Medo de perder votos, insegurança do marqueteiro perante seu candidato, desorganização da campanha e, ainda, arrogância de favorito e desrespeito. Juntas, essas situações levaram Zema a fugir do primeiro debate dos candidatos a governador realizado pela Band Minas, nesse domingo (7), a 50 minutos de seu início. Durante toda a semana, o governador ensaiou estar doente para justificar possível ausência defendido pelo seu setor de marketing.
Até as 20h10, o estafe de campanha o aguardava na sede da TV, quando uma nota confirmou a ausência e expôs a armação. O governador não iria ao debate e, ainda, tentaria esvaziá-lo. O principal perdedor foi o eleitor e a democracia. A TV Band fez sua digna parte e manteve mais uma vez a tradição de realizar o debate com regras igualitárias, permitindo ao eleitor fazer escolha bem informado.
Essa seria a primeira vez que Zema passaria por um confronto, já que ele é governo. Quando um governante quer ficar mais quatro anos, ele torna a disputa plebiscitária pela qual a primeira pergunta a ser feita é se ele deve continuar ou sair. Já os problemas de Minas existiam antes dele e vão continuar depois de Zema. A questão é saber o que o atual governante fez, por que fez, o que não fez e por que não fez. Merece continuar ou não.
Fugir do debate é como tentar esvaziar ou cancelar a campanha, mas isso não será possível. Campanha é exposição, e a tendência é o candidato favorito perder votos porque será contraditado e comparado a outras alternativas e cenários. A estratégia de marketing de esconder o candidato pode manter o placar, mas sem jogar não será possível garantir o resultado. Zema e os seus continuam a olhar o placar, esquecendo-se do jogo.
Seus rivais, no debate, foram até tolerantes com a omissão dele e com a não prestação de contas. Alexandre Kali (PSD), Carlos Viana (PL), Lorene Figueiredo (PSOL) e Marcus Pestana (PSDB) respeitaram o eleitor, a Band e a democracia e apresentaram suas ideias no primeiro encontro.
Tudo somado, Zema também perdeu. Muito ou pouco? É uma conta para seu marketing fazer. Se tivesse ido, quais seriam as manchetes sobre o duelo? Diriam que houve troca de farpas e caneladas, ou seja, aquele bate-boca improdutivo mas tradicional e legítimo. Pelo menos, Zema não teria feito feio, esse papelão pela forma como fez. Poderia prestar conta de muita coisa, defender sua gestão e dar também suas alfinetadas. Não o fez e deixou a marca da ausência. Será essa a sua marca na campanha de reeleição?
O papelão ao qual me referi foi, em desrespeito à Band, comunicar a desistência na última hora, a 50 minutos no início do debate. Cinco minutos antes, suas equipes de segurança e de comunicação estavam lá participando dos sorteios sobre a ordem de fala. Alegou indisposição uma semana inteira, mas como o seguro morreu de velho, ele se preparou o tempo todo em caso de ir. Fez ioga, meditação, fez gargarejo com limão e mel, repassou o plano de governo e o arsenal de ataques. Ficou só no estágio.
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