Política

Zema está deixando sua turma brincar com fogo a 16 meses da eleição

O parquinho tá pegando fogo de novo. Está muito cedo para o governador Romeu Zema (Novo) perder o controle político de seu governo e, mais cedo ainda, romper com a Assembleia Legislativa. Primeiro, porque perder o controle político é como perder a cabeça; o resto vai depois. As próximas eleições só acontecem daqui a 16 meses e sua atual gestão só termina daqui a 18 meses. Segundo, brigar com outro poder é como dar as costas e os motivos a quem pode te apunhalar.

Por isso, Montesquieu pregava a harmonia entre os poderes. Numa linguagem política mais direta, o governador está deixando os meninos brigarem com o único que pode dar o impedimento do governador, que são os deputados estaduais. Mais grave institucionalmente, trombam com a Assembleia Legislativa.

Nessa sexta (2), por exemplo, tiveram perto da implosão das pontes do possível, e necessário, diálogo entre os Poderes Legislativo e Executivo. Em resposta à esdrúxula comparação feita pelo secretário Mateus Simões, primeiro-ministro de Zema, um deputado que vem a ser o presidente da Assembleia reagiu. E foi assim: “A ALMG vai votar a PEC da Vale, e não será um ex-vereador de meio mandato, inexperiente, ignorante e muito presunçoso que vai nos dizer o que fazer”. A voadora foi dada publicamente e assinada pelo presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV), numa rede social.

Simões é homem forte do Novo

Homem forte do governo do Novo, Simões foi vereador de Belo Horizonte de janeiro de 2017 a fevereiro de 2020. Renunciou para, numa missão partidária, coordenar o único governo estadual administrado pelo partido no país. Daí, a manifestação de rebaixamento feita pelo presidente da Assembleia. Simões é mais secretário do partido no governo do que de Zema na administração.

Certas disputas, o futebol ensina que determinado tipo de pênalti tem que ser batido pelo próprio presidente do Clube. Em vez disso, Zema delega poderes de porta-voz até mesmo a quem não confia 100%. Quem ele escalou, não fala e é desautorizado internamente. Pelos microfones da nova Rádio Itatiaia, Simões disse que a Assembleia estava tentando burlar a lei e acordo judicial na tramitação do projeto sobre os ganhos bilionários da Vale.

Ele referia-se à reivindicação dos deputados, em forma de proposta/emenda em favor da transferência de R$ 1,5 bilhão para os 853 municípios mineiros. Deputados defendiam que o repasse fosse feito por meio de transferência direta e especial. Ante a recusa do governo, que exige realização de convênios, a proposta dos deputados está virando emenda constitucional.

Em sua explicitude costumeira, o secretário deu a entender que os deputados não saberiam fazer o trabalho deles e ainda explicou o que eles podem ou não fazer. Daí o “presunçoso” apontado por Agostinho Patrus. A pior coisa na política é alguém querer mostrar que é o mais inteligente de todos (senador Rodrigo Pacheco que tome seus cuidados).

Deputado socorre e zomba de Agostinho

Traduzindo o que teria dito o “arrogante e presunçoso” Simões, o deputado estadual Guilherme da Cunha (Novo) foi ao Twitter para socorrê-lo. Também escalado pelo partido, Cunha zombou da experiência do presidente da Assembleia. “E lá se foram 122 dias para o experiente presidente descobrir que ao parlamento compete fazer as mudanças que deseja nos projetos e colocar em votação…”

A interpretação dada por Guilherme da Cunha alcançou também a manifestação do governador Zema, que disse, na segunda (28), que a Assembleia é “soberana e deveria votar como quiser”. Ou seja, não iria negociar nem manter a palavra que, segundo os deputados, teria sido dada pelo secretário Igor Eto (Governo). Em situações normais, esse é o interlocutor de Zema com a Assembleia.

Agora, militantes do Novo espalham cartazes, faixas e outros, pela capital e outras cidades, acusando Agostinho Patrus de “engavetar” e comprometer o acordo com a Vale.

Já que é o primeiro-ministro de Zema, o que impede Simões de conversar com os deputados? Ou os deputados de conversarem com ele. Até o momento, os deputados achavam que bastava conversar com Igor Eto.

Zema deveria assumir a política

Depois de tantas experiências frustradas na área, Zema deveria assumir ele mesmo a coordenação política de seu governo da qual nunca deveria ter abdicado. Ainda que não goste da política, ou tenha “nojinho” como criticou o deputado Sávio Souza Cruz. A principal função do chefe (Zema já foi empresário), não é administrar a coisa em si, mas representa-la. Caso contrário, o parquinho pega fogo e queima a todos. Em tempo de eleições, impeachment é jogo sujo, mas fora dele pode ser jogado e acordo com as regras do jogo e da Constituição. Assim, como no futebol, o jogo só acaba quando termina.

LEIA MAIS: CPI abre investigação para barrar sucateamento e privatização da Cemig

Orion Teixeira

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