Em meio à turbulência interna e sem transparência, a direção da Cemig anunciou que irá contratar comissão externa para apurar fatos que teriam provocado o afastamento de gerentes. O anúncio foi feito durante reunião da direção com o Sindicatos dos Engenheiros (Senge-MG) nessa segunda (18).
Mesmo antes da futura investigação, a estatal destituiu quatro gerentes e um superintendente, na semana passada, por razões desconhecidas dos próprios funcionários. O argumento apresentado até então seria eventual investigação aberta, e sob sigilo, pelo Ministério Público de Minas.
A diretoria do Senge contestou, no encontro, a medida, considerando-a ato de ofensa ao corpo de funcionários da estatal. Para o sindicato, o procedimento deveria ser conduzido de acordo com a lei e regras internas, que requerem Comissão de ética constituída para essa finalidade. “Agora, oficialmente, e sem exceção, os profissionais da empresa receberam um voto de desconfiança de sua atual direção”, apontou nota do Sindicato.
“O grave no caso é que, até onde sabemos, diz a regra mais elementar que, primeiro devem ser acionados os órgãos de controle interno. Só depois que vem a segunda instância, que são os órgãos de controle externo, todos à luz da legislação estadual a respeito das estatais sob seu controle. Pelo visto, a Cemig quer queimar etapas e sobrepor a legislação privada à pública. Não passarão”, afirmam os dirigentes.
Ainda no encontro, os representantes da empresa prometeram mais uma vez informar, até quinta (21), as motivações da medida. Para isso, enviarão comunicação, via AR, para as residências dos afastados. A mesma promessa havia sido feita há 10 dias.
Nesta terça, a direção sindical reuniu-se com os funcionários e os comunicou dessas decisões. Os profissionais punidos fizeram questão de dizer que não temem processo administrativo interno e o externo definido em lei.
“Não por certeza de que são serão beneficiados, mas por saberem que a transparência e a ética prevalecerão”, diz nota do Senge. A direção do Sindicato irá aguardar o comunicado prometido pela empresa aos funcionários. “O que eles querem, enfim, é a garantia do devido processo legal. E o Senge-MG está com eles nessa caminhada”.
Várias críticas e acusações estão sendo feitas contra a alta direção, desde contratação sem concurso e sem licitação, entre elas a de um coach exclusivo da presidência por R$ 156 mil/mês. Há desconfiança de que esses atos seriam o alvo da investigação do Ministério Público. Outra suspeita é que o afastamento dos funcionários estaria ligado à privatização da estatal. A direção da Cemig não quis se manifestar sobre o assunto.
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