “autoridades do atual governo federal trabalharam para que os ataques de 8 de janeiro ocorressem, de forma que, colocando-se na posição de vítimas, pudessem obter supostos ganhos políticos perante a sociedade brasileira e a comunidade internacional”.
Já comparou a atuação do Estado brasileiro com o fascismo, defendendo a restrição da liberdade dos indivíduos, citando frase do ditador italiano Benito Mussolini. No mesmo momento, seu colega paulista, Tarcísio Freitas apanha dos mesmos bolsonaristas por apostar na moderação e no estilo próprio.
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É um bobão ignorante.