Depois de um jogo de verdade e inverdades, o governador Zema manifestou repulsa maior ao que chamou de evento político de 8 de janeiro deste ano do que aqueles do mesmo dia de 2023. Foi intensamente desproporcional. Por suas razões, Zema deixou no ar, primeiro, que não iria; depois, divulgou no dia do evento, que, por outros motivos não revelados, iria participar dos atos da última segunda (8).
Ao final do dia, apresentou a versão final que reafirmou sua natureza ao dizer que não iria porque o evento teria sido politizado. Ressalvou que não apoia os golpistas e que os excessos devem ser punidos, mas sua crítica mais contundente foi dirigida àqueles que foram lá condenar, politicamente, as ações golpistas.
No cálculo de seu marqueteiro, a brincadeira deve ter agradado aos seguidores igualmente comprometidos com a narrativa distorcida, ainda que fique mal perante o mundo civilizado e a história. Melhor faria, talvez, se apenas anunciasse que não iria. Todo mundo entenderia suas razões políticas, até mesmo seus seguidores.
Para não perder o gasto com a viagem, o governador louvou a própria gestão, razão pela qual estaria em Brasília para cuidar da dívida de Minas, que não resolveu em cinco anos de governo. Reuniu-se com o secretário do Tesouro Nacional e não contou o principal: o que foi tratado nessa reunião e qual o resultado. Nada disse, porque deve ter ouvido do secretário que a solução possível aguarda entendimento superior entre o chefe dele (Lula) e o próprio governador de Minas.
Se Zema vestisse o uniforme de estadista, pediria audiência com o presidente da República para tratar do assunto. Mas, se o fizesse, talvez, seus seguidores o acusassem de estar fazendo política ou participando de evento político. Melhor, não, deixa isso para o presidente do Congresso Nacional, senador por Minas Rodrigo Pacheco, que saberá como gerenciar o problema da dívida de Minas.
(*) Publicado no jornal Estado de Minas
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