Empresários criticam projeto de Zema que mantém aumento de ICMS Empresários criticam projeto de Zema que mantém aumento de ICMS

Empresários criticam projeto de Zema que mantém aumento de imposto

Audiência pública debate proposta com empresários na Assembleia, foto Sarah Torres/ALMG

Representantes da indústria e do comércio criticaram o projeto do governo Zema (Novo) que prorroga aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. A manifestação foi feita durante audiência pública na Assembleia Legislativa, para discutir o PL 1.014/19. A proposta mantém a cobrança adicional de 2% no ICMS sobre produtos supérfluos (tais como cigarros, bebidas alcoólicas, celulares e armas) e serviços de comunicação.

A audiência foi convocada pelo deputado Bartô (Novo), que é presidente da Comissão de Defesa do Consumidor. Apesar de ser do mesmo partido de Zema, Bartô faz oposição a esse projeto, seguindo orientação do programa partidário. A elevação da alíquota, de 25% para 27%, foi aprovada em 2015, no governo de Fernando Pimentel (PT). Sua vigência foi de quatro anos, de 2016 e 2019. O projeto de Zema mantém essa cobrança até 2025. Parte dos recursos, deverão financiar o Fundo de Erradicação da Miséria (FEM).

Alta carga tributária no estado

A principal reclamação dos empresários é que o ICMS de Minas já é alto. “A conjuntura fiscal de Minas é difícil, mas é preciso gerar receita com crescimento, com emprego e renda. É assim que se combate a desigualdade social”, afirmou o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas, Aguinaldo Diniz Filho.

Juselder Cordeiro da Mata, diretor da Associação de Direito Tributário (Abradt), alertou para a “transferência de ônus” para o consumidor. Especialmente no momento de desaceleração da economia. “É preciso buscar a distribuição de renda via desenvolvimento do setor produtivo”, reiterou Flávio Bernardes, advogado e doutor em Direito Tributário.

“Redução de imposto atrai crescimento”

Ele propôs a discussão sobre o impacto do aumento de impostos na arrecadação, com base na chamada Curva de Laffer. De acordo com essa teoria, a arrecadação aumenta até um certo ponto, a partir do qual os impostos passam a ser tão altos e prejudiciais ao setor produtivo, que a arrecadação cai. Segundo ele, o setor sucroalcooleiro tem estudos que comprovam o potencial de crescimento a partir da redução do ICMS.

Fernando Rodrigues, presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerante do Brasil, apontou desigualdades entre pequenas e grandes empresas. Argumentou que, para as pequenas, a majoração em 2% faz muita diferença. Segundo ele, Minas também perde arrecadação porque as grandes empresas do setor usam benefícios do Polo Industrial de Manaus.

Tratamento desigual

Quem também criticou o projeto foi Paulo Honório de Castro Júnior, presidente do Instituto Mineiro de Direito Tributário. Ele salientou que a comunicação em multimídia (internet banda larga) é a que mais cresce no setor. De acordo com ele, a maior parte dessas empresas são de pequeno e médio porte., “No entanto, têm mesmo tratamento tributário dado às grandes”, criticou.

“Onze estados têm a base de cálculo reduzida para essas empresas. Em alguns, ela chega a 10%. Em Minas será 27%”, comparou. Segundo ele, 825 empresas têm autorização da Anatel para operar no Estado. Elas atuam, sobretudo em cidades do interior, onde chegam a ter mais de 60% do mercado. Honório Júnior frisou, ainda, questionamento no Supremo Tribunal Federal contra majoração de alíquota para comunicação (serviço essencial).

Deputados divididos

O PL recebeu parecer favorável em três comissões e parecer contrário na comissão de defesa do consumidor. De um lado parlamentares e governo do Estado defenderam a aprovação da proposta, em função da crise fiscal. Apoiam também a vinculação dos recursos ao Fundo de Erradicação da Pobreza (FEM). De outro, parlamentares criticam a alta carga de impostos. Defendem a necessidade de se aumentar a arrecadação via crescimento do Estado, e não pela tributação.

A utilização dos recursos em despesas correntes do Executivo, como pagamento de pessoal, também foi defendida.

Estado não abre mão de R$ 850 milhões

Para o Estado, a não prorrogação da alíquota significa abrir mão de cerca de R$ 850 milhões em arrecadação. A informação é do secretário-adjunto de Fazenda, Luiz Cláudio Fernandes Lourenço Gomes. Ele destacou que a administração vem fazendo ajustes para reduzir a despesa, mas que os efeitos dessas medidas não são imediatos.

Parlamentares criticam

Os deputados Bartô e Elismar Prado (Pros) se posicionaram contrários ao PL 1.014/19. Para Bartô, a alta carga tributária favorece a sonegação, e os sonegadores acabam premiados por regularizações de crédito que desoneram as dívidas. “Os impostos majorados por muito tempo prejudicam os negócios”, reiterou.

Já Elismar Prado chamou de “cruel” a carga tributária e enfatizou o sofrimento das pequenas empresas. Segundo ele, o consumidor final é quem paga a conta dos impostos.

Aliado defende proposta

Na defesa da proposição, Guilherme da Cunha (Novo) argumentou que 20 dos 26 estados brasileiros adotam prática semelhante. Segundo ele, a alíquota dos serviços de comunicação em Minas só é maior que a de seis estados. “Estamos no caminho certo”, frisou, citando a abertura de 524 novas lojas no Estado neste ano, até setembro.

Para o deputado, o fim do adicional do ICMS geraria mais dívidas em Minas, com perda da confiabilidade dos investidores. Virgílio Guimarães (PT) também defendeu a análise do projeto à luz da realidade do Estado.

Vinculação com o social

Já André Quintão (PT) propôs uma conciliação entre as várias abordagens, de forma a atender a “inspiração social”. Para ele, é preciso fazer a vinculação legal do imposto sobre supérfluos ao FEM. E é possível, ainda, fazer justiça tributária poupando as pequenas empresas. “Mineradoras têm renúncia fiscal na taxa de fiscalização de 60%. Vamos compensar aí”, sugeriu.

Zema prorroga aumento de imposto por ajuste fiscal e contraria o Novo

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Sebastiao Nogueira

Reduzir de imediato o incentivo a mineradoras é o melhor caminho.

leo pardense

cigarro causa um mal terrível a saúde e aumenta a fila por atendimento no sus, bebida alcoólica idem. ainda estão na dúvida se aumenta os impostos desses produtos? quem mata mais que pague mais impostos