AMM tenta promover 1º encontro entre Lula e Zema pela governabilidade AMM tenta promover 1º encontro entre Lula e Zema pela governabilidade

AMM tenta promover 1º encontro entre Lula e Zema pela governabilidade

Zema homenageia Michel Temer como sua referência de presidente, foto Cristiano Machado/ImprensaMG

Além do número recorde de inscritos e de debater temas da atual agenda, a Associação Mineira dos Municípios (AMM) quer produzir um feito político em seu 38º congresso no mês de maio. A façanha será promover o primeiro encontro entre o presidente Lula (PT) e o governador mineiro Romeu Zema (Novo), o que é visto como necessário à governabilidade do Estado e prefeituras.

O evento da AMM é um dos maiores do país no campo municipalista, no qual irão debater temas, entre outros, como a reforma tributária, que afeta a todos, em especial os municípios. Até o momento, há mais de seis mil inscritos.

Se o presidente da entidade, Marcos Vinicius (prefeito de Coronel Fabriciano), for bem-sucedido, será a oportunidade até de aproximação entre os dois mandatários. Cinco meses depois do início do segundo mandato de Zema e do novo governo federal, isso ainda não aconteceu.

Dificuldades com opostos

O governador mineiro tem muitas dificuldades de diálogo e interlocução política com opositores. No mandato passado, passou quatro anos sem um encontro sequer, por exemplo, com o prefeito de Belo Horizonte, a capital do Estado, Alexandre Kalil. Pode-se dizer que, de ambos os lados, havia má vontade e indisposição.

Em outra situação, depois de trombadas, o governador e o então presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (hoje, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado), nunca mais se falaram. Nos dois casos, os prejuízos são imagináveis para o Estado e para a maior cidade de Minas. Já no caso do governo federal, não existem razões factuais, além da indisposição ideológica ou marqueteira de Zema de ser oposição ao governo federal.

Sucessão de torpedos

Desde o início da atual gestão, Zema sempre tem soltado farpas e ataques ao governo petista. Partiu dele o primeiro torpedo contra Lula, no dia 16 de janeiro, quando lançou suspeitas sobre negligência do governo dele nos atos golpistas explicitamente bolsonaristas.

Na semana passada, perdeu, ou dispensou, oportunidade de aproximação por meio da Medalha da Inconfidência, o 21 de abril. O governo mineiro não homenageou nenhum ministro do governo federal, o que seria de praxe e de protocolo entre instituições.

Recado endereçado

Em vez disso, homenageou, com pompas e circunstâncias, dois desafetos de Lula e do PT: o ex-presidente Michel Temer, que ajudou a derrubar do poder a presidente Dilma Rousseff (PT). E o ex-juiz federal Sérgio Moro, atual senador, que mandou prender Lula, o atual presidente, por 12 anos. O petista ficou preso por mais de 500 dias, tempo suficiente para tirá-lo da disputa presidencial de 2018, mas, como se viu, não conseguiu destruí-lo.

A decisão, mais política do que judicial, foi contestada e revista pela mais alta corte judiciária do país: o Supremo Tribunal Federal. Os ministros a consideraram imparcial e incompetente.

Aliados de Zema podem dizer que a festa é dele e que convida e homenageia quem ele quiser, mas isso seria um grave erro. Não se trata os assuntos de Estado com os de pessoa física ou com o fígado. A questão envolve instituições.

Ultraliberal

Na última quarta (26), Zema voltou ao ataque contra o governo Lula. Durante encontro com empresários mineiros, avaliou que o país mudou e que não aceitaria mais atrocidades dos governos petistas de 20 anos atrás. Do lado do governo federal, não se ouviu nenhum ataque ou revide. Para sua governabilidade, o governador mineiro depende de Lula para homologar suas privatizações, como a do Metrô de BH, e a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal para renegociar a dívida do Estado junto à União.

Ainda no encontro empresarial, Zema adiantou que irá enviar projetos à Assembleia Legislativa para que o governo estadual não tenha mais empresas estatais. Outro erro comum de governantes, que acham que podem adotar mudanças que, de seu ponto de vista, seriam melhores para Minas, ainda que não sejam consenso entre os mineiros.

Tudo somado, esse será o tamanho do desafio do presidente da AMM para tentar aproximar os dois mandatários no Congresso Mineiro de Municípios.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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