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Embraer atropelou também o discurso de Lula

  • por | publicado: 06/08/2025 - 17:32

Embraer não entra no discurso de Lula contra tarifaço de Trump e tem planos para montar o KC-390 nos EUA - Crédito: Divulgação/FAB/Governo

Embraer S.A. não leu a carta de voo do script do Partido dos Trabalhadores (PT). Atropelou, então, a terça (05/08) gorda de louvação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) ao Lula-3 (e planos de 2026).

O Planalto convidou (intimou) empresários para Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, no Itamaraty. O cerimonial teve cuidado ocupar espaços com ministros e funcionários do governo – claque puxadora dos aplausos.

No entanto, conforme relatou a coluna Painel S.A., da Folha (foto abaixo), o Governo não repassou ao empresariado todo o tempero da festa, que teve culto de culto personalista. Foi, na prática, lançamento concreto de campanha para eventual Lula-4.

A pauta guarda-chuva do fortalecimento das posições brasileiras contra o tarifaço (50%) do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), foi apenas pano de fundo. A tabela Trump vale a partir desta quarta (06/08).

“FolhaSP” registra que o Planalto sacou agenda secreta na Plenária do Conselhão – Crédito: Reprodução

Tirar partido na embolada Trump no tarifaço

Os holofotes no Itamaraty iluminaram, então, mais um capítulo nas bravatas populistas do petista, como parte do esforço pessoal de Lula pela reversão da impopularidade nas pesquisas. Agora surfa, também, em ataques a Trump. Em cada palavra e gesto, cheiro e cor da obsessão pessoal pela candidatura em 2026.

Trump defende o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), acusado liderar planos de “trama golpista”, em dezembro de 2022. Bolsonaro é processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e está em prisão domiciliar. O norte-americano pressiona com sanções extras contra instituições e autoridades brasileiras.

Embraer desafinou no clima do PT

A Embraer, principal exportador de produtos brasileiros de elevado grau tecnológico, voou cedo, como sempre, em mais um dia de informação dos resultados. B3 registrou assim no protocolo eletrônico o documento: “Data do Envio – 05/08/2025 07:01:27“.

Figurante na lista inicial de Trump das sobretaxas (10%), relatou, bem cedo, à Bolsa de Valores B3, ao mercado acionário, o prejuízo líquido de R$ 53,4 milhões

O início da reunião do Conselhão, pela agenda de Lula (Cerimonial do Planalto), com a presença de Lula, teve abertura às 10h.

Os EUA respondem por 77% dos negócios com jatos executivos e 45% dos comerciais da empresa de São José dos Campos (SP).

A Embraer vendeu no 2T25 61 aeronaves: 19 jatos comerciais (10 E2s e 9 E1s) e 38 executivos (21 leves e 17 médios); 4 aeronaves de defesa. A carteira cresceu 30%, sobre as 47 aeronaves do 2T24.

Com unidade também nos EUA, a companhia é o terceiro maior fabricante mundial de jatos. Atrás da Boeing e Airbus

No período abril-junho, o mundo estava sob tensão psicológica para as medidas Trump. O diretor-presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, porém, na abordagem dos resultados do 2T25, minimizou efeitos negativos significativos. Observou, todavia, que havia “grande preocupação”, mas não aderiu ao radicalismo do Governo.

Cabe ressaltar, todavia, que a empresa perdeu concorrência na Europa em função da posição ideológica do presidente brasileiro.

A cautela do chefe da Embraer, certamente, desagradou ao Planalto. Deve ter aterrissado como ducha de água fria na fervura do climão ensaiado para o discurso do caos de palanque para Lula.

Metamorfose do lucro; mexeu no balanço

À noite (“05/08/2025 21:19:06” – Registro da B3), todavia, enquanto o Planalto passava lupa da TI na performance no Itamaraty e o pregão da Bolsa de Valores sossegado, a Embraer publicou Fato Relevante. O prejuízo não valia mais.

Relatou erro contábil com as rubricas do “Imposto de Renda e Contribuição Social Diferidos”. E que, portanto, passava a valer lucro liquido ajustado de R$ 675 milhões.

É comum erros em anotações manuais em mercearia ribeirinha, no interior perdido da Amazônia. Mas, não é o mesmo na Embraer, onde se respira em mundo digitalizado e que aplica sistemas de última geração. Além disso, administrada por gestores do andar de cima no mundo, sob rigor extremo em auditorias das informações de resultados financeiros etc.

A correção de curso, tratado como “ajustes“, então, criou um arco de R$ 728 milhões. Voou do prejuízo de R$ 534 milhões até o lucro de R$ 675 milhões.

Além do retorno à “estabilidade”…

O estado da arte da Embraer, levanta alguma fumaça na derrapada contábil. Mexeu, claro, com os negócios no mercado acionário. Alguém perdeu, alguém ganhou.

Em posição próxima ao lançamento do resultado final do balanço, aparece a linha do EBITDA (resultado antes dos juros, impostos, amortizações e contribuições sociais). A companhia teve R$ 1,39 bilhão EBITDA no 2T25. Isso foi, portanto, o dobro do apurado no 1T25, de R$ 620 milhões, e com margem de 13,5%.

Há, portanto, espaço para ironia: o algoritmo (o colaborador) da contabilidade da Embraer responsável pela pane no balanço será demitido?

O portal BPMoney, especializado em mercado financeiro, deu o tom para os “ajustes” da Embraer: “Adicionalmente, o lucro de R$ 675 milhões traz segurança para o mercado, que reagiu com cautela ao prejuízo divulgado anteriormente. Agora, com os números revisados, a Embraer demonstra estabilidade e perspectivas de crescimento“.

Saltos percentuais extraordinários

A companhia apresentou lucro líquido de R$ 415 milhões no 2T24. Por conta da revisão, o resultado abril-junho deste ano, apresenta, portanto, crescimento nominal de 62,6%.

No 1S25, teve prejuízo de R$ 481 milhões, contra lucro de R$ 352 milhões em mesmo período de 2024.

Embraer reportou receitas líquidas de R$ 10,270 bilhões no 2T25, ou seja, 30,9% acima do 2T24. No semestre, R$ 16,6 bilhões, crescimento de 36% sobre o 1S24.

Projeções otimistas para 2025

A despeito das projeções negativas da economia global, por conta do fator Trump, a Embraer aposta no crescimentos neste exercício. Nessa linha, mantém meta de receitas entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões, avanço de 13% sobre 2024.

Os planos das entregas da empresa apresentam até 85 jatos comerciais e 155 executivos.

O saldo da carteira de pedidos firmes fechou o 2T25 com US$ 29,7 bilhões, 40% superior ao período no exercício fiscal de 2024.

Montar o cargueiro nos EUA

Mas se o Planalto tentará enquadrar o CEO da Embraer na linha do Lula, o tempo dirá.

Gomes Neto adiantou que a companhia avalia colocar uma linha do cargueiro KC-390 (civil e militar) em solo norte-americano. Ou seja, um produto com tarifa zero.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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