Lula discursa contra privatizações na inauguração do Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí (RJ), no último dia 13 – Crédito: Reprodução TV Brasil
Antiga estatal BR Distribuidora, a Vibra Energia S.A. segue ritmo de bons resultados de antes para os acionistas. Nesta sexta (20/09), por exemplo, comunicou a antecipação de R$ 262 milhões a título de juros sobre o capital próprio (JCP). Essa bonificação refere-se, portanto, ao exercício fiscal de 2024.
Os acionistas receberão a bonificação até o dia 30 de dezembro com base em suas posições acionárias da próxima segunda (23/09). O comunicado à Bolsa de Valores B3 mão define a data dos pagamentos.
O processo da privatização da BR Distribuidora começou em junho de 2019. Naquele momento, a Petrobras reduziu a participação no capital da empresa de 71% para 41%.
Depois, a Petrobras realizou outras vendas de ações. Até que, em 30 de junho de 2021, vendeu 100% do lote remanescente, de 37,5%. Colocou no caixa R$ 11,358 bilhões.
Há uma semana, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP), ao inaugurar o Complexo de Energias Boaventura em Itaboraí, atacou a venda da BR Distribuidora. Foi, portanto, mais um ritual do conhecido rosário de discursos nacionalistas.
Para inflamar a obediente plateia de empregados da Petrobras, lançou perguntas de cunho negativo sobre as privatizações. Ignorou fatos. Além da petroleira, ainda estatal, envolveu a venda da mineradora Vale S.A., querendo exemplificar uma ex-estatal piorada.
Acontece que a mineradora Vale acumula crescentes resultados de produção e financeiros recordes. Ao contrário do seu período de estatal, até 1997. Se contaram isso para o Lula, ele preferiu, então, improvisar em erros – rotina em suas intervenções econômicas.
Os balanços anuais da Vale seguem essa trajetória. Isso mesmo com os quase R$ 60 bilhões dispendidos por conta das tragédias em seus complexos de mineração de ferro, em Minas Gerais. Em 2015, o rompimento de barragem de rejeitos na Mina Germano, em Mariana. Quatro anos depois, o rompimento na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. Respectivamente, as tragédias causaram 19 e 272 mortos.
Do palanque, Lula colocou a Petrobras em mesma cesta. Era para inflamar de vez a plateia. Mas fez pior: usou palavras ofensivas.
O petista, num paralelo absurdo, atribuiu ao surgimento da Vibra a culpa pelas disparadas dos preços dos combustíveis no varejo – para o eleitorado.
Lula, nesse item, deixou de lado, portanto, duas verdades: o Governo controla a agência reguladora do mercado, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), vinculada ao Ministério de Minas e Energia; e, é acionista majoritário na Petrobras.
O chefe do Planalto, além disso, passou borracha em outra verdade. Desde antes da venda da BR Distribuidora, a Petrobras sempre decide independente os reajustes na gasolina e outros para as distribuidoras.
Na ponta do lápis, porém, quanto mais caros os combustíveis no bolso do consumidor, maior a abocanhada dos impostos da Receita Federal, a polícia fiscal do Tesouro Nacional, da União. Ou seja, mais dinheiro para gastos do Governo, incluindo pajelanças nos rituais do fisiologismo político – emendas parlamentares e compras de apoio político dentro Congresso Nacional.
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