O presidente Jair Bolsonaro tem agenda marcada para amanhã (30/04) na 87ª ExpoZebu – Exposição Internacional de Raças Zebuínas, em Uberaba (MG). Cumprirá, portanto, uma tradição que vem da era Getúlio Vargas, mas interrompida pelo último ditador militar, general João Figueiredo, em 1981 (ver adiante).
Os pecuaristas filiados à Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), a exemplo dos agricultores presentes à Agrishow, nesta semana, comungam propósitos de Bolsonaro. Apoiam as marchas, blindados pressionando Congresso e Judiciário, desmatamentos em todos os biomas, principalmente no Cerrado, Pantanal e Amazônia. E querem, claro, mais invasões às reservas indígenas e armas, tanto das porteiras para dentro quanto em suas cinturas nas ruas, aeroportos etc. No conjunto da obra, até aqui, mais ferrenhamente bolsonaristas.
Clima azedou com general Figueiredo; atentado Riocentro
Houve, entretanto um hiato na postura ultraconversadora histórica dos pecuaristas. Foi na presidência da ABCZ sob gestão de Manoel Carlos Barbosa (1978-1982). Discursando ao lado do ditador, general João Figueiredo, em 07 de maio de 1981, cobrou “posturas democráticas” do Governo. Ainda era a semana atentado a bomba do Riocentro, na noite de 30 abril, praticado por um capitão e um sargento do Exército. País, vivia, portanto, ambiente dominado por militares ultrarradicais.
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Manoel Barbosa, entretanto, irritou muito mais ao reclamar que a ainda não havia “chegado ao campo” as promessas do seu Governo. “Plante, que o João garante”, propunha um slogan oficial. “A prioridade ao setor — dizia o presidente da ABCZ—foi prometida por Vossa Excelência com tanta sinceridade, porém impossibilitada de ser posta em prática”, cobrou o pecuarista”. (Jornal do Brasil – 08/05/1981 – página 8).
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E vai cavalgar quase na boca de urna, na Expointer
O general, após a cerimonia, cancelou agendas em Uberaba. Mas, teve de ir para o pior: o olho do furacão da crise institucional do momento, o Rio de Janeiro. O general só retornou na ExpoZebu de 1984, ou seja, dez meses antes de sair. Manoel Carlos, em 1983, por sua vez, virou Secretário de Estado da Agricultura de Minas, no Governo Tancredo Neves (PMDB). Ou seja, sentou praça de governo de oposição aos militares.
Portanto, o enredo que Bolsonaro levará ao seu público, em Uberaba, terá cara, cor, cheiro e alma de Ribeirão Preto (SP), na Agrishow. Depois, em setembro, será a vez de Esteio (RS), a Expointer.
Então, o chefe do Planalto fechará a maratona pelo agribusiness de ataques às instituições quase às vésperas das eleições, em outubro. Não esperem novidades, portanto. O provável balaio de pedras de amanhã será o de sempre: das ofensas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e pregações do desrespeitos à Constituição.
Empresários do agribusiness bajulam
Sempre chegando a cavalo, que, aliás, nada tem a ver com isso! Portanto, uma imitação do feito na Agrishow.
“Já está acertado com o presidente da ABCZ [Rivaldo Machado Borges Júnior] que o cavalo dele [Bolsonaro] vai ficar na entrada do Parque Fernando Costa”, contou o presidente da Câmara Municipal de Uberaba (CMU), Ismar Marão, que esteve no Palácio do Planalto, em Brasília, na última segunda-feira (18/4), quando aconteceu a solenidade do convite oficial ao presidente para participar da abertura da ExpoZebu 2022, feito diretamente pelo presidente da ABCZ. (Trecho de publicação do jornal ESTADO DE MINAS – 20/04).
A 87ª ExpoZebu tem programação prevista para até 08/05.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.