Nas primeiras semanas da tragédia na Mina Córrego do Feijão, em 2019, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defendeu ferrenhamente as mineradoras contra denúncias de negligência. Ele, portanto, optou por somar com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
O novo governador estava tão comprometido com o empresariado do setor mineral que até manteve no cargo o secretário de Meio Ambiente do Governo Pimentel (PT), Germano Gomes Vieira. Este foi responsável por uma alteração polêmica nas licenças ambientais em 2018.
A Mina Córrego do Feijão pertence à Vale S.A. e está localizada no arraial Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Portanto, distante mais de 80 km do gabinete de Zema. O rompimento, em 25 de janeiro de 2019, de uma das barragens de rejeitos de minério de ferro causou 272 mortes.
Mas, não foi por falta de alerta, apontando para a tragédia, em 05/11/2015, em Mariana. Neste município, a Barragem Fundão, na Mina Germano, se rompeu e causou 19 mortes. A mina pertence à Samarco, controlada pela Vale e anglo-australiana BHP Billiton.
O governador, entretanto, em 2022, decidiu que ficaria bem um monumento para lembrar a tragédia no gramado do Palácio Tiradentes, bem embaixo da janela da sua sala. E abriu concurso. Não quis nem saber, por exemplo, se seria mais simbólico no município de Brumadinho, o local da tragédia.
Córrego do Feijão, todavia, terá um Memorial. O projeto é executado pela Vale.
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Esse gasto de Zema provoca, pelo menos, duas perguntas: Por que o governador quis ter um monumento? De onde saiu o recurso?
O Governo de Minas recebeu R$ 11,06 bilhões carimbados, ou seja, para projetos específicos do Acordo Judicial de Reparação Integral. O valor global do Acordo foi de R$ 37,68 bilhões – 04 de fevereiro de 2021. Na hipótese de a administração Zema ter sacado naquele caixa, houve, então, desvio da finalidade acertada na Justiça.
Zema anunciou, em janeiro de 2023, a proposta vencedora do concurso para o monumento. Pelo seu calendário, será inaugurado dia 23 próximo.
O escritório DARP Arquitetura e Urbanismo, de Uberaba (MG), venceu com a proposta denominada “Bruma Leve”. São 272 peças, em formato de perfis humanos, posicionadas lado a lado.
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Gastos desnecessários com uma obra insignificante, enquanto isso milhares de mineiros vivem em situação precárias nas ruas do Estado. Desgoverno.