A vitória expressiva do prefeito Alexandre Kalil (PSD) no primeiro turno da eleição em Belo Horizonte, com 63,36% dos votos válidos, representa o início de sua caminhada em busca de um objetivo político mais ousado: conquistar o governo de Minas em 2022. E a primeira iniciativa nesse sentido ele tomou logo após a confirmação da vitória.
Ao falar pela primeira vez como prefeito reeleito, acenou com a bandeira da paz para seus principais opositores hoje no Estado: o grande empresariado abrigado na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
“Eu recebo o resultado com muita alegria, com muita satisfação e completamente desarmado. Eu acho que eu e o Fuad (Noman, vice-prefeito eleito) temos a obrigação agora de trazer todo o comércio, trazer todos, a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), a Fiemg; nós queremos unir essa cidade de Belo Horizonte. Agora nós precisamos de ajudá-los, principalmente os pequenos, e vamos fazer isso”, afirmou Kalil.
Sob a liderança da Fiemg, um grupo de empresários decidiu investir em vários candidatos à prefeitura de Belo Horizonte para tentar, ao menos, forçar um segundo turno na capital. Uma vitória em turno único aumentaria ainda mais o capital político do atua prefeito. Apesar de terem gastado uma fortuna (fala-se em algo próximo de R$ 20 milhões), não funcionou. Kalil teve uma vitória que ele definiu como “estupenda”.
Adversários
A vitória expressiva do prefeito Kalil, que está de olho no Palácio Tiradentes, obrigará seus potenciais adversários em 2022 a repensar suas estratégias, uma vez que, fatalmente, o debate sobre a eleição para o governo será antecipado.
Nesse tabuleiro, tem situação um pouco mais confortável o atual governador Romeu Zema que, tudo indica, será candidato à reeleição. É dele a caneta que nomeia, demite, que autoriza obras. É ele que controla a poderosa máquina do Estado que, apesar de quebrada, não pode ser desconsiderada. Parêntese: o controle da máquina não foi suficiente para assegurar o sucesso da candidatura do ex-governador Fernando Pimentel (PT) em 2018, que sequer passou para o segundo turno.
O senador Rodrigo Pacheco (DEM), que também sonha com o governo de Minas, sai abalado da disputa em Belo Horizonte. Foi ele o grande articulador da candidatura do deputado João Vitor Xavier (Cidadania) e ajudou a costurar uma ampla coligação de partidos que garantiu ao candidato o maior tempo na propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV. O candidato, entretanto, fracassou. Ficou em terceiro lugar na disputa, atrás do nanico Bruno Engler (PRTB).
E as esquerdas? Essas terão, ao longo dos próximos meses, que tentar construir um candidato. O PT saiu bastante chamuscado da disputa na capital mineira. O candidato do partido, Nilmário Miranda, mesmo com o esforço feito pelo ex-presidente Lula, só conseguiu minguados 23.331 votos (1,88% dos votos válidos).
O candidato do PCdoB, Wadson Ribeiro, teve pouco mais de 2 mil votos. Desempenho um pouco melhor teve a deputada federal Áurea Carolina (PSOL), com 103 mil votos, mas bem aquém do que se esperava. Fica também evidente que se os partidos de esquerda forem divididos para a disputa de 2022, como aconteceu em BH, o desempenho, muito provavelmente, será parecido.
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