Convite ao antecessor irritou Lula; mandou BB retirar patrocínio
A enorme área ocupada pela Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, principal evento de tecnologia agrícola da América Latina, pertence à Fazenda Experimental do Governo do Estado de São Paulo. Ocupa 520 mil m2 (52 hectares), divididos em espaços de exposição dos equipamentos e máquinas, demonstrações práticas e de estruturas gerais de apoio – alimentação, estacionamentos e auditórios.
Em 2012, o Governo de SP e os organizadores da Agrishow celebraram protocolo de cessão da Fazenda por 30 anos para realização da feira. Portanto, isso transfere peso político à administração estadual no evento.
A Agrishow 2023, a 28ª Edição e que irá de segunda-feira (01/05) até sexta-feira, em Ribeirão Preto (SP), ainda carrega o patrocínio do Banco do Brasil (BB), estatal da União. A chancela do banco, entretanto, foi retirada, conforme anúncio, na quinta (27/04). Motivo: ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, recebeu sugestão para não ir à abertura. Mas, a partir do dia seguinte.
Isso por conta da presença confirmada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), principal adversário político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Existem outros onze patrocinadores de peso da feira. Entre estes, por exemplo, Bradesco, Santander, Braskem, Sicoob e Sistema OCB.
Principais organizadores da Agrishow:
- – Associação Brasileira do Agronegócio (Abag);
- – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq);
- – Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda);
- – Federação da Agricultura e da Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), e,
- – Sociedade Rural Brasileira (SRB).
Tarcísio vai valorizar o cacife sobre Agrishow
O capricho da direção executiva da Agrishow, na sugestão, seria evitar constrangimentos para o Governo. Entretanto, foi tiro pela culatra. Em ato imediato, o bode fedeu de Norte a Sul: o Planalto interpretou como uma “retirada” do convite. Na sequência, ordenou ao BB a quebra do contrato de patrocinador da feira.
O governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve ter feito leitura rápida, ainda que técnica, para reação emocional do Planalto. Percebeu, portanto, que, se souber manobrar, vira um comandante político em um dos maiores eventos na agenda do agribusiness global. Isso, pelo menos, no período do seu mandato.
Agrishow é plataforma para negócios do agro brasileiro sem concorrente. Em 2022, realizou R$ 11, bilhões e registrou público de 193.00 mil pessoas (país e exterior), conforme balanço de Pedro Estevão Barros, presidente da Câmara de Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA/Abimaq). Mas, a presença contabiliza fornecedores e representantes de compradores; profissionais em tecnologia agrícola das universidades e fábricas; empresários diversos; prestadores de serviços nos stands e turistas.
O evento “a maior feira do mundo em campo aberto. Não tem nada maior que ela”. Essa avaliação é do presidente da Agrishow, Francisco Matturro, em entrevista, em 2022, ao canal da Revista Exame.
Para este ano, expectativa da participação de 800 marcas (país e exterior) e presença 190.000 pessoas.
Bolsonaro se sentiu em casa, em 2022
Tarcísio integrou o Governo Bolsonaro como ministro da Infraestrutura. A feira, no ano passado, foi um de seus principais palanques do governador, estreante em corrida por mandato eletivo.
Bolsonaro estava lá e desfilou ao sabor dos empresários do agronegócio: montado a cavalo. Mas, condição de presidente da República, nem precisava ser convidado.
Agrishow mandou ministro da Agricultura escolher outro dia
Coube a Matturro informar ao ministro Fávaro da presença do adversário de Lula no ato da abertura. E sugerir ir somente no dia seguinte. O ex-presidente recebeu o convite do presidente do Sindicato Rural e da Associação Rural de Ribeirão Preto, Paulo Junqueira.
O governador de SP, portanto, nem precisou se expor. Apenas endossou a ideia do reencontro com ex-chefe no interior da feira.
Quem azedou foram as entidades empresariais
A organização executiva da Agrishow foi inábil em campo de política, ambiente em que o Governo Lula anda com nervos à flor da pele. Acabou, então, criando um bode fedorento na rampa do Planalto.
Não deveria ter sugerido coisa alguma ao ministro da Agricultura. Alertava e ponto final.
O Governo Lula, que vê fantasmas do bolsonarismo nas vinte e quatro horas do dia, somatizou em grau maior. Considerou, então, a sugestão como retirada do convite ao seu ministro, um ato deselegante, descaracterização institucional e politização ideológica da Agrishow.
Palácio do Planto, entretanto, passou recebido de derrotado. E ergueu monumento impopular o BB, que é principal repassador ao agribusiness de recursos das linhas financiamentos do Tesouro Nacional.
Em primeiro momento, o Governo plantou a dúvida quanto à abertura do stand do BB. Mas, depois, minimizou o clima: terá presença “comercial”.
BB planejou R$ 1,5 bi para feira
Antes do imbróglio, o BB trabalha a meta de financiar R$ 1,5 bilhão nesta feira. Em 2022, o então vice-presidente de Agro do BB, Renato Naegele, informou que os créditos efetivos somaram R$ 500 milhões. A demanda, entretanto, foi bem superior, de R$ 2 bilhões.
Outro fornecedor de crédito de peso na feira é o Sicoob de SP.
Nem Lula nem a presidente do BB
A presidente do BB, Taciana Medeiros, após o anúncio da quebra do contrato com a Agrishow, decidiu não comparecer.
Lula, todavia, era ausência contada bem antes. O motivo do petista não é apenas a presença de Bolsonaro. Está na retomada de invasões de áreas produtivas pelo Movimento dos Sem-Terra (MST). O MST é o braço militante e ideológico do PT na zona rural.
O ministro da Agricultura, não teve, portanto, outra opção, que não a de rasgar o discurso pronto. Reagiu, todavia, menos radical que o colega da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta. Este, de pronto, anunciou a porta de saída do BB, além de cancelamento do banco em eventos da programação oficial da feira.
“Sem nenhum rancor, compreendo as entidades. Eu fui desconvidado, talvez, para evitar algum mal-estar. Foi pedido se não seria melhor eu ir no dia 2. Eu entendi o recado, compreendo. Em outra oportunidade, eu visito o Agrishow com muito carinho. Tudo no seu tempo”, disse Favaro, em veiculação pela CNN Brasil.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Daí se vê a mesquinhez desse governo, no governo passado teve jogadora de vôlei pedindo ” fora Bolsonaro” num evento patrocinado pelo BB e em momento algum alguém fez represália ao evento a mando do governo, a atleta foi notificada pela cbv mas em momento algum pelo o governo.
Não se preocupe… nunca mais se ouvirá “Fora Bolsonaro” pois o ladrão de joias sequer conseguiu se reeleger.
Você é tonto? Uma coisa é jogadora expressar sua opinião política, outra é o Agro tomar posição ideológica, chamar golpista, ser descortez com o próprio ministro e destratar o governo vencedor.
BB está certíssimo! Não queremos que nosso dinheiro seja usado pra financiar feira de fazendeiro rico fascistoide. Que peçam patrocínio pro mito que não manda mais nada, ué…
Então a jogadora de vôlei representa um estado ou a ela mesma. Comparativo esdrúxulo tendo em vista a Agrishow representar São Paulo e o Banco do Brasil representar o Governo Federal
Mais do que lógico o governo retirar o patrocínio, se dão mais valor a um ex presidente (e sabemos o porque desse valor) do que a um Ministro, então eles que se patrocinem.