Caos no câmbio para ofuscar 30 anos do Real - Além do Fato Caos no câmbio para ofuscar 30 anos do Real - Além do Fato

Caos no câmbio para ofuscar 30 anos do Real

  • por | publicado: 03/07/2024 - 14:07 | atualizado: 05/07/2024 - 13:18

Cédula de R$ 1 lançada pelo Plano Real, em 1º de julho de 1994 - Crédito: YouTube

O câmbio, na relação real-dólar norte-americano, vive sob clima de turbulência patrocinada, irresponsável e danosa à economia interna. Não há um só fato conjuntural econômico, no país e exterior, que justifique a permanente perda de valor da moeda nacional.

Os ataques do Planalto à gestão das taxas de juros Selic (10,50% ao ano), portanto, são cortina de fumaça a serviço de casuísmo político eleitoreiro.

A raiz do propósito do Partido dos Trabalhadores (PT), nos ataques à política de juros do Banco Central, está nas eleições municipais daqui a 90 dias. Pouco importa, então, a extensão dos estragos, desde que assegure, por exemplo, assumir a Prefeitura Municipal de São Paulo. Comandar essa prefeitura é fundamental aos objetivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para 2026.

O PT, nessa obsessão do poder pelo poder, impôs a Lula botar pressão nos ataques à Selic. Mas principalmente ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerrará em 31 de dezembro.

Lula (por desconhecimento e/ou conveniência), ao exigir que os juros despenquem de uma só vez, atropela lógicas e variáveis de fundamentos econômicos. Entre estes, os que influenciam na meta de inflação e o controle monetário.

Joga para eleitorado do Bolsa Família

Os ataques mais intensos e raivosos de Lula contra o presidente do BC estão claramente no tobogã da campanha política do PT. O petista, para ganhar fôlego até 2026, precisa também sair de índices de baixa e/ou regular aprovação. Pouco importa o custo.

Essa loucura explícita, entretanto, encontra simpatizantes além do PT. Aplaudem, claro, os eleitores teleguiados do Bolsa Família.

No lado oposto àquela massa de eleitores, de carona no circo de Lula, tiram proveito da desvalorização cambial os exportadores de commodities in natura e/ou semiacabados (minério, carne, ferro-gusa etc.). Este bloco, todavia, chora de pires na mão quando as cotações internacionais oscilam negativamente. A gritaria é maior quando a economia da China faz pausas.

Desvalorização de 16,97% do real

Lula e o PT impuseram, então, uma irresponsável maxidesvalorização a conta-gotas no 1S24. O câmbio partiu de R$ 4,8539, por dólar norte-americano, em 1º de janeiro, para R$ 5,6774, ontem (02/07). A moeda nacional se desvalorizou (perdeu valor) 16,97%.

Ignoram que rombos no orçamento alimentam os juros

A dupla PT/Lula montou um gabinete do ódio público contra o presidente Campos Neto. Mas, ao que parece, algum assessor mais responsável deve ter alertado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sobre o porquê de o país manter média de juros bem acima das economias resolvidas. Haddad permanece quase mudo, à sombra do chefe.

Sem juros elevados, o Tesouro Nacional não atrairá investidores para os títulos que oferece no mercado. É com eles que o Governo Lula financia os rombos no orçamento (gastos e as emendas parlamentares  – compra de apoio no Congresso), ou seja, seguir com despesas acima da arrecadação. O outro caminho é aumentar e criar mais impostos. Isso pressiona a economia, por mais que o PIB cresça.

PT e Lula usam o modelo DIP de Vargas

Em paralelo às diárias declarações odiosas à autonomia do BC e seu presidente, o PT e Lula passaram a envolver emissoras de rádios por onde fazem suas campanhas. As perguntas passam, claro, por pente-fino prévio. É uma imitação do temido Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).

O DIP foi criado pela ditadura do estado Novo, em 1939, na Era Vargas, e difundia a ideologia e propaganda do regime.

No conjunto da obra dessa raivosa postura petista, turbinada no final do 1T24, fez o câmbio deu salto de vara. Na semana 09/04 a 16/04, saiu de R$ 5,088 para R$ 5,2872.

Estava, pois, criado marco do capítulo de impropérios mais descontrolados de Lula contra o presidente do BC, no país e exterior.

Para sombrear os 30 anos do Plano Real

Lula, nessa cruzada e manipulado por radicais extremistas do PT, botou pressão acima do vapor disponível, à medida em que finalizava o 1S24. Isso considerava a aproximação do 1º de julho. Foi nesse dia, em 1994, o lançamento do Plano Real. Com ele, o país completa 30 anos de estabilização da moeda e o controle da inflação.

Plano real garantiu a Fernando Henrique a eleição para presidente da República, ainda em 1994 – Foto: Divulgação/Fundação FHC/Redes Sociais

O Plano Real chegou no Governo Itamar Franco (falecido), concebido por equipe de economistas criada pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Marcou o fim do histórico das sequências de planos de choque econômico e ambiente de hiperinflação – mensal de até 81,5% e anuais acima dos quatro dígitos.

A visibilidade aos 30 anos de sucesso do Real, foi interpretada por mentores e tutores políticos de Lula como um obstáculo nestas eleições. Era preciso, portanto, criar barreiras populares e pirotecnias contra as comemorações.

Mas, para não ficar tão ridículo, o petista fez visitinha, no dia 24 passado, de 30 minutos ao ex-presidente Fernando Henrique, que está com 93 anos. FHC, com sucesso do Real, derrotou Lula em 1994 e 1998.

O Planalto não consegue atingir Roberto Campos Neto por alguns motivos. Um deles: o chefe do BC é mais inteligente e competente que todos os ministros do Governo Lula juntos. Isso deve causar enorme raiva no petista, bem mais que o fato dele ter sido nomeado no Governo Bolsonaro.

O Plano Real é um sucesso. No lançamento, Lula e o PT foram contra.  

Noticiário chapa branca

A imprensa, lamentável, estacionou no modo chapa branca.

Se o Planalto der férias coletivas aos profissionais da Agência Brasil, Voz do Brasil e TV Brasil continuará bem servido. O que mais se houve no rádio, por exemplo, é um festival de declaratório: “O presidente Lula disse…; “O presidente Lula falou…”; “O presidente Lula garantiu…”.  Beira a máxima desmoralização do noticiário isento.

Nos jornais, tudo igual, um verdadeiro pool do mesmo – um agencião.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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