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Dia do Trabalho, empregos e impostos

  • por | publicado: 01/05/2024 - 14:31 | atualizado: 08/05/2024 - 17:37

Imagem ilustrativa do 01 de maio de 2014 - Crédito: Portal EBC/Reprodução TV

Independente dos fatos, na última quadra do Século XX, que deram origem (ver adiante) ao Dia do Trabalho, a evolução nas relações capital-trabalho pecou ao manter a data como exclusiva dos trabalhadores. Os patrões também trabalham e, às vezes, por expedientes até mais longos.

Entre empresários bem-sucedidos, todavia, há aqueles que, antes de se tornarem geradores de empregos, foram operários em fábricas e/ou trabalhadores rurais. A enciclopédia empresarial é farta, por exemplo, em casos de empresários (homens e mulheres) permanecerem à frente de indústrias, comércio e serviços por quase toda a vida. Alguns casos, acima dos 90 anos de idade.

Governos populistas brasileiros manipularam com a data

O empresariado brasileiro não soube (ou não quis) se aliar aos trabalhadores nessa data à medida em que evoluíram a relações capital-trabalho. Mas, é verdade, que foram também desencorajados por governos populistas.

A ditadura de Getúlio Vargas (1930-1945) figura como maior exemplo. Aquele período, além da criação de conquistas sociais e econômicas relevantes, se sustentou em manobras da classe trabalhadora, principalmente no 1º de maio .

Manobrar com a massa popular foi, entretanto, revigorada pela ditadura militar (1964-1981), que se serviu do futebol, principalmente da Copa de 1970. E, duas décadas depois, retornou turbinada nos Governos Lula (PT – 2003-2010).

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Vargas criou (1942), por exemplo as principais entidades no Sistema S, o Senai/Sesi (CNI) e Senac/Sesc (CNC). Ao mesmo tempo, atendeu aos trabalhadores e acomodou os empresários no cantinho de obediência. Mas, ao que parece, os empresários gostaram, se beneficiaram. Além disso, se lambuzaram em escândalos: desvios de dinheiro e uso indevido da máquina. E pouco mudou.

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Serta fazia pagode na fábrica

Aliança capital-trabalho, fora do expediente, é rara no Brasil. Em Minas Gerais, na cidade de Santa Luzia, a Serta Transformadores, fundada em 1971, tirou partido no próprio chão da fábrica.

O dono, empresário Carlos Alberto Parrillo Calixto, iniciou fazendo consertos em radinho a pilha (ouvi isso dele). Foi em uma lojinha, na capital mineira. Expandiu a empresa em Santa Luzia, na fase de reparos de transformadores da rede elétrica. E passou à fabricação de equipamentos e comércio, incluindo exportação e importação.

A Serta mantinha relações estreitas entre os donos e empregados. No começo dos anos da década de 1980, presenciei parte disso. A convite do então o presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Luiz Anibal de Lima Fernandes (também ex-presidente das ainda estatais Acesita e Siderbrás), fui lá. Era final de expediente de uma sexta-feira. Encontramos, literalmente, maior pagode. Calixto cantava, tocava pandeiro e servia aos empregados. Atrás do balcão, a esposa enchia os pratos. Tinha hora para começar e para encerrar.

O empresário, muito popular e admirado no município, ingressou na política. Conquistou a Prefeitura por três vezes. Morreu no exercício do terceiro mandato, em 2016.

Dono do Armarinho visitava empregados

O Armarinho Santo Antônio, em Ubá, figurou entre os maiores atacados no Sudeste. O fundador (1977), José Antônio Mendes, tinha costume de visitar os empregados nas datas dos aniversários (ouvi dos filhos). Ele começou como mascate (1957). A empresa, entretanto, faliu (1994), quando os filhos assumiriam e aplicaram parte dos recursos em tentativas pela política.

Fundadores da Localiza seguem ligados

No setor dos serviços, existe até hoje o Grupo Localiza, de Belo Horizonte. Maior locadora de veículos da América do Sul e com ações do capital listadas na Bolsa de Valores B3. Fundada (1973) por Salim Mattar e o irmão Eugênio. Salim segue em relações estreitas na gestão do conglomerado. Os fundadores também dirigiram os Fuscas da frota inicial da empresa.

Governo não gera empregos da iniciativa privada

Outro equívoco é deixar o Governo pregar que seja o gerador dos empregos (fora do serviço público e empresas públicas). Não é verdade. As oportunidades nas empresas e encolhimentos delas são decisões dos empresários.

Ao Governo, isto sim, cabe a criação ade políticas para um ambiente e sustentação de meios de estímulos aos investimentos. É nesse clima que se abrem e/ou se fecham ciclos primários da economia: da geração de empregos, salários, consumo, comércio e produção.

Empresário é coletor de impostos; consumidor paga

Na ponta daquele ciclo, aparece o Governo. O cobrador de impostos.

Mas é uma enorme balela das entidades do patronato (indústrias, comércio, agricultura, pecuária, serviços em geral) a afirmação de que empresários pagam impostos.

O papel do empresário é de mero arrecadador e transferidor do dinheiro dos impostos à Receita Federal. Quando o Governo age voraz, elevando alíquotas, o empresário reage, remarcando preços. No popular, repassa nova carga tributária aos consumidores.

O repasse é uma cena comum entre as gôndolas das redes de supermercados e farmácias. Também nas placas dos preços nos postos de varejo de combustíveis. Esses setores são os que mais pesam nos salários.

Empresário, portanto, é um coletor de luxo para o Governo.

Origem do Dia do Trabalho

A comemoração teve origem nos Estados Unidos, a partir de uma greve em 1º de maio de 1886. Na França, foi instituído em 1889. E, no Brasil, porém, foi oficializado em 1925.

Então, boa trade em Dia do Trabalho, para quem emprega e empregados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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