Política

Zema precisa mais do centro que do bolsonarismo

Embora tenha ficado lá por seis anos, o ex-marqueteiro de Zema Leandro Grôppo tem dito que o governador não terá chances numa campanha presidencial. Não só ele, o ex-presidente Bolsonaro observou o mesmo na semana passada, quando o mineiro teve grande visibilidade impulsionada pelo novo marqueteiro, Renato Pereira. A exposição foi alta, mas, ao final, foi negativa.

O marketing pode ajudar, mas potencializa virtudes e defeitos. Pelo menos, mostrou ao novo marqueteiro o que precisa ser feito para não estragar novamente outras oportunidades. Zema e o seu partido Novo deveriam olhar para trás e compreender como chegaram até aqui, amparados na alta do bolsonarismo e da Lava Jato, que, em 2018, se uniram para destruir a política. Em 2022, não tiveram oposição.

Ao trocar de marqueteiro, eles dão sinais de que querem mudar e, mais do que isso, se aproximar daquilo que rejeitaram e negaram. Querem alianças políticas, fundo partidário e outros modelos e métodos que condenavam. Ainda assim, continuam errando. Zema entrou em cena afirmando que sua ideia de economia é não morar em palácio e cortar secretarias. Esqueceu-se, no entanto, de contar que sua casa requer gastos do estado com a segurança dele, ao contrário da residência oficial e que essa continua mantida pelo dinheiro público.

Na política, atacou o governo Lula quando esse anunciou benefícios para Minas, ampliando a descortesia quando se negou a ir a Brasília, dizendo que teria mais o que fazer. O tom radical e intolerante faz parte do marketing antigo e pode agradar ao bolsonarismo, mas Zema não depende mais dele, como em 2018. Para ter chances de ser presidente, em 2026, precisa do apoio do centro político. Não só ele, mas a esquerda também. Basta ver o exemplo da recente reeleição de Fuad Noman (PSD) à Prefeitura de BH.

Desempenho reprovado

Se o bolsonarismo detém 25% do eleitorado e o de Lula, 30%, há outros 45% que se identificam mais com o centro político do que com os extremos. Quem ganha o centro, um dos extremos virá naturalmente. A postura deselegante de Zema não combina com a Minas do equilíbrio e do diálogo. Em vez de arrogância, a humildade é qualidade a quem reconhece e respeita os outros, ainda que rivais. Com certeza, seus gestos não agradaram ao centro político do país. E mais, se buscava o bolsonarismo, recebeu do líder deles um carimbo negativo: “Zema só é conhecido em Minas. É bom gestor, mas não tem popularidade”, diagnosticou o ex-presidente inelegível.

Sem padrinho é melhor

Na mesma dinâmica, o vice-governador Mateus Simões (Novo) anda pensando que seduzir prefeitos será arma poderosa para se eleger governador em 2026. Houve um tempo em que atrair os prefeitos e eleger uma boa bancada de deputados puxavam votos. Hoje, as coisas mudaram e os políticos não dependem tanto de intermediários para falar com o eleitor e o cidadão. Até porque os apadrinhados foram duramente derrotados na eleição municipal passada, quando Fuad Noman, por exemplo, chegou lá sem apoio de Zema, de Lula e muito menos de Bolsonaro.

Coisas do Novo: Falcão X Zema

Sob o risco de se estrepar como aconteceu na eleição municipal passada, Zema entrou na campanha da AMM do lado oposto do candidato de seu partido, Luís Falcão (Novo), prefeito de Patos de Minas (Alto Paranaíba). Está apoiando a reeleição do atual presidente, Marcos Vinicius (sem partido). As manifestações podem render votos fora de casa, mas está provando que não respeitam sua liderança. Além de ignorar os apelos de Zema pela composição, Falcão criticou a proposta. Falta só gravar um vídeo dizendo que não precisa do apoio dele nem de sua ligação com a entidade.

Governar é dizer ‘não’

O prefeito interino de BH, Álvaro Damião (União), poderia adotar uma lição do ex-governador Hélio Garcia para gerenciar a coisa pública, especialmente na ausência do titular, Fuad Noman. Garcia ensinava que dizer “não” era a melhor fórmula de governar, pois evita a gastança, desperdícios e abusos. Apesar da doença do prefeito e em sua interinidade, Damião recebe todos os dias uma procissão pedindo carguinhos, quase sempre, emprego fácil, daqueles que não precisam trabalhar.

Continua na área

Para marcar posição, o interino Damião nomeou provisoriamente seu chefe de gabinete, Guilherme Catunda Daltro, como secretário de governo da PBH. A medida é também um recado para os vereadores segundo o qual ele quer manter o controle da área apesar da derrota sofrida na disputa da presidência da Câmara. Dessa forma, fechou as portas para o antecessor, Anselmo Domingos, ou outros nomes.

Terceira troca na Faop

Em menos de um ano, a Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop) troca de comando pela terceira vez. No período, passaram por lá Jefferson Coutinho e Luiz Trindade. No sábado (25), foi nomeado ao cargo o ex-prefeito de Itapecerica (Centro-Oeste) Wirley Rodrigues Reis, o Têko. Dará apoio ao secretário Leônidas de Oliveira para sustar as crises da Cultura do governo mineiro, desde a briga com a Filarmônica e a desativação do BDMG Cultural.

(*) Publicado no Jornal Estado de Minas

Orion Teixeira

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