Assembleia devolve problema do funcionalismo para Romeu Zema Assembleia devolve problema do funcionalismo para Romeu Zema

Assembleia devolve problema do reajuste do servidor para Zema

Deputados discutem reajuste para os servidores, foto Clarrisa Barçante/ALMG

Ao aprovar a reposição de 41,7% para os servidores da segurança, a Assembleia Legislativa expôs um erro do governador Romeu Zema (Novo). Falta grave, apontada pela maioria do Legislativo mineiro, pelo fato de conceder a recomposição somente para uma categoria. Por essa razão, e até de maneira inconstitucional (já que não poderiam criar despesas), os deputados buscarão corrigir a falta de isonomia do governo.

Para isso, a Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia aprovou, nessa terça (18), emenda que estende o benefício para as outras 13 categorias de servidores. A medida prevê reajuste 28,2% para os outros servidores e de 31,46% para os professores. A maioria dos deputados deverá confirmar essa decisão em plenário nesta quarta (19). A partir dessa sabida falha técnica (inconstitucional), os deputados irão se livrar do desgaste político de negar, devolvendo a responsabilidade para o governador.

Zema, por sua vez, deverá usar do poder executivo e vetar a emenda. De volta ao Legislativo, o veto poderá cair. Após essa dança de vetos, o governador poderá ainda recorrer ao Judiciário mineiro por uma liminar que barre a obrigação de bancar o reajuste.

Dois dos três do Novo votam contra

Tudo somado, o desgaste político terá que ser assumido por Zema. Sem dinheiro, e gerente de déficit de R$ 13 bilhões, o governador perdeu esse argumento ao conceder a reposição de 41,7% aos servidores da segurança em três parcelas anuais. Tal foi a contradição que dois dos três deputados do Novo, partido do governador, ficaram e votaram contra o projeto. E o fizeram com críticas a Zema. Guilherme da Cunha viu fraqueza do governador ao curvar-se às pressões e até ameaças de policiais.

Em setembro do ano passado, o governador teria recorrido ao presidente Bolsonaro para ter o auxílio da Força Nacional em caso de greve de policiais. Bolsonaro teria recusado; daí a opção de Zema pelo reajuste. O governo mineiro não confirma essa versão, mas também não a contesta.

Havia ameaça de os policiais cruzarem os braços no Carnaval, deixando o Estado sem segurança pública. Bartô apelou para a crise fiscal. Argumentou que, se o governo não fez o dever de casa, a Assembleia deveria fazê-lo, impedindo o gasto que ampliará o déficit.

Déficit aumentado em R$ 5 bilhões

De acordo com informações do Executivo, o impacto com o reajuste da segurança será de R$ 1,1bilhão só neste ano. Outros R$ 2,85 bilhões em 2021 e R$ 5,06 bilhões para, totalizando mais de R$ 9 bilhões. O deputado Bartô classificou a medida de “irresponsabilidade fiscal” e que Zema está ampliando o déficit do estado em mais R$ 5 bilhões.

O deputado Sávio Souza Cruz (MDB), que falou em nome do Bloco Minas Tem História, deixou clara sua preocupação. “Será que o governador encontrou uma nova fonte de renda para fazer frente a esse reajuste e a todas as outras demandas que virão daqui pra frente?”, questionou. Para ele, o fato de haver deputados da base do governo, como os do Novo, votando contra o projeto é “altamente preocupante”.

O líder do Bloco Sou Minas Gerais, Gustavo Valadares (PSDB), disse que a emenda que estende o reajuste é claramente inconstitucional. Segundo disse, apenas o Executivo poderia apresentar propostas que criam despesas para o Estado. “O governador não tem compromisso com a sanção de emendas inconstitucionais”, advertiu o deputado.

“Emenda demagógica e inconstitucional”

Como Valadares, também criticaram os deputados Coronel Sandro (PSL), Sargento Rodrigues (PTB) e Bruno Engler (PSL). Chamaram a emenda de, além de inconstitucional, de demagógica. Alegaram ainda que a medida que estendia o reajuste a todos não tinha impacto financeiro nem origem orçamentária.

O deputado Virgílio Guimarães (PT) afirmou que a ausência do impacto financeiro não torna ilegal a proposta de emenda da oposição. Até porque, segundo ele, o próprio projeto original não aponta de onde virão os recursos necessários para custear o reajuste da área de segurança.

Autora da emenda que estendeu o reajuste, a deputada Beatriz Cerqueira (PT) afirmou que a proposta é uma opção por atender a todos. “Não vamos tomar para nós o desgaste da exclusão. Se isso for feito, vamos deixar que isso seja feito pelo governador”, afirmou.

Por mais que sofra pressões corporativas, econômicas e políticas, a Assembleia Legislativa safou-se, pelo voto da maioria, de nova queda-de-braço. Como das outras, a dessa vez foi imposta pelo Executivo, comandado por Romeu Zema, que, novamente, põe em xeque a condição e a autoclassificação de “Novo”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Rooster_2020

Muito bem feito pela Assembleia. Governo contraditorio que não tem dinheiro pra pagar o 13º da maioria mas tem pra dar aumento pra segurança. De uma hora pra outra o Estado virou só segurança. Manda a segurança dar aula, atender no João 23, resolver os problemas de divisas municipais, o Estado é muito mais que só uma classe e cada uma tem o seu valor naquilo que faz, do administrativo ao tecnico e pesquisadores o estado é um todo, ou dar a todos o devido valor ou pede pra sair e fala que não tem como governar.

Dourado Brasilis

Só é “demagógica e inconstitucional” quando o aumento é pra os outros!? Ah, tá… Quer dizer que quando se banca 9 bilhões pra os escolhidos que é justo!? Vá dormir… LRF deveria ser pra todos e não pra os excluídos do puxa-saquismo… Enquanto isso a Saúde que se dane.

WELLINGTON

É simples, abaixa a porcentagem para atingir todas as categorias. Cobrir a inflação é mais que justo para todos

Gerson Silva

Nunca vi um governador tão fraco e irresponsável como esse enfiZEMA.
Vai pagar com que grana senhor governador? Vai continuar o assalto contra os pagadores de impostos desse estado?
O estado QUEBRADO e o senhor cedendo as ameaças do funcionalismo mineiro? Frouxo e irresponsável. Já não paga em dia e, ainda, vai dar aumento para os funcionários. Isso o senhor não faz em suas empresas, né?
Que o enfiZEMA aprove os aumentos mesmo e que não tenha condições de cumprir o acordado ou que o estado quebre e decrete sua falência de vez.
Minas está entregue as traças, em todos os setores do estado, sem dúvida nenhuma.
Valeu povo mineiro por eleger esse traste e os corporativistas de plantão.
E EMPRESÁRIO, NÃO INVISTA EM MINAS PORQUE AQUI É FRIA……..