Política

Zema troca “intrigas palacianas” e assume bolsonarismo para 2022

Teve muita repercussão a mudança de posição do governador Romeu Zema (Novo) com relação aos ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à democracia. Na semana passada, negou-se a assinar documento de 14 governadores a favor da democracia e do STF, afirmando não entrar em “intrigas palacianas”. Sua posição foi criticada e tratada como omissão. Mais do que isso, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Agostinho Patrus (PV), enxergou longe e disse que “não se posicionar era ficar do outro lado”. E foi isso que Zema acabou assumindo.

Ao ouvir seu marqueteiro, o governador mineiro decidiu abraçar o bolsonarismo, claro, de olho nas eleições do ano que vem, até porque o apoio a Bolsonaro não trouxe ganhos aos Estado. Qual a lógica nisso? O marketing reinante na Cidade Administrativa é de que essa posição garantiria a ele os 30% do bolsonarismo, patamar do qual faria sua base de lançamento eleitoral. Uma estratégia de altíssimo risco, já que a presença de Bolsonaro começa a ficar tóxica, com quedas nas pesquisas e carimbos antidemocráticos.

Oportunismo e inoportuno

Se Zema teve o oportunismo de unir seu nome ao bolsonarismo na eleição passada, agora, essa opção se apresenta inoportuna. Ao agarrar os 30% bolsonaristas, ele estará deixando livres os outros 70% para os rivais. Além disso, poderá passar a campanha inteira explicando os atos, omissões e negligências do presidente e candidato à reeleição.

Sua manifestação de criticar as instituições que Bolsonaro ataca, o STF e o Congresso Nacional, fizeram muito sucesso entre os bolsonaristas, como o pastor Silas Malafaia. Sem citar nomes, Zema criticou o Supremo por conta de decisão monocrática do então ministro Marco Aurélio (hoje aposentado). Em outubro passado, o ministro mandou soltar o que Zema chamou de “bandido de altíssima periculosidade”. Ele referia-se a André do Rap, considerado um dos principais traficantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). É uma crítica sustentável, mas não tem nenhuma relação com a governabilidade, como tentou vincular. Em geral, a criminalidade e o direito penal são sempre discursos fáceis e de grande apelo junto à opinião pública.

Críticas oportunistas

Ainda assim, no contexto em questão, é uma crítica equivocada, porque o que está em discussão são as instituições, a democracia e a independência de julgar do Judiciário. É preciso perguntar se o governador cumpre, por exemplo, a legislação em sua política penitenciária. Não fosse o Judiciário mineiro, que determinou a prisão domiciliar de alguns presos nessa pandemia, provavelmente, Minas poderia ter um genocídio nos presídios.

Quanto ao Congresso Nacional, Zema criticou uma das centenas de projetos lá aprovados como o fundo eleitoral do financiamento público de campanha. É claro que a maioria dos cidadãos irá criticar aqueles valores bilionários para financiar campanhas, embora todos os políticos usam os recursos. Até mesmo o partido Novo, do governador, quando participa do horário gratuito eleitoral, que é pago com dinheiro público.

STF e Congresso foram mais aliados

As duas críticas de Zema ao STF e ao Congresso Nacional não foram bem medidas. Como se sabe, o STF tem garantido parcialmente a governabilidade da gestão de Zema com a manutenção de liminar que o deixa sem pagar o serviço da dívida junto à União. São cerca de R$ 800 milhões mensais.

Um dia depois de sua crítica, Zema reuniu-se com o presidente do Congresso Nacional, o senador mineiro Rodrigo Pacheco (DEM), pedindo seu apoio. Quer fazer acordo com mineradora Samarco da tragédia de Mariana a exemplo do que o Judiciário mineiro fez para ele na tragédia de Brumadinho no acordo com a Vale. E o que fez o governo Bolsonaro para Minas ou para o governo Zema? Nada.

Se a preocupação maior de Zema é com a periculosidade, igualmente é preciso perguntar o que é periculosidade e quem é mais perigoso ao país. Afinal, há um presidente que, desde o início da crise sanitária, não combate à pandemia, estimula aglomerações, é contra o uso de máscaras e o isolamento social. São medidas simples e baratas que salvaram e ainda salvam vidas. O país já perdeu mais de 570 mil vidas.

Bolsonaro ainda demorou a comprar vacinas e, quando autorizou, fez com tanto desprezo que aproveitadores de plantão tentaram promover escândalo de corrupção e ele nada fez. E o perigo não é só na saúde, não. Trata-se de um presidente que acaba com a paz social e dissemina o ódio. Quem dissemina o ódio e ataca as instituições comete crime. Esse é risco no qual o governador mineiro está se metendo para tentar ficar mais quatro anos.

LEIA MAIS: Bolsonarismo, aliança política e financiamento travam Zema na reeleição

Orion Teixeira

Ver Comentários

  • Reportagem típica de Esquerdopata acostumado a manipulação !
    Qualquer análise isenta sobre a posição do Zema poderá concluir que ele foi Ético, honesto corajoso verdadeiro e com a devida isenção . Críticas não podem ser seletivas !
    POSTURA DE UM ESTADISTA!
    Artigo raro em tempos sombrios !!
    Nosso futuro presidente em 2026!!

  • Bolsonaro é um idiota completamente despreparado para exercer o cargo que lhe foi confiado. Mas comparar sua periculosidade com a de um traficante do tamanho do André do Rap chega a ser desonesto, para não dizer ridículo... O senhor Orion Teixeira, que escreveu esta bobagem, prefere encontrar o primeiro ou o segundo em um beco escuro? Comparação ridícula... até para o padrão de Estado de Minas...

    • Você é bozonazista mesmo pra escrever uma asneira dessas.
      É um idiota completamente despreparado pra escrever aqui.
      UMA ANTA!!!!!!!

  • Quanta arrogancia e quanta soberba. O que faz um jornalista achar que está acima das pessoas e que sua opinião prevalece. Quanta ignorancia, mal sabe que na verdade tem o desprezo de milhares de cidadãos que nao aguentam mais os arroubos autoritários de certas autoridades e órgãos de imprensa.

  • Acho que o Governador está certíssimo! Também acho que seria um excelente presidente da República.

  • Que tipo de reportagem é essa? Tá achando que vai convencer quem com sua opinião sr. repórter? faça - me a gentileza de postar mensagem de esclarecimento, não tendenciosas.

  • Esse blog é uma piada, faltou falar do Gilvan, Julvan, ou sei lá qual o nome do presidente da AMM, sempre fala dele, se o Zema pindura um picolé com o tio da esquina e vai falar da dívida o blog já corre pra falar que o Gilvan tá tentando "resolver" a dívida do governo com os municípios. KKKKKKKK eu amo esse Orion! Melhor comediante do EM.

  • Não vi evidências, em seu discurso, Zema assumir o bolsonarismo. Essa coluna está tendenciosa a promover uma falsa imagem do governador. Ele ponderou q movimentos de governadores contra o executivo federal é politicagem e palanque para 2022. Zema foi ético ao justificar que tem críticas aos 3 poderes e partir para o conflito com apenas 1 é uma hipocrisia e manobra interesseira para o favorecimento de alguns políticos.

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