Política

Sindicatos acusam Cemig de afastar gerentes contrários à privatização

Mais um sindicato se manifestou contra demissões feitas pela direção da Cemig, vinculando-as ao projeto de privatização da estatal. Depois do Sindieletro/MG, o Sindicato dos Engenheiros de Minas (Senge/MG) acusou tentativa de “desmonte de mais uma estatal estratégica brasileira”. No meio da semana, a companhia energética afastou quatro gerentes e um superintendente após investigação do Ministério Público Minas (MP/MG).

A Procuradoria do Patrimônio Público abriu inquérito sigiloso para investigar denúncia de supostas irregularidades cometidas na diretoria da Cemig, sob a gestão Romeu Zema. Um pedido de CPI para investigar decisões da empresa foi abortado, na Assembleia Legislativa, no início do ano passado, por conta pandemia. Em novembro do mesmo ano, a Comissão de Minas e Energia da Assembleia pediu esclarecimentos sobre a tentativa de venda do edifício-sede da Cemig.

CVM e MPT serão acionados

Na defesa dos profissionais afastados, o Senge-MG irá acionar a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Cabe à CVM fiscalizar possíveis atos ilegais de administradores e acionistas das companhias abertas. E mais, exigir a obrigatoriedade de uma SA divulgar fatos relevantes ao mercado, dentre outras atribuições, aos acionistas da empresa. “Particularmente os pequenos”.

Na avaliação do sindicato, nos seus legítimos direitos de ampla defesa, os trabalhadores não podem assistir passivos seus nomes e idoneidades profissionais serem colocados sob suspeição. Além da CVM, o Senge irá pedir a intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT). “Afinal, tudo leva a crer que ações intempestivas na atual gestão da Cemig podem não estar restrita à superintendência ora em foco”, observou, a respeito da campanha contra os funcionários afastados.

Estatal diz que irá colaborar com investigação

A Cemig disse, sobre a investigação, que irá colaborar com o MP, que, por sua vez, se resguardou sob o sigilo do processo. A falta de transparência da direção parece esconder fatos mais relevantes e irregularidades da alta cúpula em sua determinação de privatizar a empresa, que, em 2022, completará 70 anos. Várias decisões estariam sendo investigadas pelo Ministério Público, entre elas o fato de contratar sem licitação o escritório de advocacia Lefosse, banca da qual fez parte um dos atuais diretores da estatal. A direção também ignorou estatuto interno ao preterir funcionários de carreira em postos diretivos. Como são da casa, seriam contrários à privatização. Está contratando outros sem concursos, de acordo com o Sindieletro.

Outra medida refere-se à possível mudança da sede da empresa para o Estado de São Paulo. Sobre essas situações, a empresa manifesta-se burocraticamente. Diz que contratou o escritório de advocacia de acordo com a lei e que a criação de sede na capital paulista seria iniciativa de ampliação da empresa.

A partir deste ano, o terceiro de sua gestão, o governador Romeu Zema (Novo) irá priorizar a privatização da estatal, convencido de que, em 2022, por conta da eleição, seria impossível.

Confira a nota do SengeMG

O Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG) manifesta sua irrestrita solidariedade aos funcionários da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) afastados de suas funções pela gestão da Sociedade Anônima, que conta com participação do Governo do Estado de Minas Gerais.

Após reunião com os profissionais, o Senge-MG entende ser muito grave a situação vivida pela empresa. Por isso, este Sindicato defende que a sociedade, parlamentares, acionistas e órgãos de controle precisam agir sem demora no sentido de resguardar o importante patrimônio do povo mineiro.

Afora isso, o Senge-MG manifesta seu repúdio à exposição da reputação dos profissionais, antes que eles tivessem direito a uma justa defesa. Essa prática nociva de condenar, antes de se apurar a verdade, é que levou o Brasil à sua pior crise econômica, política, jurídica, moral e social em todos os tempos.

Sindicato cobra esclarecimento

O Senge-MG, além de exigir imediata reunião com a direção da Cemig para esclarecer o afastamento intempestivo, entende que é preciso total transparência sobre o ocorrido. Por isso, faremos chegar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a presente manifestação, para que essa também se manifeste.

A CVM, a quem cabe fiscalizar possíveis atos ilegais de administradores e acionistas das companhias abertas, bem como exigir a obrigatoriedade das SA divulgar fatos relevantes ao mercado, dentre outras atribuições, deve isso aos acionistas da empresa. Particularmente os pequenos.

Nos seus legítimos direitos de ampla defesa, os trabalhadores não podem assistir passivos seus nomes e idoneidades profissionais serem colocados sob suspeição. Por isso, o Senge-MG conclama os profissionais da imprensa a se aprofundar nessa história de desmonte de mais uma estatal estratégica brasileira.

Na estrita defesa do exercício profissional dos afastados, o Senge-MG pede também a intervenção do Ministério Público do Trabalho (MPT). Afinal, tudo leva a crer que ações intempestivas na atual gestão da Cemig podem não estar restrita à superintendência ora em foco.

Aos demais trabalhadores da Cemig, e suas entidades representativas, o Senge-MG pede a solidariedade aos companheiros de trabalho para que se unam no sentido de impedir que a empresa os use como fator de pressão para com colegas de profissão ou subalternos.

O Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais tem uma história recheada de exemplos de lutas em defesa da engenharia nacional e de suas empresas estratégicas. Companheiros afastados, vocês não estão sós. O Senge-MG está com vocês.

Belo Horizonte, 15 de janeiro de 2021

LEIA MAIS: Novo presidente da Cemig foi escolhido com participação direta de João Amoêdo

Orion Teixeira

Ver Comentários

  • Essa empresa de quinta categoria já deveria ter sido privatizada há 30 anos. A CEMIG é uma morta-viva que insiste em sair do caixão. PRIVATIZAÇÃO JÁ.

  • Na hora de aceitar o cargo de gerente todos aceitam o termo falando que é temporário. Mas estão acostumado com a empresa servindo aos interesses pessoais deles, agora tem uma boa gestão acham ruim.

  • Não pode perder a oportunidade de privatizar a Cemig! A hora é agora ! Temos à frente do Estado um governador honesto e liberal! Se não privatizar na atual gestão, há um risco de, no futuro, assumir um grupo de esquerda e aí, babau ! Temos tb que dar um basta nesta ditadura sindical . A Ford deixou o Brasil por não conseguir competir com outras montadoras mas a ditadura sindical, custo Brasil e a pesada legislação trabalhista ajudaram a pregar o caixão !

      • Ô babaca! Vc não tem argumento não ? Tá apelando ? Vc com certeza deve ser um desses folgados que vive as custas do poder público !

        • Deixa de ser bobo, Daniel Soares. A Ford assim como muitas outras empresas saíram do Brasil não por conta de "custo Brasil". Isso é uma lorota que te contaram e vc engoliu sem mastigar. O custo pra empresas em países desenvolvidos, como nos próprios EUA, é bem maior que o do Brasil. A Ford saiu pq o capitalismo brasileiro não entendeu direito até hoje como funciona o capitalismo, que tem seu maior alicerce no consumo das massas. E no Brasil o que tem sido feito é tirar o poder de compra das massas, com "reformas" que apesar de apoiadas por gentinha como vc (que imagino que não seja elite), só atende ao interesse da elite financeira, e principalmente, a elite financeira estrangeira, já que assim nosso país não desenvolve sua economia, sua indústria etc pra ficar alimentando a economia estrangeira. Sua burrice convicta chega a dar pena (de vc e do Brasil por ser tão comum essa ignorância pedante por aqui). Privatização é bandeira de pobre de direita cabaço.

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