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Lula segue Bolsonaro: apoia Pacheco e Lira

  • por | publicado: 31/01/2023 - 04:45

Lira (E) e Pacheco (D) foram eleitos em 2021 com apoio de Bolsonaro (C). Dois dias depois, estiveram com o presidente para agradecer o apoio das bancadas bolsonarista na Câmara e Senado - Crédito: Marcos Corrêa/PR

Lula também come nas mãos dos políticos do tal bloco Centrão

Eleitor tem memória curta. Isso era o que se afirmava no passado, quando candidatos a mandatos eletivos superavam nas urnas os escândalos que sempre protagonizavam. Na era digital, o eleitor fez up grade: passou a deletar as sujeiras na velocidade desejada pelos políticos. Em todos os partidos.

Mas, a despeito da metamorfose que a tecnologia impôs à sociedade, sobrevive a cara de pau dos parlamentares do Congresso, principalmente. Se apresentam assim nas migrações de ocasiões e na edição de faturas pelos apoios, bajulações e votos favoráveis nas relações com o Executivo.

Bolsonaro demonstrou força na eleição de 2021

O presidente do Senado e Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG – agora PSB), foi eleito com apoio decisivo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) também. Todavia, amanhã (1º/02), ambos disputarão as reeleições apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP). Lula derrotou a tentativa de reeleição de Bolsonaro, em 30 de outubro.

Reprodução/Portal O Globo – 30-01-2023
Bolsonaro fez a cúpula do Congresso- Reprodução/Estadão 02-02-2021

Em 1º de fevereiro de 2021, Pacheco levou para as mesas do Senado e do Congresso compromissos com o Planalto. Pagou a dívida via engavetamento de propostas que não interessavam a Bolsonaro. Agiu em mesma regra para blindar a família do presidente contra iniciativas que representassem prejuízos políticos.

Nessa toada, portanto, Pacheco, vez e outra, até rascunhou uma oposição ao ex-presidente no modo faz de conta. Mas, só agiu de carona na baixa popularidade pessoal e do seu governo. Entretanto, a conta final, se não atendeu no todo, não prejudicou Bolsonaro um só milímetro.

Agora, o senador mineiro virou aliado (fechou acordos) do Governo Lula. No pacote de dezembro, emplacou o ministro de Minas e Energia, o então senador Alexandre Silveira de Oliveira (PSD-MG). Alexandre não se reelegeu. Mas mostrou agendas de prefeitos (ver abaixo)

Lira emparedou a PEC de Transição

Nas escolhas dos presidentes do Senado e da Câmara as negociações superam barreiras, até as ideológicas. Essa via de mão dupla é trafegada também para quem estiver no plantão da Presidência da República.

Lira começou a negociar cedo com Lula – Reprodução/O Globo, 02-12-2022

As relações entre Congresso e Planalto seguem, portanto, a velha bula franciscana: “é dando que se recebe”. Foi assim nas eleições de Lira e Pacheco. E será assim, portanto, amanhã, na busca da reeleição.

O presidente da Câmara também apresentou sua fatura no mês passado. Atacou, então, no clima da negociação de aprovação PEC de Transição. No pacote de Lira, uma das contrapartidas ao apoio do petista o compromisso da entrega ao PT de cargos em Comissões da Câmara.

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Lula, Bolsonaro, Pacheco e Lira combatem investigações

Outra posição comum entre Lula e Bolsonaro e os afilhados no comando do Congresso é a oposição às investigações de escândalos políticos pela Polícia Federal e Ministério Público Federal. Todos firmaram votos de fé para acabar com as investigações da Operação Lava Jato e outras. E venceram.

Por conta de uma das investigações, o então ex-presidente Lula foi processado, julgado, condenado e preso, em 07 de abril de 2018. Em decisão indireta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou liberdade em 08 de novembro de 2019. Recuperou os direitos políticos. O Supremo, entretanto, não o inocentou: anulou o julgamento e determinou a retomada do julgamento do ponto zero.

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Deputados desprezam meritocracia; vão de fisiologismos

Aos olhos do público preocupado com a postura dos legisladores, os deputados gostam de quem não trabalha. Lira, quando eleito, liderava a gazeta na Câmara. Marcara presença em apenas dois terços (68%) das sessões. Mas tinha aquilo que vale ouro entre os parlamentares: perfil 91% do governismo (Fonte: Congresso em Foco).

O outro cacife do deputado por Alagoas era a liderança dos partidos da formação denominada Centrão. Ou seja, o mais ferrenho pool do fisiologismo (conchavos) político em Brasília, há duas décadas.

Com esse currículo, Lira derrotou sete concorrentes. O principal adversário foi Baleia Rossi (MDB-SP), que compareceu a 95% das sessões. Mas, por conta do fisiologismo, foi abandonado pelo próprio partido.

Ministro Alexandre Silveira no pacote de Pacheco para Lula

Antes ocupar a cadeira no Senado, o atual ministro de Minas e Energia era suplente de Antonio Anastasia (PSB-MG). Este, com apoio de Pacheco, foi indicado e eleito pelo plenário do Senado, em 14 de dezembro de 2021, para assumir uma cadeira no Tribunal de Contas da União (TCU). E, portanto, renunciou ao mandato.

Mas, Silveira já habitava no Legislativo. Era diretor de Assuntos Técnicos e Jurídicos do Senado, nomeado por Pacheco. Nessa função, portanto, assegurou ter levado 820 (96%) dos 853 prefeitos municipais de Minas Gerais para “visitas” na sala do chefe.

Pacheco, então, levou em sua cesta de moedas ao PT o diário de Silveira. Fechou acordo e fez palanque para Lula. O petista que venceu apertado, em Minas, no 2º turno: 50,20% e 49,80%.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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