Americanas S.A., em recuperação judicial, por conta de rombo superior a R$ 47 bilhões escondido nos balanços, diz, entretanto, que toma cuidado contra “notícias imprecisas” nos veículos de comunicação. Essa postura foi anunciada diante de questionamento apresentado ontem (12/04) pela Bolsa de Valores B3 (Brasil. Bolsa. Balcão) sobre operações com suas ações.
Ora, bolas! A falsa solidez da companhia veio a público, em 11 de janeiro, não por informações inverídicas da imprensa. Mas, por má gestão. Isso foi relatado, na época, pela cúpula de gestão da rede em nota de renúncia aberta ao mercado de financeiro.
Naquela data, portanto, o diretor presidente (Sérgio Rial) e o de Relações com Investidores (André Covre), renunciaram com apenas dez dias nos cargos. E o que motivou a dupla decisão foi uma “inconsistência”, buraco mesmo, no balanço do 3T22 de R$ 20 bilhões. Mas, que poderia de outros R$ 20 bilhões, o que de fato se comprovou.
No começo de março, os controladores da holding 3G Capital (Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles) e acionistas de referência (principais) na rede de varejo, anunciaram um aporte de R$ 10 bilhões. Mas, ao tomaram a decisão rombo era bem maior. A dívida nadava, portanto, em cobranças de R$ 47,9 bilhões conforme noticiado.
Relembre:
Entretanto, questionada pela Bolsa de Valores, sobre “oscilações atípicas”, entre 29 de março e ontem (12/04), Americanas agiu de forma diferente ao trato com as informações no seu balanço. E quis desfilar de companhia coerente com o compromissos de Governança Corporativa (ver adiante).
A B3 mostrou, com estatística, que os papéis da companhia praticamente intercalaram dias de altas e baixas. Mas, ontem particularmente, fechamento surpreendente: valorização de 22,33%. Em valor, os negócios saltaram dos R$ 37,8 milhões para R$ 122 milhões.
Acordo com bancos; alta nas ações
Na resposta à Bolsa, nesta quinta (13/04), a diretora Financeira e de Relações com Investidores da Americanas, Camille Loyo Faria, disse que a empresa “não identificou fato relevante” que justificasse tais oscilações com papéis de sua emissão. Salientou, porém, que, na véspera (11/04) do questionamento, fizera divulgação para o entendimento com alguns credores financeiros. Os bancos, portanto, farão suspensão temporária das “disputas judiciais em curso”. Isso no sentido oxigenar a negociação do Plano de Recuperação Judicial.
Coincidência foi que, no dia seguinte ao comunicado, as ações ordinárias fecharam cotadas a R$ 1,26, ou seja, alta 22,33%.
Americanas diz se proteger contra mídia
O comunicado à B3 destaca que, mesmo não entendendo tal pacto com credores como motivo para emissão de fato relevante, deu conhecimento aos investidores. “… decidiu comunicar justamente para evitar especulação e a divulgação de informação imprecisa pela mídia”.
Vale destacar que a tal “inconsistência” financeira no balanço da Americanas não foi invenção da mídia. Muito menos o parecer da auditoria da PwC – PricewaterhouseCoopers Auditores Independentes, de não haver encontrado irregularidades nas demonstrações das contas financeiras apresentadas no balanço anual de 2021.
Veja abordagem dada pelo ALÉM DO FATO para o comportamento da PwC dentro do balanço:
Nesta quinta, Americanas divulgou o resultado físico otimista nas vendas de itens da Páscoa.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.