Economia

Gasmig, patinho feio que sonha virar joia do GN

A Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) virou rabeira nas privatizações das estatais estaduais de distribuição de gás natural no Sudeste. A leitura, portanto, é de desastre para visão do Executivo e Legislativo locais.

O Governo do Espírito Santo fará audiência pública, dia 24/08, sobre o processo de venda da Companhia de Gás do Espírito Santo (ES Gás). A Vibra Energia S.A. comunicou ao mercado acionário, nesta terça (09/08), que a sessão terá “como objetivo garantir a publicidade de todas as condições relevantes da desestatização”. Vibra, atual nome da antiga BR Distribuidora, vendida pela Petrobras, é acionistas da estatal capixaba.

Vibra detém 49% das ações ordinárias (com direito a voto) do capital da ES Gás, e 60,02% na composição do capital total. O Governo do ES é o sócio controlador (51% das ações ordinárias). As partes, conforme comunicado da Vibra, pretendem vender, em leilão público, “a totalidade das ações da companhia”.

O coordenador do processo de venda da ES Gás é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A companhia tem carteira com 70 mil clientes distribuídos por 13 municípios. O volume médio comercializado, em agosto, assegura a Vibra, é de 2,2 milhões m3/dia de GN.

De acordo com o jornal A Gazeta, de Vitória (ES), a companhia foi avaliada acima de R$ 1 bilhão.

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Governo do ES optou por sair da empresa

Em meados de dezembro de 2021, a Assembleia Legislativa autorizou o Governo a vender parte ou 100% da participação. Nesta terça (09/08), portanto, a exemplo da Vibra, a Secretaria de Estado de Inovação e Desenvolvimento (Sectides) confirmou a alienação da totalidade da participação.

CEG puxou a fila no Sudeste; ágio de 75%

A Companhia Estadual de Gás (CEG), do Governo do Rio de Janeiro, figura como a primeira entre as estatais do setor, no Sudeste, a ser vendida. O leilão, no dia 15 de julho de 1997, juntamente a Riogás, rendeu R$ 622,19 milhões (valor histórico). O Governo do RJ obteve, então, ágio (sobrepreço na oferta) substancial em relação ao valor de oferta, R$ 355,77 milhões.

A CEG foi arrematada pelo consórcio multinacional: Gas Natural (Espanha), Iderdola (Espanha), Enron International (Estados Unidos) e Pluspetrol (Argentina).

Gás Rio ficou para Enro, Gas Natural e BR.

Comgas rendeu 119% acima

Dois anos depois, em 14 de abril de 199, o Governo de São Paulo fez leilão da Companhia de Gás de São Paulo (Comgas). Também de muito sucesso. Ofertou a companhia por R$ 753,5 milhões e apurou R$ 1,65 bilhão, pago Grupo BG (antiga British Gas) e Grupo Shell.

Treze anos após, o atual Grupo Cosan assumiu toda participação do BG (60%) e da Shell (16%). Assim, virou dono de 80% do capital da Comgás. Mas, em sequências de operações internas, bateu nos 99,14%, via Distribuidora de Gás e Participações (atual Compass Gás e Energia).

Diretoria da Gasmig navega pelo mundo dos sonhos

Mas, lá atrás, enquanto a Assembleia do ES autorizava a venda da ES Gás, na Assembleia de Minas Gerais (ALMG), o presidente da Gasmig, Pedro Magalhães, repaginava mesmo lero-lero de 1º de janeiro de 2019, da posse do governador Romeu Zema. O compromisso de privatizar estatais, na campanha de 2018, rendeu apoio do empresariado.

Governo Zema, entretanto, não obteve autorização da Assembleia. Nesse mar, então, só alienou carne de pescoço da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e outras.

A Gasmig é controlada pela Cemig (99,6%) e Prefeitura de Belo Horizonte (0,4%). Cemig, por sua vez, é controlada do Governo de Minas.

Mesmo não sendo um filezão, tipo CEG, Comgás e ES Gás, o presidente da Gasmig vendeu aos deputados da Comissão Extraordinária de Privatização o sonho de arrematar R$ 8 bilhões em leilão.

Na semana passada, entretanto, pesquisa de opinião pública divulgada pela DataTempo (protocolada no TSE e no TRE) mostra 62,9% contrários às privatizações das estatais mineiras. Especificamente com relação à Gasmig, por exemplo, rejeição de 53,9% à proposta de Zema.

Isso, pode, portanto, refletir negativamente sobre o valor de mercado da Gasmig. Além disso, o pessoal a companhia precisa olhar para diferenças de mercados do Rio e São Paulo. Deve, então, baixar a bola bilhões chutada aos deputados.

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Nairo Alméri

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