CPI abre investigação para barrar sucateamento e privatização da Cemig CPI abre investigação para barrar sucateamento e privatização da Cemig

CPI abre investigação para barrar sucateamento e privatização da Cemig

Deputados José Reis, Professor Cleiton, Cássio Soares, José Guilherme e Beatriz Cerqueira, reprodução site ALMG

A Comissão Parlamentar de Inquérito que irá investigar irregularidades na gestão da Cemig será presidida pelo deputado Cássio Soares (PSD). Seu vice será o deputado Professor Cleiton (PSB). Os dois foram eleitos por unanimidade em reunião na Assembleia Legislativa de Minas Gerais nessa segunda (28). Já o relator será o deputado Sávio Souza Cruz (MDB).

Após ser escolhido relator, Sávio Souza Cruz disse que os trabalhos devem se inspirar em outra comissão parlamentar de inquérito instaurada na Assembleia há cerca de duas décadas. Naquela foi investigada e revertida a venda de ações da companhia para uma empresa norte-americana, operação realizada com o financiamento do BNDES e lucro garantido. “Tudo sob a desculpa da necessidade de um sócio estratégico”, apontou Sávio, que, à época, era líder do governo Itamar Franco.

“A Cemig é a mais importante empresa que o povo mineiro construiu na sua história, sob a inspiração do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Curiosamente, o Brasil é um dos únicos países do mundo a insistir na privatização do setor elétrico. Ao contrário, no mundo eles estão voltando atrás. Mas ao final do nosso trabalho da CPI vamos poder dar uma resposta definitiva ao povo mineiro, se a Cemig está sendo bem administrada ou não”, destacou.

Deputado aponta fato histórico

Primeiro signatário do requerimento que deu origem à CPI, Professor Cleiton classificou a CPI como “histórica”. Ele lembrou as várias denúncias que embasaram o documento, sobretudo o desrespeito ao que preveem as leis federais 13.303, de 2016 (Lei das Estatais), e 8.666, de 1993 (Lei das Licitações). Todas as irregularidades, segundo ele, são uma estratégia silenciosa visando a quebra da empresa para convencer a opinião pública a apoiar sua venda. “É sucatear para privatizar”, definiu.

“Talvez estejamos frente a uma nova Guerra dos Emboabas, que foi uma luta do povo mineiro no período colonial para ficar independente da Capitania de São Paulo. O objetivo é garantir com isso os valores que hoje chamamos de mineiridade”, pontuou Professor Cleiton. “Estamos vendo a paulistanização da Cemig pelo Governo do Estado em detrimento dos interesses do povo mineiro, contrariando  uma promessa de campanha de que não aparelharia estatais”, completou.

Sem política partidária

Cássio Soares prometeu empenho e responsabilidade na condução das investigações. “Vamos deixar de lado as questões político-partidárias. Não vamos buscar cabelo em ovo, mas cumprir com rigor o papel do Poder Legislativo de fiscalizar em defesa do povo mineiro e do futuro da própria Cemig”, afirmou.

Professor Cleiton ainda denunciou a suposta existência de uma lista secreta de deputados ligados à CPI que teriam sua entrada vetada no Palácio Tiradentes, sede do governo estadual. “Fui informado que meu nome já está nessa lista. Isso é muito preocupante. Não é assim que a Assembleia de Minas, que apenas luta pela ética na coisa pública, deve ser tratada”, lamentou.

A primeira reunião da CPI foi presidida pelo deputado Hely Tarqüínio (PV), mais idoso entre os membros da comissão. Além dele, os deputados Zé Guilherme (PP), Zé Reis (Pode), Elismar Prado (Pode) e a deputada Beatriz Cerqueira também ressaltaram a importância dos trabalhos da comissão.

A deputada leu uma carta recebida no início do ano por trabalhadores da ativa e aposentados da Cemig reforçando as denúncias que motivaram a instauração da CPI, inclusive com uma sugestão de testemunhas a serem ouvidas e documentos anexos.

Comissão teve apoio de 27 deputados

No requerimento que deu origem à CPI da Cemig, que recebeu 27 assinaturas, os parlamentares argumentaram que haveria “fatos consistentes na possível prática de ilegalidades na empresa. Regimentalmente, a comissão tem 120 dias para concluir os trabalhos.

O pedido elenca em primeiro lugar como prejuízo contratações diretas, realizadas sem licitação, de serviços de consultoria e assessoramento técnico, tanto pela Cemig como pelas suas subsidiárias, desobedecendo à lei e à Constituição da República.

Outro dano apontado seria a realização de alienações de ativos e ações da concessionária relacionadas à sua participação societária na Renova, na Light e na Taesa. Também merece investigação, segundo o requerimento, a prática de condutas ilegais e imorais na execução contratual, como a de condicionar a liberação de pagamentos de medições contratuais à subcontratação de terceiros por parte das contratadas pela Cemig e suas subsidiárias.

Denúncia de conflito de interesses

Isso, de acordo com o documento, configuraria “possível prática de advocacia administrativa e conflito de interesses”, em que estariam à frente diretores e empregados públicos da Cemig e de suas subsidiárias, além de particulares por ela contratados.

A CPI pretende investigar, ainda segundo o requerimento, “a prática ilegal e antieconômica da transferência de atividades administrativas da empresa mineira para São Paulo, gerando prejuízos ao interesse público estadual”. Por fim, o requerimento destaca que tais fatos envolvem indícios de gestão ilegal, imoral e antieconômica em sociedade de economia mista de titularidade do Estado.

A direção da Cemig já se manifestou em nota oficial. Veja aqui.

LEIA MAIS: Vice de Zema duvida da venda da Cemig e diz por que saiu do Novo

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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