A mineradora Itaminas Comércio de Minérios S/A, onde teria estourado uma obra de represamento de rejeito de minério de ferro, nesta segunda (09/08), pertence ao empresário Bernardo de Mello Paz. O acidente, ainda não totalmente esclarecido, foi no complexo da Mina do Engenho Seco, em Sarzedo (MG). Bernardo Paz é também o fundador e dono do Museu Inhotim.
A mineração da Itaminas se encontra em área de exploração limítrofe à Mina Córrego do Feijão, da Vale S/A, onde houve a tragédia de 25 de janeiro de 2019. Mas estão separadas por aquilo que um dia foi parte da crista (virou sequência de crateras) da Serra Três Irmãos, ou seja, ocupam vertentes opostas. Córrego do Feijão, em distrito homônimo, pertence ao município de Brumadinho.
A mina da Itaminas está a menos de 30 km de Belo Horizonte. O Inhotim a menos de 15 km.
Em 2017, o empresário e o museu foram condenados pelo Tribunal Regional Federal – TRF1 por lavagem de dinheiro. Ele se retirou da direção da instituição e ofereceu bens como pagamento de dívidas, à União, e sonegação ao Estado. Todavia, foi inocentado na acusação de lavagem de dinheiro. Reveja AQUI os desdobramentos.
Além disso, Bernardo Paz tem outros elos. O irmão Cristiano Paz, por exemplo, é sócio do empresário Marcos Valério. Ambos envolvidos nos casos dos mensalões do PT e PSDB. Assim como Marcos, Cristiano foi processado, condenado e preso.
As primeiras informações, de pessoas que trabalham na área, pela manhã, eram de que não havia vítimas. Isso foi confirmado pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. A corporação informou sobre danos em veículo e que o local do acidente fica a 1 km da barragem mais próxima. As imagens, contudo, assustam.
“Mas (sem vítimas) porque o tempo está seco”, ponderou a fonte ouvida pelo ALÉM DO FATO. Relacionava, portanto, o ocorrido hoje à tragédia do Córrego do Feijão (270 mortos – 10 corpos ainda desaparecidos). Em 2019, era janeiro, estação chuvosa. Então, o solo encharcado.
Em meados de 2020, a Itaminas e a Vale estabeleceram propósito de entendimentos na Mina Jangada. Esta pertence à Vale e fica entre as minerações da Itaminas e o que sobrou da Mina Córrego do Feijão. As tratativas, entretanto, emperraram na questão das “estruturas” de deposição rejeitos existentes. Ou seja, nas barragens.
A Itaminas diz que não houve “rompimento de barragem”. E que ocorreu, portanto, um “escorregamento de aterro de obras civil”. E completa: “Todas as medidas corretivas estão sendo tomadas”.
Outra fonte, que desenvolve atividades técnicas no complexo entremeado por Vale e Itaminas, assegurou, em off: “ (O acidente) Foi em dique de contenção (de minério)”. A expressão dique de contenção, na prática, é o seguinte: aquilo que transbordar da barragem a montante, pode ser que pare no dique, a jusante. Completou, entretanto, que o acidente foi “em coisa pequena”.
Entre estruturas que não seriam, portanto, “coisa pequena”, de acordo com informações institucionais da Itaminas, constam operações em quatro barragens. Sendo que a B4 tem como “função armazenar os rejeitos oriundos dos processos de processo de beneficiamento”. Estaria, portanto, em quota (relação ao nível do mar) mais baixa.
Mas, em janeiro deste ano foi noticiado que aquela estrutura da Itaminas, de cerca de 100 metros altura de talude, armazenava acima de 3,5 milhões de toneladas de rejeitos.
A B1, ainda de acordo com o institucional da mineradora, está “no extremo jusante da Mina Engenho Seco”. Onde ocorreu o acidente, como mostra o vídeo que circula na internet, é em área elevada, na encosta da serra. Então, por eliminação de áreas, próximo de estruturas B2 ou B3.
A sede da Itaminas, na origem, em 1959, foi fundada no Rio. Entretanto, logo transferida para Minas. O Grupo Itaminas tem outras atividades econômicas – construção e siderurgia de ferro-gusa.
Em 2014, a Itaminas produziu 7,4 milhões toneladas de minério de ferro. Todavia, sua média anual era de 3,5 milhões t/ano, até a tragédia no Córrego do Feijão.
Em 2010, Bernardo Paz entabulou negociações de venda da Mina Engenho Seco para um pool de exploração mineral do leste da China, identificado como ECE. O empresário chegou a assinar contrato de pré-venda de US$ 1,2 bilhão. Na mesma época, a empresa projetava elevar produção a 25 milhões t/ano. Mas, seria um salto praticamente sem novas lavras, pois, basicamente reprocessando rejeitos armazenados em suas represas ao longo de décadas em Sarzedo.
O negócio com a China não avançou. Entretanto, a quebra de contrato rendeu alguma grana ao dono do Inhotim.
A Itaminas informa que emprega mais 360 pessoas, de forma direta, e, indiretamente, 1.200.
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