Unidade da Bunge Alimentos, em Santa Luzia, que pertenceu ao Moinho Vera Cruz até 2013 - Crédito: Bunge/Divulgação, 21-10-2019
A multinacional Bunge Alimentos S/A, maior exportador brasileiro de produtos agrícolas, foi alvo de interdição cautelar relacionada à farinha de trigo marca “Anchieta”. Motivo: “por representar risco de agravo à saúde da população”, avaliou a Gerência Colegiada da Superintendência de Vigilância Sanitária do Estado de Minas Gerais. Essa decisão, determinada segunda (03/01), seguiu resultados de análise de amostra do Lote 67567 da farinha (“Farinha de Trigo Tradicional; marca: Anchieta”) com validade até 20/03/22. A medida, todavia, só foi tornada pública nesta quarta (05/01).
A Fundação Ezequiel Dias (Funed) realizou as análises. Sobre o “risco”, o laudo acrescenta: “… em virtude apresentar (281 ± 31)µg de ácido fólico por 100g do produto, teor superior ao limite máximo estabelecido para este produto (220µg/100g) e em razão de conter (10,3 ± 0,6) mg de ferro por 100g do produto, quantidade superior ao limite máximo(9mg/100g)” (sic). “O mencionado risco está evidenciado no laudo de análise nº 2288.1P.0/2021, emitido pela Fundação Ezequiel Dias (FUNED), Laboratório Central de Saúde Pública deste Estado”, destaca a Vigilância.
O endereço e CNPJ são os da unidade da Bunge em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A multinacional adquiriu, em 2013, naquele logradouro, as instalações do então Moinho Vera Cruz, inauguradas em 1991 (expansão da unidade de Juiz de Fora – 1958). A negociação, porém, incluiu, além da transferência dos ativos e produtos, as marcas de farinhas do portfólio da empresa mineira. Mas, por sua vez, o grupo também vende ativos.
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A marca da farinha citada na Interdição Cautelar, entretanto, não consta no portal principal do grupo como item para destinação de consumo doméstico nem industrial da Bunge. Todavia, em sua página, a empresa destaca que, via “as mais de 100 instalações, entre fábricas, moinhos, centros de distribuição (…)”, atua em: “Moagem de trigo e produção de farinha de trigo e pré-misturas para indústria de alimentos, padarias e outros clientes comerciais”. Aqui, portanto, caberia a produção da farinha “Anchieta”.
O ALÉM DO FATO fez contato na assessoria de imprensa da Bunge, solicitando posicionamento. Foi por e-mail e telefone. Mas, até o momento desta edição (além do prazo acordado, 14h40), não houve retorno. Entretanto, se chegar, será divulgado na forma conveniente.
O Grupo Bunge se posiciona como “líder mundial no processamento de sementes oleaginosas e na produção e fornecimento de óleos e gorduras vegetais especiais”. Atua, portanto, de forma ampla no agribusiness brasileiro: laboratórios, sementes, insumos, esmagamento de oleaginosas, moagem de trigo, fabricação e envase de alimentos, logística, exportação etc. Assegura que as marcas detidas de produtos estão em “mais 75% dos lares” no Brasil.
A Bunge foi criada em Amsterdã, na Holanda, em 1818, por Johann Peter G. Bunge – Bunge & Co, a Bung. Começou a produzir no Brasil em 1905. Naquele ano, se tornou sócia no moinho recém-fundado da Sociedade Anonyma Moinho Santista (Moinho Santista Indústrias Gerais ) em Santos (SP). Então, fincou pé no país.
A Bunge Brasil registra que, dez anos depois, em 1914, assumiu o Moinho Fluminense no Porto do Rio, no Rio de Janeiro (RJ). Os negócios, portanto, foram importantes em sua consolidação no país, no século XX. A sede de Buenos Aires foi inaugurada em 1926. Na sequência, migrou para São Paulo (1975), e, por fim (1998), instalou a sede global muda para Nova York. Abriu capital e expandiu para Índia, China, Noroeste do Pacífico, Vietnã e Austrália.
A Bunge Brasil entrega produtos básicos (óleos, gorduras, farinhas de trigo) e ingredientes (pré-misturas e cremes) para indústrias de alimentos (linha “Indústria”) e preparos em domicílios (“Consumo”). Mas, suas principais marcas, relacionadas à panificação, confeitaria e refeição, incluem: Soya, Salada, Primor, Predileta, Suprema, Soberana, Rica, Gradina e Pré-Mescla.
O portfólio, portanto, atende ao mercado de padarias, confeitarias e restaurantes e consumo em domicílio. As marcas líderes são a Soya (óleos de soja, canola, girassol e milho), Salada (óleos de sementes “especiais”) e Primor (óleo, farinhas e gordura).
O Grupo Bunge segue, então, sua máxima: “negócio que se baseia no transporte e na agregação de valor às commodities agrícolas”. O leque vai “da exportação de trigo ao esmagamento da soja, da produção de óleo comestível à venda de fertilizantes, estabelecemos uma infraestrutura global para apoiar nossa pegada vitoriosa”. Os negócios, ainda incluem, por exemplo: elevadores de grãos, terminais portuários; moinhos de grãos; instalações de esmagamento e refinarias de sementes oleaginosas; usinas de cana-de-açúcar; e, centros de inovação.
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