Nem sempre uma suposta bondade no mundo dos negócios (se houver, de fato) é ação direta de quem faz a propaganda. Principalmente se envolver banco. Um exemplo disse está no release eletrônico do Banco CNH Industrial do dia 20. O banco oferece “as mesmas condições especiais de financiamento que seriam lançadas na Agrishow 2020”. Mas, quando analisado o conteúdo da mensagem, o “especial” não é do ofertante e, pior, fica no meio do caminho.
Pelo cronograma, a 27ª Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), seria de 27 de abril a 1º de maio. Porém, com a pandemia da Covid-19, surgida em Wuhan, na China, que gerou milhares de mortes e esta recessão mundial, a feira foi cancelada. Os organizadores preferem dizer “adiada”. Detalhe: a “oferta” do banco vai até 1º de junho.
Ao pé da letra, então, parece haver gesto solidário do Banco CNH Industrial, pois, associa sua mensagem aos caos econômico pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Mas, não é bem isso.
“A campanha Agrishow está disponível para toda a rede de concessionários das marcas em todo o país e é válida para máquinas e equipamentos novos passíveis de financiamento pelas linhas BNDES (Moderfrota e Finame TLP/TFB), desde que possuam recursos disponíveis nesse período, com taxa flat reduzida e mais agilidade na análise de crédito” (sic). Ou seja, só valerá se houver contrapartida do dinheiro do BNDES. O release é claro.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pertence ao Tesouro Nacional, à União. A sua principal fonte de recurso compulsório, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviços (FGTS). Portanto, está no release, o Banco CNH Industrial precisa das linhas e juros da Viúva para colocar “taxas e condições especiais” nos seus contratos de mercado. Mas restritas às máquinas das “marcas da CNH Industrial”.
Fica, portanto, prejudicado o manto solidário do título (e dois subtítulos) do release com o momento difícil do país: “Banco CNH Industrial oferece condições especiais para máquinas Agrícolas”.
“Entendemos as necessidades dos produtores rurais nesse momento e não estamos medindo esforços para oferecer as melhores condições de crédito e mais rapidez na aprovação…”. Trecho de declaração atribuída ao diretor das áreas Comercial, Marketing e Seguros do Banco CNH Industrial, Márcio Contreras.
É praxe, mesmo que de forma indireta, o lobby das montadoras de máquinas e equipamentos direcionados ao agribusiness, pressionando o Governo. Historicamente, passa por entidades da agricultura e bancadas parlamentares federais dos ruralistas, das montadoras e dos bancos. Na ponta, ganham montadoras e fabricantes de bens de capital e bancos repassadores do BNDES.
Além das montadoras de máquinas agrícolas e de construção Case New Holland, a CNH Industrial administra a Iveco (montadora de ônibus e caminhões) e a FPT (desenvolvedora e montadora de motores e transmissões FPT). A divisão existia desde antes do, então, Grupo Fiat (Fiat SpA), da Itália, se fundir com a norte-americana Chrysler, originando o Grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA).
O banco da multinacional tem também berço na Itália, país europeu mais afetado pela Covid-19.
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