Por décadas, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) rodou pelo país slogan que acabou virando marca: “A melhor energia do país”. Funcionou bem como peça de marketing para posicionar a estatal mineira entre as grandes energéticas do país.
Depois, veio: “Nossa energia, sua força”.
A chegada, em 2019, do empresário Romeu Zema (Novo) ao Governo de Minas, porém, alterou muito o cotidiano da energética. Interferiu até em estudos técnicos planejados antes. Zema fez campanha eleitoral frontal pela privatização da Cemig e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa MG). Duas estatais de economia mista, ou seja, com ações do capital listadas na Bolsa de Valores B3.
Vender as duas principais companhias do Estado, porém, foi embate perdido desde o 1º dia de mandatário de Zema. No meio do caminhou, ele bem que tentou mudar a estratégia. Alegou necessidade do fazer caixa e cumprir pagamentos no plano de recuperação econômica da União apara os estados: Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
Cemig serviria como caixa para dívida do Estado
Em momento algum, porém, tanto no primeiro quanto neste mandato, conquistou apoio da Assembleia Legislativa para repassar Cemig e Copasa. A venda daquelas estatais precisa de alteração na legislação de criação. Neste mês, por fim, sob pressões políticas mais intensas, chefe do Executivo mineiro desistiu do projeto das privatizações.
O governador mineiro, portanto, só colheu desgaste. Teve até de encarar uma CPI da Assembleia Legislativa para investigar denúncias de irregularidades na gestão da Cemig. Não deu vida à promessa para o eleitorado.
Mas sombreou o slogan da Cemig. Na quarta (28/02), publicidade da empresa veiculada em rádios da Capital incorporam o slogan do Governo Zema: “Governo diferente, Estado eficiente”. Outros governos não imprimiram à estatal slogans do Executivo.
Ocupação de espaços de marketing deixados pelo caminho
Na esteira das trapalhadas de Zema, outras companhias energéticas tiraram proveito dos vazios deixados pela mineira. AES Brasil Energia S.A., por exemplo, criou meta que vai virando slogan informal com mensagem desafiadora. “Ser a melhor escolha do cliente no Mercado Livre”, destaca a Diretoria no Relatório dos resultados financeiro e econômico de 2023.
AES assume outro desafio importante: “se tornar uma plataforma diversificada de geração, diferenciando-se pelo portfólio 100% renovável”. Ou seja, no conjunto, nada muito diferente de foco técnico conhecido da Cemig. Zema, todavia, mexeu e impôs perfil político à energética mineira.
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Eólicas da AES expandir geração em 108%
No Relatório de 2023, a AES informa ter “ativos renováveis com 5,2 GW de capacidade instalada 100% renovável”. O desempenho operacional da companhia com a geração hídrica apresentou crescimento de 45% sobre 2022, com 12.197 GWh.
Com as usinas eólicas, graças à média elevada na velocidade dos ventos, a geração bruta da AES expandiu 108%, para 4.903 GWh. As plantas fotovoltaicas (solares) registraram queda de 6%, para 561 GWh.
Receitas líquidas com expansão de 21%
O desempenho financeiro consolidados da AES mostrou crescimento de 21% nas receitas líquidas, com R$ 3,431 bilhões. Antes dos tributos, teve resultado financeiro de R$ 1,031 bilhão, 52% superior. O lucro líquido, após os tributos, de R$ 333,2 milhões, foi 4% superior a 2022.
No final de 2023, AES exibia patrimônio líquido de R$ 5,579 bilhões, capital social realizado de R$ 2,196 bilhões e reservas de R$1,258 bilhão. O endividamento bruto (não deduz caixa nem previsão de receitas do exercício de 2024) da companhia fechou 2023 em R$ 11,673 bilhões subiu, portanto, 6%.
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