A Vale informou que apurou receita líquida no 1T21 de US$ 12,645 bilhões, ou seja, 81,44% superior a igual período de 2020. Os acionistas, porém, comemoram outro item do balanço encaminhado ontem (26/04) à B3 (Brasil, Bolsa, Balcão): salto do lucro líquido, de 2.220%, para US$ 5,546 bilhões.
No mesmo relatório, “Desempenho da Vale 1T21”, a mineradora informa que, até o final de 2025, todas suas barragens de rejeitos atingirão “condições satisfatórias de segurança” (ver adiante).
Apesar de volumes menores das commodities, o desempenho da companhia foi sustentado pela recuperação dos preços. Com negócios de minério de ferro (62% de teor), por exemplo, houve ganho de US$ 24,8 por tonelada. A cotação média obtida pela companhia, portanto, naquele item foi de US$ 155,5 tonelada.
Investimentos em ferrosos: +50%
Os investimentos da Vale em produção, no 1T21, totalizaram US$ 1,069 bilhão. Portanto, ligeiramente abaixo do US$ 1,124 bilhão de mesmo período em 2020. Porém, na área de ferrosos, houve alta de 50,8% , com US$ 608 milhões.
Tragédias e moedas
Sem explicar o porquê, a companhia demonstrou valores em moedas diferentes para uma mesma situação. Isso aparece quando aborda despesas relacionadas às consequências das tragédias com rompimentos de barragens de rejeitos de minério de ferro.
Para a tragédia (05/11/2015) mina Germano, da controlada Samarco Mineração, em Mariana, apresentou os valores em real (moeda nacional). Mas, para mina Córrego do Feijão (25/01/2019), em Brumadinho, lançou em dólar norte-americano.
US$ em Brumadinho
Há também diferenciação na linguagem nas tragédias. Além disso, há omissão às mortes: quase três centenas.
O rompimento da barragem B1, localizada no arraial Córrego do Feijão, tirou a vida de 270 pessoas. Para os relatos na área, a companhia optou por tratar a causa como uma “ruptura”. Está assim: “… reparação dos danos coletivos socioambientais e socioeconômicos decorrentes da ruptura da barragem B-1”.
A Vale relatou aos acionistas que, além dos “pagamentos diretos”, que incluem indenizações, tem outras despesas em portfólio de projetos. Assim, estimou despesas de US$ 1,5 bilhão, sendo US$ 1,2 bilhão os “pagamentos diretos”. Os gastos estão contemplados no Acordo Global Brumadinho, (R$ 37,68 bilhões), anunciado e assinado (Defensorias Publica e Ministério Publico Estaduais de Minas Gerais) em fevereiro. Mas, só certificado na Justiça neste mês.
R$ em Mariana
Todavia, na abordagem da tragédia (19 mortes) na localidade de Bento Rodrigues (arrasada pela lama de minério e rejeito), em Mariana, a Vale trata a causa como “rompimento” na barragem Fundão. “… em agosto de 2020, a Fundação Renova acelerou o pagamento às pessoas que não conseguem oferecer provas de danos individuais causados pelo rompimento da barragem de Fundão”.
Acrescenta, portanto, que, desde agosto, pelo acordo com Justiça Federal, a Renova fez pagamentos de R$ 1 bilhão. A fundação foi criada pela Samarco e suas controladoras – Vale e BHP Billinton.
Vale mexe no Estatuto e Conselho
As mudanças no Estatuto Social, estopim de polêmicas, incluindo divergências de conselheiro independente (ver AQUI) foram destaques no Relatório. A diretoria entende que, com as alterações, o Conselho será “mais proativo e eficaz”. Destaca três itens que irão à apreciação dos acionistas na Assembleia Geral Ordinária (AGO), na sexta (30/04).
- – O Conselho poderá ter 11 a 13 membros eleitos individualmente, sem membros suplentes (não se aplica ao indicado pelos empregados);
- – 7 membros devem ser independentes;
- – O presidente e o vice serão eleitos pela Assembleia Geral.
Barragens mais seguras em 2025
Sobre os estágios de riscos em suas barragens de rejeitos, a Vale comunica que 4 (todas em Minas Gerais) saíram do protocolo de emergência Nível 1 (2, em risco; 3, admite rompimento) para de “estabilidade”. Outras 29, todavia, permanecem em estado de emergência.
Além disso, o documento deixa uma expectativa:“… esperamos, gradualmente, atingir condições satisfatórias de segurança para todas até o final de 2025”.
Vale vai recomprar de ações
O atual Conselho de Administração aprovou a proposta para recompra de até 5,3% das ações em circulação emitidas pela companhia. Reporta que a medida está relacionada à melhoraria no posicionamento do valor do papel junto aos investidores: “A recompra demonstra a confiança da gestão no potencial da Vale para criar e compartilhar valor consistentemente”.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.