Foi mais um dia especial e digno de entrar para a história do país. Nesse 1º de fevereiro, a emoção juntou-se ao formalismo da retomada institucional dos trabalhos do Legislativo de BH, mineiro e nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Não foi seguido apenas por protocolos do tipo abertura do ano do Judiciário e do Legislativo. Ao contrário, houve também muita tensão e ansiedade diante de disputas e de atos antidemocráticos que ainda teimam sobreviver.
Durante todo o dia, manifestações e decisões se multiplicaram, especialmente de repúdio aos ataques golpistas contra os três Poderes no dia 8 de janeiro. O STF foi um dos mais vandalizados. Pela manhã, a presidente do Supremo, Rosa Weber, abriu os trabalhos com advertências aos golpistas que depredaram as sedes dos três Poderes. Os chamou de “inimigos da liberdade“, prometeu responsabilizar a todos e disse que a democracia “permanece inabalável”.
“Não destruíram o espírito da democracia. Não foram e jamais serão capazes de subvertê-lo porque o sentimento de respeito pela ordem democrática continua e continuará a iluminar as mentes e os corações dos juízes desta Corte Suprema, que não hesitarão em fazer prevalecer sempre os fundamentos éticos e políticos que informam e dão sustentação ao Estado democrático de Direito”, pontuou a ministra.
No mesmo evento, Lula destacou o trabalho dos ministros para defender a Constituição e identificar e punir aqueles que atentaram “de maneira selvagem”, contra a vontade das urnas. “A história há de registrar e reconhecer esta página heroica do Judiciário brasileiro. […] Mais do que um plenário reconstruído, o que vejo aqui é o destemor de ministras e ministros na defesa de nossa Carta Magna. Vejo a disposição inabalável de trabalhar dia e noite para assegurar que não haja um milímetro de recuo em nossa democracia”, exaltou o presidente.
À tarde, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao confirmar a vitória em sua reeleição por 49 a 32, defendeu o combate ao discurso de ódio e o golpismo bolsonarista. Enfatizou que o mundo político precisa dar um basta a escaladas golpistas, entendendo que busca da pacificação não significa fechar os olhos para mentiras e ameaças ao Estado democrático. Sua reeleição ajudou a sepultar o terceiro turno bolsonarista.
Na Câmara, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão, foi reeleito para mais dois anos na Presidência da Câmara. Ele recebeu 464 de um total de 508 votos, o que o torna o recordista desde a redemocratização do país. Em seu discurso de vitória também condenou os atos golpistas. “Esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Quem assim atuar, terá a repulsa deste Parlamento, a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei. Para aqueles que depredaram, vandalizaram e envergonharam o povo brasileiro haverá, sim, o rigor da lei”, advertiu.
Também na tarde do mesmo dia, o deputado Tadeu Martins Leite (MDB), ou Tadeuzinho, como é mais conhecido, foi eleito por unanimidade de 76 deputados estaduais. Será o terceiro mais jovem presidente da Assembleia Legislativa, com apena 36 anos. Ele venceu interferências do governo Zema e de outros caciques contra a autonomia do Legislativo mineiro.
Em seu discurso, afirmou que preservar a independência do Parlamento mineiro será uma das diretrizes de sua gestão. “O Parlamento é independente e atua em harmonia com os demais Poderes do Estado. O diálogo que resultou na candidatura única seguirá agora após a eleição da Mesa. Não são os homens, mas são as ideias que brigam, como nos ensinou Tancredo Neves”, pontuou.
Por último, a Câmara de Belo Horizonte também deu sua contribuição contra atos antidemocráticos ao impugnar moção de repúdio feita por onze vereadores contra a independência de ministros do STF. No pedido, eles condenaram as iniciativas constitucionais do ministro Alexandre de Moraes (STF e TSE), que eles chamaram de “antidemocráticas”. Ainda bem, para a democracia e por Belo Horizonte, que eles representam uma pequena minoria conservadora e retrógrada.
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