Política

Zema se arrisca ao tentar ser apenas o plano C de Bolsonaro

Por influência de novo marqueteiro, o governador Zema (Novo) desperdiça eventuais chances ao deixar de construir um capital político para se aventurar no mundo bolsonarista. Depois de marcar posição como o ‘maior antipetista do mundo’, Zema agora quer conquistar a confiança de Bolsonaro e ser o número dois dele na disputa presidencial. Até o momento, o número 1 é o governador paulista, Tarcísio Freitas (Republicanos), por ser bolsonarista com maiores chances de vencer Lula em 2026 e, se eleito (e se for o caso), tirar Bolsonaro da cadeia. Antes deles, o ex-presidente tem ele mesmo como plano zero, apostando na recuperação da elegibilidade.

Ainda assim, o que faz Zema? Atropela regras eleitorais para exibir vídeo eleitoreiro no qual defende pautas bolsonaristas atuais, entre elas a anistia, dando-lhe até sentido evangélico. A iniciativa é oportunismo político de ocasião, apesar de a maioria da população ser contra a anistia (54%, de acordo com a Quaest).

Tanto é que Zema nunca fez críticas, por exemplo, aos excessos e punitivismo da Lava Jato que o seu marqueteiro conheceu bem. Também não se preocupa com os presos provisórios, quase a metade do sistema prisional, que ficam detidos mesmo sem julgamento. Não fez nenhum projeto de lei nesse sentido, e a última ação com esse objetivo, feita em grande convênio com o sistema de Justiça, ainda não chegou lá. Afinal, quem vai ligar para os presos?

Voltando ao bolsonarismo, Zema participou, no domingo (6), de ato na Paulista para defender o ex-presidente. Acredita na força do bolsonarismo, de 30% do eleitorado. Com isso, vai desperdiçando o patrimônio político que uma boa gestão no governo de Minas poderia lhe trazer. Só para lembrar, o último governador mineiro (Aécio Neves) que virou candidato presidencial, ganhou protagonismo no plano nacional porque buscou alcançar antes os 70% de aprovação no estado.

Zema acha que esgotou sua missão por aqui e larga a gestão com o vice, Mateus Simões (Novo), entendendo ser estratégia acertada para a eleição dele. Simões, para governador, e Marcelo Aro (secretário de Governo), a senador, só terão sucesso se Zema estiver bem no estado.

Esforço do marketing

Contratado para cuidar das pré-candidaturas de Zema, Simões e Marcelo Aro, o marqueteiro Renato Pereira ganhou reforço. Simões contratou o marqueteiro Alberto Lage sob a crença de que uma coisa é uma coisa e que a outra não é a mesma. A palavra final deverá ser de Pereira. Pode ser que, agora, o marqueteiro esteja buscando a identidade do governador com o bolsonarismo por entender que os indicadores da gestão dele não lhe dariam argumento nacional.

Dever de casa

Governador por duas vezes, o deputado federal Aécio Neves (PSDB) incentiva aliados a defenderem sua volta ao Governo de Minas. Paralelamente a isso, atuam pela recuperação de sua imagem e liderança, desconstruída por denúncias pesadas, e de seu partido, o PSDB. Antes de quaisquer movimentações, a primeira iniciativa seria fazer o dever de casa, qual seja, voltar para a casa. Onde ele mora? Em Brasília, Rio ou Santa Catarina? Em Minas, é sabido que não é, apesar de ter endereços em BH, São João del Rey (Vertentes) e Cláudio (Oeste).

Gesto de confiança

Com apenas uma semana empossado plenamente no cargo, o que faz o prefeito de BH, Álvaro Damião (União)? Vai para o exterior e deixa em seu lugar o sucessor imediato, o presidente da Câmara de BH, o vereador Juliano Lopes (Podemos). Esse não é um aliado, é bom que se diga, mas também não é um inimigo. Diz que está com boa vontade, mas a política é dinâmica e a vaidade é traiçoeira. Damião viaja para a capital peruana e, com essa agenda, faz gesto de confiança na recuperação da boa relação com Juliano e a Câmara, onde o ambiente político não lhe é favorável. O que Juliano irá fazer, Damião não sabe, talvez, não faça nada. Ele não pode esquecer a lição de Fuad Noman, que nunca viajou porque não confiava no sucessor imediato, Gabriel Azevedo (então presidente da Câmara).

Testes políticos para Aro

Apontado como um dos derrotados na eleição da Associação de Municípios Mineiros (AMM), o secretário de Governo, Marcelo Aro (PP), contesta a narrativa e a de que esse tenha sido o 1º teste político no cargo. Diz que não entrou na campanha de um ou de outro porque tanto Marcos Vinicius, atual presidente da entidade, e Luís Eduardo Falcão, prefeito de Patos de Minas (Alto Paranaíba), seriam aliados. Falcão venceu por mais de 70 votos. Ainda assim, Aro terá que lidar com a versão do meio político. Teste pra valer, o secretário terá nesta semana, se a oposição permitir, na votação de 5 dos 6 vetos do governador, já que o governo desistiu de um (sobre a criação de cães e gatos de raça).

Sem reeleição na AMM

Falcão tomará posse na Associação em 7 de maio e, em seu primeiro ato, deverá cumprir uma das promessas de campanha. Ou seja, retirar do regimento interno o direito de ex-prefeito ser candidato a presidente da entidade. Esse foi um de seus lemas de sua campanha contra o concorrente, Marcos Vinicius, atual presidente, que disputou a reeleição na condição de ex-prefeito (Coronel Fabriciano, no Leste). Sendo assim, o futuro presidente da AMM encerrará seu mandato em 2027, e sem direito à reeleição, já que terá cumprido o 2º mandato de prefeito.

Orion Teixeira

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