A bondade do “crédito extraordinário” para o Plano Safra 2024-2025, na MP de R$ 4,17 bilhões, anunciada pelo Governo, em fevereiro, seria desnecessária. Mas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP), há tempos, galopa cavalo manco nas aprovações do público. Além disso, ainda não mereceu, neste retorno ao Planalto, tratamento vip do povo da Agrishow.
Então, precisa de manchetes bilionárias diárias. O sempre obediente ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), não discutiu: lançou mais pacote no estande do vale tudo.
O empresariado urbano, que influi fortemente nas pesquisas (nas esquecidas intranets), parece causa perdida para o petista. Então, mira no campo, no time no agribusiness. Este ainda não sorriu (sorriso político menos falso) para o Lula 3.
É bom lembrar que o petista, neste mandato, não compareceu à Agrishow. Trata-se da maior feira de tecnologia e negócios de máquinas agrícolas da América Latina. O comando das entidades promotoras da tradicional exposição anual, em Ribeirão Preto (SP), se manteve aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).
Foi assim em 2023 e no ano passado. Lula ficou ausente.
A Agrishow 2025 será a 30ª edição. No ano passado, conforme a coordenação, recebeu 195 mil visitantes (incluindo pessoas de 50 países) e 800 marcas expositoras. Em negócios (vendas e operações de crédito) foram R$ 13,6 bilhões. A expectativa para este ano é atingir R$ 15 bilhões. A feira será de 28 de abril a 02 de maio.
Bolsonaro comparece na cota de Tarcísio
Bolsonaro parece ter convite permanente do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governador foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro.
A fazenda em que realiza a Agrishow pertence ao Governo de SP. Essa relação justifica o fato de a Secretaria de Estado da Agricultura aparecer em destaque nas peças das publicidades. Nesta Agrishow 2025, por exemplo, é patrocinadora “Master+” do evento.
Se há dúvida quanto à presença de Lula, não se pode afirmar o mesmo quanto a Bolsonaro.
Empresariado da Agrishow capitalizado
O setor do agribusiness, mesmo com a bagunça nacional e o tarifaço do presidente do Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), vai bem. O empresariado vinha com caixa próprio e tranquilo. Ninguém, portanto, derrubou agendas regulares para as ilhas do Caribe, de troca de jatinhos, aquisição de novas coberturas etc.
Na prática, o agribusiness não estava nem para o atraso na aprovação do Orçamento da União de 2025 (aprovado em 20 de março). O choro de algumas entidades políticas da agropecuária, pois, nada além de ritual histórico.
Prova da capitalização do agribusiness foi o anúncio da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), em fevereiro. Em evento, em Cascavel (PR), a Ocepar acenou com investimentos de R$ 9 bilhões, em 2025. Destes, R$ 1,1 bilhão para financiamentos em projetos do agro em Mato Grosso do Sul.
Esperar pelo marqueteiro
A MP dos R$ 4,17 bilhões, então, seguiu para o Congresso em envelope com perfume político para o campo. Levou cara e cor de compra de tapete vermelho para Lula na Agrishow. E, nas entrelinhas, bilhete aos chefes da feira, retirar de Bolsonaro honrarias dos dois anos anteriores. Ou, até mesmo, que seja barrado.
Se for atendido, e comparecer, o chefe do Planalto deverá anunciar um upgrade no Plano Safra 2024-2025, agregar penduricalhos de promessas. Nada de novo.
Em 2023, o Planalto tinha agendado anunciar o Plano Safra para os eventos da feira. Mas, por birra, pelo convite para Bolsonaro ir à abertura oficial, adiou e atrasou bastante.
Entrará em cena, então, o marqueteiro baiano Sidônio Palmeira, atual chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). Assumiu missão desafiadora: dourar a fotografia (enganar) de Lula para as pesquisas de opinião pública.
No último dia 1º, em entrevista, o presidente da Agrishow, João Carlos Marchesan, disse apenas que “o governo federal foi convidado”. Mas, até aquele instante, não havia confirmação de presenças.
É esperar. Só mais três semanas.
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