A petroquímica Braskem S.A. tem memória viva aterrorizante no Brasil. Mas, ao mesmo tempo e por ironia, avança em produção de vanguarda sustentável na Europa e Estados Unidos.
Por aqui, suas minas de extração de sal causam afundamentos em bairros em Maceió (SE) e prejuízos a milhares de pessoas. Enquanto isso, a petroquímica avança em produtividade sustentável exemplar por mercados do Hemisfério Norte.
Nesta quinta (14/03), a multinacional brasileira, líder em resinas termoplásticas nas Américas, comunicou outra importante parceria com Shell Chemicals. Desta vez, para fornecer à Braskem “matérias-primas de propileno bioatribuídas e biocirculares”. Mas o acordo está restrito à planta norte-americana.
Traduzindo: matérias-primas sustentáveis, do ponto de vista ambiental, que entram no portfólio que a Braskem destina à indústria de transformação de plásticos. Portanto, irão para escala de fornecedoras de embalagens, filmes, automotivo e de bens de consumo.
A companhia opera plantas no Brasil, EUA, México e Alemanha.
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A Shell Chemicals, citada em mesmo comunicado, tratou da substituição de “matéria-prima de hidrocarbonetos por uma matéria-prima bioatribuída e biocircular em seu produto propileno”. Como consequência direta, representa, então, “potencial de reduzir os gases de efeito estufa e contribuir para uma economia circular”.
Metas e sustentabilidade da Braskem e Shell para 2050
Tanto a Shell quanto a Braskem reafirmam compromissos em acordos para zerar emissões GEE até 2050. A nota, enviada às Bolsas de Valores B3, Nyse e Labitex, destaca, por exemplo, recente parceria entre as companhias na Europa, em “conteúdo circular na produção de polipropileno da Braskem”.
O vice-presidente Olefinas e Poliolefinas da Braskem North America, Mark Nikolich, deu ênfase aos propósitos da companhia na aplicação de matérias-primas de base biológica. “Em janeiro de 2023, comunicamos a avaliação de um projeto liderado pela Braskem para produção de propileno de base biológica nos EUA. Com o anúncio de hoje, continuaremos focando nosso trabalho em fontes de propileno sustentáveis, neste caso, bioatribuído e biocircular, para apoiar nossos clientes de polipropileno no cumprimento de suas metas de redução de carbono e circularidade”.
Petrobras e Odebrecht (Novonor) controlam
Braskem é controlada pela Petrobras e pela NSP Investimentos S.A. Com a estatal do petróleo estão 36,15% das ações totais do capital. Mas detém 47,03% das ações ordinárias, com direito a voto. A NSP, holding de instituições não financeiras, possui, respectivamente, 38,32% e 50,11%. Fonte do controle acionário: Bolsa de Valores B3 (30/11/2023).
A NPS é a atual denominação de Odebrecht Serviços e Participações S.A. e está em recuperação social. A Odebrecht, por sua vez, também mudou, para Novonor. A nova fantasia da empreiteira , que ainda á o que falar, foi, portanto, reação ao seu envolvimento em escândalos bilionários de corrupção apurados na Operação Lava Jato.
O capital social da NSP, em processo de recuperação judicial e sede em São Paulo, é de R$ 2,078 bilhões (25/02/2024). A Odebrecht, por sua vez, solicitou recuperação judicial para R$ 100 bilhões.
Perda de quase 40% nas receitas e prejuízo
Nos 9M23, a Braskem registrou queda de 38,5% nas receitas, de R$ 53,877 bilhões, frente ao mesmo período de 2022 – R$ 77,529 bilhões. Como consequência, amargou prejuízo líquido de R$ 3,1 bilhões, contra lucro de R$ 1 bilhão nos 9M22.
O patrimônio líquido da petroquímica, de R$ 4,378, encolheu 28,4% nos períodos comparados.
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- Título original: “Dupla face da Braskem: sofrível e pioneira”
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