Assembleia rejeita pressão de procuradores para votar projeto da Vale Assembleia rejeita pressão de procuradores para votar projeto da Vale

Assembleia rejeita pressão de procuradores para votar acordo da Vale

Agostinho Patrus preside os trabalhos no plenário da Assembleia, foto Guilherme Bergamini/ALMG

Em nota, a Assembleia Legislativa de Minas rejeitou mais uma tentativa de interferência externa a seu ritmo processual, em especial ao projeto que destina recursos do acordo da Vale. Como se sabe, o governo Zema cobra publicamente, e também age nos bastidores, para que os deputados votem logo o projeto, já que a primeira parcela deverá ser paga no próximo mês.

Pelo acordo, o governo mineiro receberá R$ 11 bilhões em 10 parcelas semestrais. Em seguidas entrevistas, o próprio governador reclamou demora e lançou suspeição sobre as intenções de parlamentares, sem citar nomes. Nova ação foi feita, desta vez, nos bastidores. Um secretário de Zema foi a Brasília, buscando apoio do Senado Federal e da Procuradoria-Geral da República. Saiu da PGR com o acerto de envio de uma carta, assinada por alguns procuradores federais, à Assembleia Legislativa.

Na manifestação, os procuradores teriam alegado que seria inconstitucional alterações no projeto que é fruto de acordo judicial. Esse acordo definiu valores e destinação dos recursos para obras de reparação aos danos da mineradora Vale em Brumadinho (Grande BH).

“A ALMG reafirma sua responsabilidade quanto à destinação e à fiscalização de recursos públicos tão importantes para toda a população de Minas Gerais. O Poder Legislativo trabalha para solucionar os problemas do Estado e não vai abrir mão de seu dever constitucional”, pontuou a nota oficial do Legislativo mineiro.

Cobrança em reunião

O assunto foi levantado pelo deputado estadual do Novo, Guilherme da Cunha, durante reunião de CPI dos fura-filas da vacinação no Estado na Assembleia. Cobrou dos deputados a votação imediata, em 15 dias, no máximo, segundo ele, para atender à população mineira. Até o final do mês e início do próximo, o governo receberá a primeira parcela do acordo.

“Não iremos votar esse projeto nas coxas”, assim reagiu o deputado estadual Cássio Soares (PSD), ao criticar as pressões do governo sobre a Assembleia. Lembrou que, no final de 2019, a Assembleia aprovou projeto, no mesmo clima, que previa venda de recebíveis do nióbio para pagar o 13º salário dos servidores. Até hoje, não foi efetivado pelo governo mineiro.

Veja a íntegra da nota à Imprensa da Assembleia

Está em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) o Projeto de Lei (PL) 2.508/21, do Governo do Estado, que autoriza a utilização dos recursos do acordo judicial com a Vale para a reparação dos danos pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho. Nesse processo, o Poder Legislativo tem mantido diálogo com o Tribunal de Justiça, o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Defensoria Pública.

O montante total do acordo é de R$ 37,7 bilhões, sendo que a maior parte equivale a obrigações assumidas pela Vale e que são de responsabilidade da empresa, como pagamento de auxílio emergencial e ações diretas de reparação.

O valor em análise pela ALMG – R$ 11 bilhões – constitui receita extraordinária do Estado, equivalente a cerca de 10% da receita prevista para 2021. A Constituição Mineira estabelece a necessidade de autorização legislativa para suplementação do Orçamento do Estado em caso de recurso extraordinário que supere 1% da receita orçamentária total.

O acordo com a Vale foi celebrado em plena vigência dessa regra constitucional, de maneira que isso não se sobrepõe ao exercício de uma competência legítima da ALMG. Trata-se de dinheiro público e é dever do Poder Legislativo debater sua aplicação, para que ele seja investido no que é de real interesse do povo mineiro, assim como aconteceu com os R$ 106 bilhões do Orçamento do Estado para 2021, que foram debatidos e tiveram sua destinação definida pela Assembleia.

O PL 2.508/21 foi recebido em Plenário no dia 2 de março deste ano. Com o agravamento da pandemia de Covid-19 e a decretação da onda roxa do Plano Minas Consciente no dia 16 de março, os prazos regimentais para análise da proposição foram impactados. Nesse período, a ALMG concentrou esforços no enfrentamento da crise provocada pelo coronavírus.

Em maio, a tramitação foi retomada, estando atualmente aberto o prazo de 20 dias para apresentação de emendas na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária. Depois disso, o projeto segue para discussão e votação em turno único no Plenário.

A ALMG reafirma sua responsabilidade quanto à destinação e à fiscalização de recursos públicos tão importantes para toda a população de Minas Gerais. O Poder Legislativo trabalha para solucionar os problemas do Estado e não vai abrir mão de seu dever constitucional.

LEIA MAIS: Zema tenta barrar emendas de deputados a projeto do acordo da Vale

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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