A holding J&F Investimentos, dos irmãos Joesley e Wesley Batista (Grupo JBS), ganhou nesta sexta (30/07), na Justiça de São Paulo, o direito de continuar no controle da Eldorado Brasil Celuose S.A. A indústria, de três Lagoas (MS), é alvo disputa entre J&F (50,59%) e a Paper Excellence (49,41%), da Indonésia. A multinacional disputa os 100%.
O imbróglio, tem lances com o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) – ver abaixo. E oferece uma gangorra de altas e baixas para os lados em litígio. Briga vem de setembro de 2017, quando a parte brasileira concordou e vender. A Eldorado é uma das maiores do país no segmento de celulose.
Nesta sexta, a 2ª Turma do Tribunal de Justiça de São Paulo, acatou do desembargador e relator José Araldo da Costa Telles, e deu outra vitória à J&F. Portanto, a Eldorado fica, por enquanto, não será 100% da Paper Excellence. A decisão, portanto, derruba vitória de primeira instância pró-indonésios.
Todavia, a liminar não suspende a negociação. Impede, tão somente e neste momento, a transferência das ações, aprovada em foro arbitral (Câmara de Arbitragem). Atende, portanto, questionamento da J&F de “impedimento” de um dos integrantes da arbitragem. Ou seja, muito mais água vai rolar por debaixo dessa ponte de gigantes.
J&F enfrenta o bilionário Jackson Widjaja
O Grupo Paper Excellence, com sede na Holanda, é representado pela CA Investiment (Brazil) S.A. A CA Investment, por sua vez, é uma holding com sede na Holanda e controlada pelo bilionário indonésio Jackson Widjaja.
Eldorado produziu 1,7 milhão t em 2020
O complexo da Eldorado é verticalizada, ou seja, se abastece com madeira em florestas próprias. Tem parque fabril com capacidade nominal para 1,5 toneladas/anuais de celulose de fibras de eucalipto. Mas, em 2020, produziu 1,770 milhão de toneladas, portanto, 1% a menos que em 2019. Mas, as vendas, de 1,799 milhão t, foram 5% acima. A fábrica está em produção desde 2012.
Briga do bilhões da J&F foi parar no ICC
Esse imbróglio é enciclopédico em tudo. Começa na primeira instância, na 4 ª Vara Cível de Três Lagoas (MS), passa pela 2ª Vara Empresarial de Conflitos de Arbitragem da Comarca de São Paulo (SP) e chega ao TJSP. E envolve, de quebra, ex-minoritário na Eldorado
Negócio e a briga sobem a casa dos bilhões de reais. Em 2020, a Eldorado registrou receita líquida de R$ 4,4 bilhões, ou seja, 4% superior ao ano anterior, mas, apresentou prejuízo de R$ 108 milhões, contra lucro de R$ 541 milhões, em 2019. Motivo: perdas cambiais.
No final de 2019, o Tribunal Arbitral da Chamber Of Commerce (ICC), de Paris, orientou a Paper Excellence a depositar R$ 11,2 bilhões, como garantia de pagamento à J&F. O ICC não é um tribunal clássico, mas instituição de arbitragem e existe desde 1919.
Eduardo Bolsonaro segurou ‘cheque’ de R$ 31 bilhões
O eterno Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está dentro. Ou seja, com o BNDES entra Governo. No rastro dos gabinetes, os eternos interesses políticos – muitas das vezes sem transparências e, até mesmo, escusos.
Quando a pendenga entra na seara política, aparece o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (eleito pelo PSL-RJ e sem partido). Há dois anos, em julho de 2019, o deputado viajou à Indonésia. Teve encontro com o bilionário Jackson Widjaja. Ambos aparecem, como registro festivo da reunião, em Jakarta, em foto segurando um enorme cheque ilustrativo de papelão, de R$ 31 bilhões. Esse seria, portanto, o valor de investimentos comprometidos pelo empresário ao Governo Bolsonaro.
Pro Mourão, papagaio menor: R$ 27 bilhões
Acontece que, dois meses antes, portanto, em maio de 2019, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), também esteve em Jakarta. E se reuniu com Widjaja. E, seguindo o ritual lobista do indonésio, posou para foto com um checão. Porém, para o general mais magro R$ 4 bilhões.
Entretanto, pode-se dizer, também, o inverso: que do general para o filho de Bolsonaro, engordou R$ 4 bilhões .
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