A Americanas S.A. confirmou à Bolsa de Valores B3 (Brasil. Bolsa. Balcão), na manhã de quinta (19/01), que está com um pé no pedido de recuperação judicial. Que isso poderá ocorrer em questão de dias ou “potencialmente nas próximas horas” (ver comunicado abaixo).
Essa, então, a primeira reação da empresa de Jorge Paulo Lemann, um dos controladores da Americanas, à nova reviravolta, ontem (18/01), na briga na Justiça do Rio, travada pelo Banco BTG Pactual, de André Esteves. O BTG conseguiu manter bloqueio de R$ 1,2 bilhão de investimentos da rede de varejo, como forma de vencimento antecipado.
A rede de varejo está com rombo de mais de R$ 40 bilhões e obteve proteção da Justiça do Rio (ver adiante). O banco, portanto, age contra proteção do dinheiro da Americanas.
Americanas agirá “em caráter de urgência”
“A esse respeito a Companhia confirma que a posição de caixa disponível à Americanas para as suas atividades alcançou o valor de R$ 800 milhões, conforme informado no Fato Relevante divulgado na presente data, sendo que parcela significativa deste valor estava injustificadamente indisponível para movimentação pela Companhia na data de ontem. Nesse sentido, embora ainda não tenha sido decidido, a administração está trabalhando com a possibilidade de, nos próximos dias ou potencialmente nas próximas horas, aprovar o ajuizamento, em caráter de urgência, de pedido de recuperação judicial, nos termos da Lei nº 11.101/05 e do art. 122, parágrafo único, da Lei nº 6.404/76” (sic). Esse um trecho da resposta da Americanas.
A informação da Americanas foi em resposta à consulta da Bolsa na manhã de hoje. A B3 quis saber sobre o noticiário de antecipação da recuperação e o saldo de caixa da empresa. A Americanas fez, então, dois comunicados: resposta à consulta e um Fato Relevante. Os documentos são assinados pelo presidente e diretor de Relações com Investidores, João Guerra.
Recuperação foi condicionante do TJRJ
O ingresso com pedido de recuperação pela Americanas, conforme decisão da Justiça do Rio, tem prazo de até 30 dias, a contar de sexta (13/01). Naquela data, a empresa obteve do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) despacho favorável ao pedido da “Tutela Judicial”.
No pedido, admitiu que o rombo financeiro era o dobro do comunicado de forma direta, em 11/01. Ou seja, o buraco não parava na “inconsistência” de R$ 20 bilhões encontrada no balanço de 30 de setembro.
O TJRJ, todavia, incluiu na “Tutela Judicial” a obrigação a preparação do pedido de recuperação. Ao antecipar o processo, a empresa avança na suspensão de pagamentos das dívidas e pedidos de falência pelos credores.
BTG Pactual não desiste
O mercado investidor assiste, portanto, uma briga de mangas curtas, aberta pelo BTG Pactual. Começou no final de semana. No sábado, o banco fez a primeira tentativa de antecipar o vencimento de dívida da Americanas. Mas foi derrotado, domingo (15), no plantão da Justiça. Recorreu, na terça (17). E, ontem, portanto, obteve a liminar.
O banco, entretanto, ainda não pode sacar a grana, dependerá de julgamento do TJRJ, após o recesso.
MATÉRIAS RELACIONADAS:
- PwC puxada pela Americanas; escândalo Enron
- Recuperação da Americanas será o bode no varejo
- Bilionários e o rombo de R$ 20 bi na Americanas
- Paulo Lemann faz troca na Americanas
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.