Política

Luz vermelha acesa no gabinete de Zema com risco de derrota na Assembleia

A luz vermelha está acesa no gabinete do governador Romeu Zema (Novo), após o anúncio de dois fatos negativos para seu candidato na briga pela Presidência da Assembleia Legislativa. O primeiro foi a renúncia à candidatura pelo deputado Antonio Carlos Arantes (PL), atual primeiro vice-presidente do Legislativo. O segundo fato foi a decisão consensual da bancada do PL, que conta com nove deputados, a Tadeuzinho Leite (MDB). Do bloco independente, o emedebista está no campo oposto ao do candidato do governo, Roberto Andrade (Avante). A bancada do PL é a segunda maior na casa.

Com esse apoio, Tadeuzinho se fortalece, já que deverá ter o apoio consensual do PT, que é a maior bancada com 12 deputados, além dos aliados petistas do PCdoB, PSOL e PV. Juntos, formam federação de partidos, que chega a 22 deputados.

“Imposição, não”

Arantes retirou a candidatura a presidente depois de ter sido preterido pelo coordenador político de Zema, secretário Igor Etto (Novo). Antes, o mesmo secretário havia preterido outro aliado, Gustavo Valadares (PMN). Para muitos, ele se sentiu traído pelo governo, mas não se rebelou e se manterá aliado. Já a bancada do PL reagiu ao que chamam de ‘imposição’ da coordenação política do governo. Eles temem que o candidato governista fique refém dessa influência sobre todo o Legislativo, que não aceita mais o jugo do Executivo.

A reclamação é pela condução e não pelo nome escolhido por Igor. A bancada do PL mandou recado ao governador Zema de que continuará apoiando sua gestão e integrando sua base, mas que não aceita a subordinação. A independência dos deputados e o fortalecimento de suas posições e autonomia, as chamadas prerrogativas, foram as principais conquistas do atual mandato e legado do ainda presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PSD). Para esses deputados, o que está em disputa é a Presidência do Legislativo e não o controle político sobre a Assembleia. Esse pode ser o erro fatal do secretário da coordenação política.

Efeito dominó

Sobre as outras bancadas, pode haver um efeito dominó, porque nenhum deputado quer correr o risco de votar contra o futuro presidente da Assembleia. Por quê? porque seria fatal para a atuação no Legislativo. Se perceberem que os sinais favorecem determinado candidato, não se farão de rogados. Sabem que o mais importante é a sobrevivência política deles antes de defender o governo.

Para Zema, ficou tarde demais. Não há mais como evitar o confronto; sua articulação já avançou muito nessa direção. A política tem duas formas: a do entendimento ou do enfrentamento. Cada uma tem um custo e o mais alto é o do confronto, porque traz riscos e incertezas na hora dos acordos políticos. Coisa da velha política que o governador Zema e o partido Novo sempre criticaram e até criminalizaram.

Confronto arriscado

Tudo tem consequência na política e a escolha de Zema foi o confronto, aliás, o mesmo que está fazendo junto ao governo federal. Isso poderá colocar em risco, por exemplo, a homologação de dois de seus principais projetos, que já estão chegando à mesa do presidente Lula. São eles, o leilão do Metrô de BH e a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal.

Ainda que Zema perca a disputa pela Presidência da Assembleia, deverá ter apoio da maioria, ainda que bamba, para aprovar seus projetos como o do RRF. No entanto, o problema desse projeto não é mais da Assembleia e, sim, o governo federal.

Zema insiste em copiar esse modelo que o seu atual secretário da Fazenda implantou no Rio de Janeiro. No último dia 10 de janeiro, o governador do Rio, Cláudio Castro, reuniu-se com o presidente Lula, fazendo apelo para mudar as duras regras do RRF que agravou as contas públicas de seu estado.

Orion Teixeira

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