A notícia de privatização da Tap Air Portugal (TAP) colocou o bode na sala da Azul S.A. Motivo: a companhia brasileira fez, em 2016, empréstimo financeiro em euros equivalente a R$ 1,2 bilhão (valor atualizado) para a TAP, convencimento para 2026.
Mas, além da preparação de saída do Governo de Portugal do capital da TAP, preocupa a Azul descumprimento parcial de cláusulas do contrato. Isso está dito em comunicado de quarta (02/10). A companhia aérea brasileira, no documento à Bolsa de Valores B3, não revela, todavia, quais foram os descumprimentos.
Antecipação do vencimento
A Azul contratou um escritório de advocacia, em Portugal, para defesa dos interesses, entre os quais a antecipação do vencimento do empréstimo, na época, de € 90 milhões.
O controle da TAP é 100% do Governo de Portugal. O processo de privatização será com oferta de 51% das ações do capital. Ou seja, é um retorno da empresa ao setor privado.
Dinheiro voou como “aplicação”
Azul contabilizou a operação com a TAP na rubrica das “aplicações financeiras”. Do lado da TAP, “reconhecida como dívida”, destaca o comunicado à B3. Ao contrário da praxe adotada pelas companhias, o diretor de Relações com Investidores, Alexandre Wagner Malfitani, não assinou o aviso.
Azul opera no vermelho e com patrimônio líquido negativo
No 1S24, as receitas da Azul tiveram crescimento residual em comparação com mesmo período de 2023, de R$ 8,732 bilhões para R$ 8,851 bilhões. Como resultado final, entretanto, exibiu evolução exponencial do prejuízo líquido, de R$ 712 milhões para R$ 4,859 bilhões.
De 31 de dezembro para 30 junho último, o patrimônio líquido negativo da Azul evoluiu 22,7%, de R$ 21,327 bilhões para R$ 26,166 bilhões. A conta do ativo total era de R$ 22,831 bilhões.
Azul atribui o péssimo desempenho a fatores de mercado, mas também à tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, no 2T24.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
O “empréstimo financeiro” da Azul para a TAP é uma operação bem confusa e que ainda trará muita discussão. O Fato é que, ao que parece, o referido “empréstimo” foi feito com dinheiro da própria TAP e agora a Azul quer receber um valor que jamais colocou. Muita água vai rolar!