Com 2026 na cabeça, vice de Zema põe aliada em estatal Com 2026 na cabeça, vice de Zema põe aliada em estatal

Com 2026 na cabeça, vice de Zema põe aliada em estatal

Vice-governador Mateus Simões é pré-candidato a governador em 2026, foto Dirceu Aurélio/Agência Minas

Com argumentos contraditórios, o governo Zema troca o comando da estatal do nióbio, tida como a joia da coroa, cujo valor de mercado supera R$ 30 bilhões. Vai nomear a secretária de Planejamento, Luísa Barreto (Novo), aliada do vice, Mateus Simões (Novo), pré-candidato a governador em 2026, no lugar do economista Sérgio Lopes. Além da presidência, mudará todas as diretorias.

Quem comanda essa estatal chefia também a Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas), que é subsidiária. Em parceria com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM, empresa privada), dedica-se à exploração do nióbio.

A alegação oficial é técnica, segundo a qual ela irá realizar adequações necessárias para viabilizar a federalização da estatal ou, em outra hipótese, privatizá-la. Nesse ponto, o mercado estranhou diante do preparo maior do atual chefe da estatal, que já apurou o valor de mercado da empresa.

Quarentena ou não?

Poderá ainda haver questionamentos legais sobre a mudança diante de eventual quarentena de 90 dias que a lei de estatais cobraria para quem tem ligações partidárias ou disputou eleições. Luísa Barreto foi a candidata a vice-prefeita de BH de Mauro Tramonte (Republicanos), que ficou em 3º lugar, em outubro passado. Já há, no entanto, exemplos vários desse atropelo legal, flexibilizando a exigência.

Braço político

Justificativas à parte, o projeto é mais político do que técnico. A decisão da mudança foi tomada por Simões, que pretende ter na Codemge um braço político e de gestão de seu projeto eleitoral junto aos prefeitos mineiros.

No artigo 5º da Lei nº 24.601, de 2023, ficam o Poder Executivo e a Codemge autorizados a repassar recursos financeiros aos municípios em decorrência da municipalização de rodovias ou trechos rodoviários. O segredo aí é que o repasse dos recursos financeiros é feito por meio de indenização aos municípios e não por convênio, que impõe destinação específica. Ou seja, no modelo indenização, o município dará a destinação que quiser.

Os recursos poderão ser do orçamento fiscal do Estado ou da Codemge ou de qualquer de suas subsidiárias. Além da municipalização de estradas, a Codemge tem sido poderosa máquina de financiar eventos pelo estado, como por exemplo, o Carnaval de BH e de outros municípios.

Codemig vai ao STF contra TCE

Ante o cenário desfavorável no Tribunal de Contas do Estado (TCE), a Codemig deverá recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a obrigação de uma de suas empresas prestar contas. O argumento é que a sua controlada, a Comipa (Companhia Mineradora do Pirocloro de Araxá), seria privada e não estaria sob a fiscalização de órgão público controlador de contas públicas. O argumento foi rejeitado no TCE porque a estatal tem o Estado como principal acionista.

Além de ficar contra a transparência, a Codemig ainda pediu ao TCE que a decisão seja tomada pelo pleno da corte (sete membros) e não pelo conselheiro relator Durval Ângelo. No próximo dia 13 de fevereiro, Durval Ângelo assume a presidência do órgão. Daí o recurso à Suprema Corte.

(*) Publicado no Jornal Estado de Minas

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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